Alta Roda nº 908/258 – 29 /09 /2016
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Fernando Calmon |
Em
plena de crise de vendas pode parecer que a grande onda de lançamentos em 2016
se deve à atuação imediata dos fabricantes em busca de clientes arredios. Na
realidade, as novidades foram decididas há quatro ou cinco anos, nos tempos de
bonança, e em razão de metas de eficiência energética. Só neste mês de
setembro, chegaram Uno e seus novos motores,
reformulações de meia geração no Fusion, motor 1-litro
turboflex para o Golf, além do Jeep Compass produzido no Brasil (a ser analisado na
Coluna da próxima semana).
A Ford sempre posicionou bem o seu médio-grande Fusion por trazê-lo do México
isento dos 35% de imposto de importação, que deixa os rivais diretos sem fôlego
para competir. Não é à toa que até o fim do ano se aproximará das 100.000
unidades vendidas desde 2005. Hoje o ritmo caiu para 5.000 unidades/ano, mas o
carro recebeu uma série de aperfeiçoamentos.
O visual do modelo 2017 inclui mudanças em faróis, grades e lanternas, além de
discreto aerofólio sobre a tampa do porta-malas. A potência do motor turbo a
gasolina 2-L passou de 240 cv para 248 cv e ganhou 7% de economia de
combustível, mesmo porcentual do motor flex aspirado de 2,5 L que manteve os
175 cv. Alavanca do câmbio automático deu lugar a um prático botão giratório.
Na versão de topo Titanium de tração 4x4 estão concentradas tecnologias como o
controle de cruzeiro adaptativo incluindo a função para-e-anda e o detector de
pedestre com frenagem autônoma. Segurança passiva inclui oito bolsas de ar
(duas para joelhos, do motorista e passageiro) e cintos de segurança infláveis
para dois passageiros do banco traseiro. Ajustes elétricos estão nos dois
bancos dianteiros.
Dinamicamente é um carro bom de dirigir e tem suspensões voltadas mais ao
conforto. Altura de rodagem foi aumentada em 1,2 cm, o que diminuiu (não
eliminou) problema anterior de raspar em quebra-molas e rampas, em especial
quando roda carregado.
Preços acompanharam a variação do dólar e os novos equipamentos. Vão de R$
121.500 a R$ 154.500. A Ford manteve a transparência ao adicionar um ano de
garantia a cada revisão, no quarto e no quinto anos, por opção do comprador.
Decisão audaciosa foi da VW ao oferecer o primeiro médio-compacto, Golf TSI,
com motor de 1-litro e 3 cilindros. Porém, não é qualquer motor. Trata-se do
melhor turboflex do mercado na relação desempenho-consumo. São 125 cv a etanol
(116 cv a gasolina ou 1 cv a mais que o oferecido na Europa) e torque de 20,4
kgfm, no caso equivalente a uma unidade moderna 2-L de aspiração natural.
Seu desempenho se assemelha a de um automóvel com o dobro da cilindrada, em
qualquer condição de uso, porém limitando o consumo a 11,9 km/l na cidade e
14,3 km/l na estrada (gasolina); 8,4 km/l e 10,1 km/l (etanol). Contribui para
esses resultados o novo câmbio manual de seis marchas. O automático virá em
2017. Preços partem de R$ 74.990 e alcançam R$ 95.661 (para menos de 5% dos
compradores).
Golf terá apenas motores com turbocompressor. A fábrica também mudou o plano de
manutenção, agora a cada ano ou 10.000 km. Antes se exigia troca de óleo
semestral e a alteração será válida para toda a linha VW. Já não era sem tempo.
RODA VIVA
SERGIO MARCHIONNE, presidente mundial da FCA, reafirma que
novas tecnologias – da condução autônoma à eletrificação – são muito caras e
ainda geram incertezas, inclusive de plena aceitação pelos clientes. “Em carros
esporte, então, nem pensar”, disse. Ele veio ao Brasil para lançamento mundial
do SUV médio-compacto Compass, que será fabricado também no México, Índia e
China.
FIAT montou uma estratégia para colocar o novo motor
de 3 cilindros no Mobi, o que ajudará a impulsionar suas vendas. Criará nova
versão (possivelmente batizada de Drive) prevista para estrear logo no início
de 2017 ou até antes. Aos poucos, descontinuará o atual motor de quatro cilindros
que, além de antigo, não brilha em termos de consumo.
ESTILO tem alguns exageros, mas o híbrido Toyota Prius
traz experiência marcante. Quem usa o acelerador com moderação consegue tirar o
carro da imobilidade e, em teoria, rodar até quatro km no modo puramente
elétrico. Resultado de consumo de combustível no uso urbano é excepcional; na
estrada, nem tanto. Atmosfera da cabine, um ponto alto.
MITSUBISHI renova a picape média de cabine dupla L 200
Triton, sem retirar de linha a geração anterior. Estilo mudou pouco e uma das
novidades é a altura da caçamba, o que aumentou o volume para carga. Grande
evolução mesmo foi do motor a diesel, que diminuiu cilindrada para cortar
consumo e ainda assim ganhou potência (190 cv) e torque (43,9 kgfm).
DEZOITO entidades de vários setores tentam convencer
candidatos à prefeitura da maior cidade do País – e, portanto, exemplo para
outros municípios – sobre a importância da inspeção veicular de segurança e
ambiental. Estudos apontam que de 10% a 20% das mortes no trânsito ocorrem por
falta de manutenção regular, sem contar a melhora na qualidade do ar.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter: www.twitter.com/fernandocalmon
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