Wagner Gonzalez |
INCERTEZAS PARALISAM MERCADO DA F-1
Mercedes, Red Bull e Ferrari, as três principais equipes
da F-1, já definiram sua composição para a temporada de 2017, que permanecem
inalteradas, mas nem por isso o mercado de pilotos está desaquecido.
Muito pelo
contrário: as incertezas que rondam a formação da equipe Williams e o destino
do mexicano Sérgio Pérez parecem ter colocado todas as negociações de contratos
em banho-maria, situação que afeta os interesses de toda categoria. Novidades
só deverão ser anunciadas assim que um piloto e uma equipe anunciarem a
primeira decisão.
A única decisão das equipes de segundo escalão é a
McLaren, onde o espanhol Fernando Alonso terá como companheiro o belga Stoffel
Vandoorne, que substitui o inglês Jenson Button. Essa não é a única novidade
relativa à equipe: a Honda, que até 2017 depende da aprovação da McLaren para
fornecer motores a uma segunda equipe, já está ampliando as instalações de sua
base em Milton Keynes, na Inglaterra.
Yusuke Hasegawa, líder dessa operação,
confirmou que há interesse de algumas equipes em usar o motor japonês; dito
isso, ampliar seu quadro técnico a partir de agora é uma clara indicação que a
exclusividade de Ron Dennis não chegará a 2018.
Um piloto experiente e carismático como Button seria uma
boa escolha para equipes em desenvolvimento como a Renault ou a Haas e até
mesmo a Williams, onde ele iniciou sua carreira na F-1. Longe de ajudar os
rivais, a decisão da McLaren ajudou a tumultuar o ambiente: o campeão mundial
de 2009 continuará ligado à equipe na condição de piloto-reserva e
“embaixador”. Se atrasa decisões por um lado, por outro acaba abrindo vaga para
novos pilotos, que este ano aparecem em boa quantidade.
Na Williams, por exemplo, os nomes mais prováveis para o
ano que vem é uma mistura que tem o experiente Valteri Bottas e o canadense
Lance Stroll, que lidera o Campeonato Europeu de F-3. Faltando duas rodadas
para terminar a temporada (Imola, neste fim de semana, e Hockenheim, em 15
dias), Stroll lidera com 68 pontos de vantagem sobre Maximilian Günther. Caso
ele confirme o título sua promoção a titular na casa de Grove será automática:
a conquista facilitaria a obtenção da superlicença necessária para correr na
F-1, apesar de sua idade: no dia 29 de outubro ele completará 18 anos… Fala-se
que o jovem canadense já estaria testando um FW-36, de 2014, em alguns
circuitos europeus. A equipe só confirma que ele tem usado o simulador dela…
Como nem Bottas, nem Stroll estão confirmados, os rumores
de que Sérgio Pérez está negociando com Frank Williams ganham consistência, até
porque sua contratação traria bons patrocínios mexicanos à Williams. O
brasileiro Felipe Nasr e o inglês Alex Lynn são nomes que correm por fora nessa
disputa. Nos paddocks da F-1 é tido como legítimo que o mexicano está
contratado pela equipe Sahara Force India para 2017 desde que algumas
exigências de seus patrocinadores sejam atendidas. Daí seu valor de mercado ser
tão alto. Se Pérez realmente assinar, quem ficará em situação delicada é
Valteri Bottas.
Apesar da possibilidade de perder Pérez, a Sahara Force
India estaria relativamente tranquila quanto a preencher essa vaga: para o
lugar do mexicano despontam os nomes de Pascal Wehrlein e Esteban Ocón. Ambos
são ligados à Mercedes, fornecedora de motores da equipe, embora o francês
tenha um acordo firmado com a Renault. Nico Hulkenberg está seguro no time, que
tem chances reais de terminar a temporada em quarto lugar entre os construtores,
à frente da Williams.
Equipe júnior da Red Bull, a Toro Rosso reagiu à
investidas da Renault para contratar Carlos Sainz e, por tabela, agradar a um
dos raros segmentos do mercado europeu que apresenta crescimento, a Espanha. A
mudança de CEP de Sainz seria parte do acordo referente ao uso dos motores
franceses na Toro Rosso, mas Franz Tost parece não ter gostado muito da ideia:
no quesito pilotos, seu foco está entre manter o russo Daniil Kvyat ou promover
o francês Pierre Gasly, atual líder da temporada de GP2.
Após um início dos mais auspiciosos, a equipe -americana
Haas não conseguiu acompanhar o ritmo de desenvolvimento dos seus rivais e na
corrida de Cingapura Romain Grosjean sequer conseguiu largar. Pior, o
franco-suíço reclamou abertamente do baixo rendimento do seu carro, atitude
cada vez mais rara na cada vez mais politicamente correta F-1.
Não bastasse o
piloto responsável pelos 28 pontos conquistados pelo time até agora, o mexicano
Estebán Gutiérrez ainda deve justificar sua presença na equipe. Se não melhorar
seus resultados é mais do que provável que o monegasco Charles Leclerc —
integrante da Academia Ferrari e líder da temporada de GP3 — assuma seu lugar.
Alexander Rossi também é mencionado como uma possibilidade
A Renault ocupou boa parte das notícias de F-1 do ano
passado graças à maneira como negociou seu retorno à categoria e negociou o
controle da equipe Lotus. Esse procedimento deixou marcas visíveis que ainda
hoje são vistas como obstáculos para a equipe voltar à posição de protagonista
que já ocupou várias vezes no passado. Se conseguiu sucesso no desenvolvimento
do motor que este ano equipa seus carros e os da Red Bull, no quesito equipe a
situação ainda patina. Há dificuldade na contratação de engenheiros e técnicos
e há menção a um racha no seu comando.
No lado de pilotos a situação é levemente mais clara:
Kevin Magnussen deixou claro que assinaria a primeira proposta que lhe
garantisse um lugar na F-1 2017, mas baixou o tom de suas queixas. Jolyon
Palmer, por seu lado, parece levar jeito para seguir o exemplo do pai,
Jonathan, que em 83 GPs disputados conseguiu como melhor resultado um quarto
lugar (Austrália, 1987), e à exceção de sua estreia na Williams, defendeu
apenas a Zakspeed e a Tyrrell. Embora Esteban Ocón tenha contrato com a equipe,
sua efetivação é algo que vai exigir boas conversas entre a Renault e a
Mercedes.
Com um ponto no campeonato, cortesia do décimo lugar de
Pascal Wehrlein no GP da Áustria, a Manor não esconde que pretende ampliar sua
estrutura para o ano que vem. Atualmente dispõe de um orçamento mínimo,
comparável com o da Sauber; o fato de ter o piloto alemão e o francês Esteban
Ocón em seus carros certamente colabora de maneira significativa para pagar o
leasing dos motores Mercedes que equipam o chassi MRT 05.
O indonésio Ryo Harianto, que disputou a primeira metade
desta temporada pela equipe, poderia voltar se houver vaga e ele conseguir
patrocínio suficiente. Alexander Rossi, vencedor ds 500 Milhas de Indianápolis
deste ano, é outra possibilidade. O fato de ser o atual piloto-reserva da
esquadra liderada por Dave Ryan pode ajudar na sua efetivação em 2017.
Na Sauber a situação está indefinida e nada indica que
isso mudará em breve. A chegada de investidores profissionais certamente
implicará em alguma forma de reestruturar a equipe suíça. Este quadro dá algum
tempo para que o brasileiro Felipe Nasr negocie sua continuidade na equipe.
Supostas ligações do sueco Markus Ericsson com os novos proprietários deverão
contribuir para que ele continue na escuderia fundada por Peter Sauber e que
tem base em Hinwill, próximo a Zurique.
A temporada de F1 prossegue domingo com a disputa do GP
da Malásia.
Fraga aumenta vantagem na Stock Car
Duas semanas após vencer a Corrida do Milhão e assumir a
liderança do Campeonato Brasileiro de Stock Car, Felipe Fraga voltou a subir ao
degrau mais alto do pódio ao se impor com autoridade na primeira prova da
rodada dupla disputada em Londrina no último domingo. O piloto de Tocantins
soube explorar o artifício do push to pass e fez uma ultrapassagem memorável ao
superar Cacá Bueno e Max Wilson no final da reta dos boxes do autódromo
paranaense. As duas provas foram marcadas por inúmeras batidas, nas quais
Daniel Serra foi o maior prejudicado. A temporada prossegue dia 16 no autódromo
de Curitiba.
Faustini desenvolve protótipo Maserati
O santista Ney Faustini, um dos principais pilotos da
época de ouro da Divisão 3, há tempos dedica-se à categoria Força Livre
paulista, onde compete com modelos desenvolvidos a partir de chassis da
categoria Stock Car. Negociações com outro veterano das pistas, Urubatan Helou,
possibilitaram comprar o protótipo Braspress desenhado pelo saudoso João Alfran
(que trabalhou com Enzo Coloni e Giancarlo Minardi na F-1). O chassi recebeu
alterações importantes na oficina da equipe Absoluta: “Trocamos o trem de força
original, motor Chevrolet V-8 e cambio Hewland por um de Maserati”, explicou
Faustini. A ideia é desenvolver o carro nas provas do Campeonato Paulista de
Força Livre e, em função dos resultados, disputar provas da Endurance Brasil em
2017.
WG
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