Alta Roda nº 980/280 – 02 /03 /2017
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Fernando Calmon |
Entre os grandes desafios da indústria automobilística
mundial está a tendência de consolidação. Em outras palavras, fusões,
aquisições, alianças e acordos para tornar o negócio sustentável em longo
prazo. Esta coluna comentou, em mais de uma oportunidade, que o quadro atual de
grandes grupos controlando várias marcas ainda passará por modificações.
Afinal, os investimentos para diminuição de consumo (por consequência de
dióxido de carbono – mais conhecido por CO2, um dos gases de efeito estufa e
mudanças climáticas), controle de emissões de gases regulamentados (monóxido de
carbono, óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos) e maiores exigências de
segurança veicular ativa e passiva vão demandar imensos recursos financeiros.
Sem contar gastos com hibridização e eletrificação.
Mais recentemente, os esforços para a gradativa adoção de veículos com direção
semiautônoma e, em seguida, totalmente autônoma, levaram os grupos
automobilísticos a desenvolver pesquisas avançadas altamente custosas, alguns
por conta própria e outros em associação com gigantes da informática. Como há
muito dinheiro envolvido e altos riscos inerentes ao próprio negócio, o quadro
atual de conglomerados deve voltar a se alterar.
Há cerca de dois anos a consultoria Business Insider (BI) fez um levantamento e
apontou que 14 grupos automobilísticos controlavam 54 marcas de automóveis e
veículos comerciais leves, conforme a ilustração no fim desta coluna. Pelo
critério da BI os grupos Renault e Nissan estão separados, pois formam apenas
uma aliança. Nesse meio tempo a aliança comprou a russa Lada e a Nissan anexou
a japonesa Mitsubishi. Mais cedo ou mais tarde os referidos grupos tendem a se
fundir, apesar de resistência do governo francês, dono de 20% das ações da
Renault.
A Suzuki, que vendeu parte das suas ações para a Volkswagen e as comprou de
volta, é a japonesa mais perto de algum grande conglomerado. A Honda afirma
querer se manter independente. Duas pequenas japonesas, Mazda e Isuzu, terão
dificuldades se não se unirem a um grupo maior.
Semana passada General Motors e PSA (Peugeot, Citroën, DS e a chinesa Dongfeng)
admitiram conversações para venda da alemã Opel e da inglesa Vauxhall (na
verdade carros Opel com logotipo próprio e volante do lado direito). O grupo
americano perde dinheiro na sua subsidiária europeia há 16 anos e acumula
prejuízo de US$ 15 bilhões. Como PSA e Opel já têm parceria para
desenvolvimento de duas famílias de modelos, tudo indica que o negócio será
fechado, embora não alterasse o quadro mundial de consolidação, pois se
trataria de movimento interno.
Especulações, no entanto, rondam os desdobramentos desse fato recente. Pode
acontecer de a GM examinar a possibilidade de compra do grupo FCA (Fiat
Chrysler Automobiles). No ano passado, Sergio Marchionne, principal executivo
da FCA, veio a público sugerir tal negociação, mas os americanos ignoraram. Se
ficar sem nenhuma presença na Europa, talvez tenha chegado o momento de a GM
rever o assunto, como comentado na imprensa especializada dos Estados Unidos.
Livre do peso que a Opel/Vauxhall representa, a superfusão formaria o maior
conglomerado automobilístico do mundo, como foi a própria GM por 75 anos (1931
a 2005 e em 2011).
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PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
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