quinta-feira, 2 de março de 2017

Fernando Calmon - Alta Roda - Um quadro de gigantes

Alta Roda nº 980/28030– 023– 0oda nº852/0311508– 2oda nº851/2017

Fernando Calmon
Entre os grandes desafios da indústria automobilística mundial está a tendência de consolidação. Em outras palavras, fusões, aquisições, alianças e acordos para tornar o negócio sustentável em longo prazo. Esta coluna comentou, em mais de uma oportunidade, que o quadro atual de grandes grupos controlando várias marcas ainda passará por modificações. 


Afinal, os investimentos para diminuição de consumo (por consequência de dióxido de carbono – mais conhecido por CO2, um dos gases de efeito estufa e mudanças climáticas), controle de emissões de gases regulamentados (monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos) e maiores exigências de segurança veicular ativa e passiva vão demandar imensos recursos financeiros. Sem contar gastos com hibridização e eletrificação. 

Mais recentemente, os esforços para a gradativa adoção de veículos com direção semiautônoma e, em seguida, totalmente autônoma, levaram os grupos automobilísticos a desenvolver pesquisas avançadas altamente custosas, alguns por conta própria e outros em associação com gigantes da informática. Como há muito dinheiro envolvido e altos riscos inerentes ao próprio negócio, o quadro atual de conglomerados deve voltar a se alterar. 

Há cerca de dois anos a consultoria Business Insider (BI) fez um levantamento e apontou que 14 grupos automobilísticos controlavam 54 marcas de automóveis e veículos comerciais leves, conforme a ilustração no fim desta coluna. Pelo critério da BI os grupos Renault e Nissan estão separados, pois formam apenas uma aliança. Nesse meio tempo a aliança comprou a russa Lada e a Nissan anexou a japonesa Mitsubishi. Mais cedo ou mais tarde os referidos grupos tendem a se fundir, apesar de resistência do governo francês, dono de 20% das ações da Renault. 

A Suzuki, que vendeu parte das suas ações para a Volkswagen e as comprou de volta, é a japonesa mais perto de algum grande conglomerado. A Honda afirma querer se manter independente. Duas pequenas japonesas, Mazda e Isuzu, terão dificuldades se não se unirem a um grupo maior. 

Semana passada General Motors e PSA (Peugeot, Citroën, DS e a chinesa Dongfeng) admitiram conversações para venda da alemã Opel e da inglesa Vauxhall (na verdade carros Opel com logotipo próprio e volante do lado direito). O grupo americano perde dinheiro na sua subsidiária europeia há 16 anos e acumula prejuízo de US$ 15 bilhões. Como PSA e Opel já têm parceria para desenvolvimento de duas famílias de modelos, tudo indica que o negócio será fechado, embora não alterasse o quadro mundial de consolidação, pois se trataria de movimento interno. 

Especulações, no entanto, rondam os desdobramentos desse fato recente. Pode acontecer de a GM examinar a possibilidade de compra do grupo FCA (Fiat Chrysler Automobiles). No ano passado, Sergio Marchionne, principal executivo da FCA, veio a público sugerir tal negociação, mas os americanos ignoraram. Se ficar sem nenhuma presença na Europa, talvez tenha chegado o momento de a GM rever o assunto, como comentado na imprensa especializada dos Estados Unidos. 

Livre do peso que a Opel/Vauxhall representa, a superfusão formaria o maior conglomerado automobilístico do mundo, como foi a própria GM por 75 anos (1931 a 2005 e em 2011). 

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PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

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