Wagner Gonzalez |
Planejar evita chuvas e trovoadas
Automobilismo nacional vive falta de profissionais
Novo presidente da CBA sinaliza mudança
Categorias não investem para crescer
Planejamento da F-1 é exemplo de logística e execução
para o esporte a motor
A F-1 inicia hoje, em Barcelona, na Espanha, sua segunda
e última sessão de treinos pré-temporada para o calendário de 2017, que terá
sua primeira etapa dia 26, em Melbourne, na Austrália. A programação desses
treinos e o calendário deste ano foram definidos com muitos meses de
antecedência e a categoria vive uma nova era no relacionamento do negócio
Fórmula 1 com a mídia e com o público que segue a modalidade. Mesmo guardando
as devidas proporções e descontando os inconvenientes derivados do letal e
letárgico “Custo Brasil” é impossível deixar de perguntar por que isso não
acontece no País e o que falta a este país do lado debaixo do Equador para
promover o esporte, encher arquibancadas e gerar riquezas.
Deixemos de lado o cacife econômico e promocional do
mundo dos Grandes Prêmios e foquemos na realidade verde-amarela. Segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes
para Veículos Automotores (Sindipeças), a frota circulante brasileira cresceu
de 22.889.200 automóveis em 2008 para 35.261.145 em 2015 (último ano em que há
esse dado disponível), variação positiva de 54% no período. Ante tamanho
aumento seria de se esperar um crescimento marcante no número de pilotos
filiados à CBA, ainda que descontados fatores como segundo carro da família,
queda de interesse pelo esporte e crise econômica.
Não foi o que aconteceu: nesse período o número de
pilotos filiados à Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) permaneceu
praticamente inalterado em torno de 12 mil registros; muito pior, passou de um
piloto para cada 1.907,4 automóveis em 2008 para apenas um piloto para cada
2.938,4 automóveis. Não se pode nem de longe colocar a culpa de tal situação
única e exclusivamente na CBA, mas, sem dúvida, ela é a principal culpada por
isso. Clubes, equipes, federações estaduais, pilotos, preparadores e até mesmo
a imprensa têm culpa no cartório.
Contam-se nos dedos da mão esquerda, e com unha
encravada, as ações feitas pela confederação e por boa parte desse grupo para
aumentar grids, formar novos pilotos ou colaborar para a consolidação de
categorias novas. A realidade é que pilotos não se unem para cobrar seus
direitos, preparadores não enxergam a necessidade de pensar a longo prazo e
equipes, patrocinadores e promotores pouco ou nada fazem para inverter a população
das salas de imprensa, nos últimos anos povoada de assessores e depauperada de
representantes de veículos. Nas corridas regionais paulistas, então, nem sala
de imprensa há...
Promotores da F-Truck e CBA se envolveram em desgaste
desnecessário na renovação de acordo.
Vale lembrar que a agenda dos dirigentes jamais foi tão
confusa e contraditória. Mais recentemente tornou-se comum cartolas declararem
que a CBA não tem por obrigação promover campeonatos, nada mais equivocado. A
julgar pelo que consta do parágrafo 2 do artigo
6º dos seus próprios estatutos a
CBA deve, sim, “promover, autorizar e fiscalizar a realização de campeonatos e
torneios desportivos nacionais e internacionais;”. Ocorre que dá trabalho
planejar, estruturar e realizar, atividades nem tanto prezadas por uma entidade
que sequer mantém em ordem os arquivos de resultados dos eventos que ela deve
promover, autorizar e fiscalizar.
Mais, episódio recente e contraditório registrou uma rixa
insalubre entre a entidade e os promotores da F-Truck, imbróglio que incluiu
até a publicação de edital convidando interessados em assumir a categoria; o
texto foi eternizado como uma atitude revanchista da CBA e continha a
apropriação descabida da marca registrada em nome da família Félix, que por sua
vez poderia ter conduzido melhor a defesa dos seus interesses.
Quando se aproxima o fim da catastrófica gestão de oito
anos exercida por Cleyton Pinteiro e a posse, dia 17, de seu afilhado político
e sucessor Waldner Dadai Bernardo a esperança, famosa por ser reconhecida como
a última que morre, deu ares de sua graça. Em ação inédita Bernardo tem
acertada a contratação de um profissional especializado para assumir a
diretoria de marketing da entidade. Trata-se de Milton Santana, que tem larga
experiência em ações desenvolvidas com prefeituras pernambucanas, em particular
as festas de São João em Campina Grande, Caruaru e Garanhuns, Paixão de Cristo
em Nova Jerusalém e outros trabalhos junto às prefeituras de Caruaru e Jaboatão
dos Guararapes. Segundo Bernardo, o antecessor de Santana no cargo de diretor
de marketing não deverá nem mesmo permanecer nos quadros da entidade.
Milton Santana tem boa reputação no mercado pernambucano
de promoção
Santana tem um perfil profissional aprovado por seus
pares na Ampro, a Associação de Marketing Promocional, onde ocupa o posto de
vice-presidente regional. Para que os automobilistas brasileiros referendem
essa admiração sua chegada deve provocar consequências que contribuam para o
esporte e evitem que ele entre para a história como um sinal de continuísmo.
Uma dose significativa de profissionalismo para que o esporte ganhe práticas
profissionais e éticas será mais do que bem-vinda: ajudará a implementar no
universo de dirigentes e cartolas de plantão um padrão de trabalho que permita
às equipes profissionais e ao automobilismo de base se organizar e facilitar o
acesso ao esporte.
Além de Santana outra novidade da gestão de Dadai é o
retorno de Pedro Sereno ao comando da Comissão Nacional de Kart, a CNK. E aqui
vai uma situação que espelha a forma como um dos setores mais industrializados
do esporte a motor brasileiro é tratado: o Regulamento Nacional de Kart de 2017
foi divulgado no dia 30 de janeiro... de 2017. Como uma empresa, uma equipe ou
um pai de família podem fazer seu planejamento para o ano quando as regras são
anunciadas dessa forma?
Existe a torcida para que no final de 2017 não tenhamos
que esperar por 2018 para saber se uma categoria como a F-3 vai continuar
existindo, se as novas modalidades terão o apoio que necessitam para crescer e
por aí afora. Não seria demais cobrar ações que motivem as indústrias de
automóveis, autopeças e de serviços a dar sua parcela de participação e
colaborar em prol de grids maiores e arquibancadas cheias nos autódromos
nacionais.
Hembrey no Brasil
Paul Hembrey, que comandava a operação F-1, agora cuida
da Pirelli na América Latina
O inglês Paul Hembrey, até a semana passada o responsável
pelos programas da Pirelli nos campeonatos mundiais de Rally e F-1, foi nomeado
presidente executivo para da marca para a América Latina na área de vendas – ou
“consumer” na definição executiva do seu cargo. Inglês de Yeovil, Somerset, ele
iniciou sua carreira na própria Pirelli em 1992 e agora substitui Paolo Dal
Pino, hoje o principal executivo industrial da marca em todo o mundo. Paul
Hembrey terá sob sua responsabilidade a operação das fábricas da Pirelli na
Argentina, Brasil e Venezuela e continuará coordenando as atividades de esporte
a motor em nível mundial, área na qual Mario Isola fica responsável pelo setor
de automóveis, Giorgio Barbier pelo de motos e Gianni Guidotti pelas operações
técnicas e comerciais.
Wagner Gonzalez
Nenhum comentário:
Postar um comentário