Alta Roda nº 962/312 – 12 /10 /2017
Fernando Calmon |
A recuperação chegou e se consolidará em 2018. As
razões derivam da mudança de humor e de confiança – para melhor – tanto por
parte dos consumidores como dos empresários. E é respaldada pelo aumento do
volume de crédito, queda dos juros (ainda lenta no caso do financiamento de
automóveis), diminuição da inadimplência (no caso há apenas uma tendência ainda
não muito firme, segundo as projeções da Ford) e recuperação paulatina do nível
de emprego (ver abaixo em Roda Viva).
Coube ao novo presidente da Volkswagen, o argentino Pablo Di Si, divulgar uma
projeção mais ousada não apenas para 2018 e sim para os próximos quatro anos.
Em sua opinião, estão dadas as condições econômicas para um crescimento
acumulado de 40% até 2021, considerando também a baixa base comparativa atual.
Para tanto o mercado interno de veículos deveria crescer uma média de 8,8% ao
ano nesse quadriênio e voltar a romper a barreira de três milhões de unidades
anuais. Durante evento com executivos do setor realizado em São Paulo liberou
um teaser (foto provocativa) do sedã Virtus e anunciou seu lançamento em
janeiro próximo, algo raro de acontecer em eventos desse tipo.
Outro argentino, Carlos Zarlenga, presidente da GM Mercosul, também previu
recuperação entre 8% e 10% nos próximos quatro anos. A empresa anunciou mais
uma rodada de investimento na região, dessa vez no país vizinho, com a produção
local do Equinox. O executivo defende a unificação das normas de segurança,
emissões e combustíveis de Brasil e Argentina. E anunciou para 2018 um modelo
que será exatamente igual nos dois países. Provavelmente terá um motor flex,
considerando aumento esperado do teor de etanol na gasolina argentina nos
próximos anos.
Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford, apontou a queda substancial na venda
de compactos e subcompactos nos últimos três anos como o aspecto mais
impactante nos resultados das empresas e no nível de emprego do setor de
veículos. Por outro lado, as vendas diretas para frotistas tornou-se realidade
de mercado e continuará a dar suporte ao avanço dos próximos anos.
O português Miguel Fonseca, vice-presidente da Toyota, chamou a atenção do
rápido crescimento dos SUVs, que respondem hoje por 15% das vendas de veículos
leves e continuará a subir na preferência dos consumidores. O porcentual de
participação, no entanto, crescerá mais lentamente porque os compactos estão se
recuperando e são mais baratos. Prevê um salto de 11% do mercado interno em
2018. Ele concorda que os carros puramente elétricos ainda vão demorar muito
para se universalizar e a opção híbrida é mais racional.
Ponto de consenso no evento foi sobre o programa Rota 2030. O anúncio está
atrasado, mas sairá antes do fim do ano. Trará previsibilidade, visão de longo
prazo e flexibilidade para se adaptar ao que acontece no mundo. Chega no
momento em que o grande acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia
deve sair do papel, depois de mais de uma década de negociações. Levará a uma
convergência tecnológica dos veículos com foco na competitividade real, sem
subsídios ou barreiras protecionistas expressivas.
RODA VIVA
TRAJETÓRIA de recuperação da indústria continua
firme. Maior nível do ano foi atingido em setembro: vendidas 9.960 unidades
diárias (veículos leves e pesados). Acumulado dos nove primeiros meses está
7,4% acima do mesmo período de 2016 e o nível de estoque total de 34 dias é
normal. Segundo a Fenabrave, bancos começam a aprovar mais crédito ao
consumidor.
EXPORTAÇÕES continuam a bater recordes (56% de
aumento) e, assim, alavancam a produção que cresceu 39% sobre o ano passado.
Esse conjunto de bons resultados implicou redução de 90% do número de
funcionários afastados provisoriamente do trabalho. Apenas o setor de caminhões
e ônibus ainda mantém números negativos (menos 9% em 2017).
BOM pacote de itens de série oferece a versão
Pulse Plus do Hyundai Creta. Motor de 1,6 L e câmbio automático de seis marchas
formam um conjunto competente. Central de multimídia (compatível com
Android/Waze) tem tela de 7 pol., mas sujeita a reflexos. Faz falta freio de estacionamento
elétrico automático, algo bastante útil em uso no para-e-anda do
trânsito.
IPIRANGA desbancou a Petrobrás ao lançar gasolina
premium de maior octanagem no mercado brasileiro. Chamada de Octapro, tem
índice RON 102, um dos maiores do mundo como combustível comercial. Indicada
para garantir potência nominal em motores de altíssimo desempenho. É um mercado
minúsculo: apenas 2% do volume total da venda de gasolina.
RECENTE pesquisa da BB Mapfre, em São Paulo,
demonstra que segurados entre 27 e 36 anos lideraram a estatística de
acidentes, com 30%. Depois estão os condutores de 37 a 46 anos, detendo 25% dos
números, e de 47 a 56 anos, com 16%. Surpresa: os mais jovens, de até 26 anos,
respondem por 15% dos registros. Não são, portanto, o maior grupo de
risco.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
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