Wagner Gonzalez |
Prova
mais tradicional do automobilismo brasileiro e criada na década de 1950 pelos
saudosos Eloy Gogliano e Wilson Fittipaldi, as Mil Milhas Brasileiras tem uma
história que faz jus à frase que decora o troféu da vitória: ”Glória imortal
aos vencedores”. Recriada este ano pela promotora e organizadora Elione
Queiroz, uma paulista há tempos radicada no Planalto Central, ela renasceu com
novo nome e deixou claro uma outra mensagem: enquanto os praticantes do esporte
não deixarem de olhar para o próprio umbigo e entenderem que há de se trabalhar
na mesma direção, o renascimento do automobilismo nacional tem tudo para
perecer em glória mortal.
Bastante
conhecida por seus serviços de logística e apoio a pilotos e equipes, Elione
Queiroz enxergou em passado recente o que poucos viram e decidiu arrematar os
direitos sobre nomes de provas tradicionais, como os 1.000 KM de Brasília, 12
Horas de Goiânia e a cereja desse bolo, as Mil Milhas Brasileiras. Todos eles
estavam com seus direitos caducados e órfãos de algum proprietário. Isso
provocou ciúmes em muitos, a começar pelo atual presidente do Centauro Motor
Clube, José Roberto Beilstrein, um dos primeiros a ir contra a iniciativa de
Queiroz. De certa forma o herdeiro do clube fundado por Gogliano nos anos 1950,
Beilstrein há anos deixou de ter qualquer atividade relacionada
com esse
evento, mas insistiu que era o dono do nome e que ninguém, exceto ele, poderia
organizar ou promover essa competição. Tornou-se folclórica, para não dizer
lastimável, suas declarações regulares que as Mil Milhas Brasileiras voltariam
a acontecer “este ano”.
Queiroz
não se abalou, continuou trabalhando à sua maneira e há de se louvar sua
resiliência e perseverança diante de obstáculos que enfrentou. Ao batalhar pelo
renascimento de uma prova histórica ela foi obrigada a devotar sua energia em
tantas frentes e, consequentemente, descuidando de outras a ponto de
adotar um
formato privilegiou muitos e convenceu poucos. Longe de critica-la por isso,
deve-se entender esse inconveniente como fruto de sua pouca experiência como
organizadora de eventos desse porte. Perto da realidade dos fatos, ela
enfrentou a resistência nociva do circo do Campeonato Brasileiro de Endurance,
para quem o regulamento da prova parece ter sido pensado, e que recusou
participar do evento.
Pode
parecer fácil refletir sobre o desenrolar do evento vencido pelo trio formado
por Renan Guerra, Esio Vischiese e Stuart Turvey a bordo de um Ginetta G55. No
entanto é claramente difícil entender a razão pela qual muitos que pediam pela
volta das Mil Milhas não apoiaram a iniciativa. Culpa da exigência de se usar
pneus slick, equipamento muito mais caro que os pneus radiais comuns? Abrir
demasiadas categorias no intuito de premiar muitos vencedores? O saldo dessa
empreitada é positivo quando se nota que há gente disposta a fazer algo pelo
esporte dentro dos autódromos e fora de grupos ativos apenas em mídias sociais.
Elione Queiroz merece parabéns pela coragem de enfrentar tantos adversários e
aqueles que ainda acreditam no automobilismo brasileiro agradecem por tanta
bravura. Juntos, já olham para janeiro de 2021, quando a Mil Milhas do Brasil
volta a acontecer em Interlagos no dia 25 de janeiro.
Foi lá e fez, e deu oportunidade a todos que divulgassem na Fox. Não participaram porque não quiseram. Inscrições a 5 mil antes da semana da corrida e 7 mil na semana da corrida não deveriam espantar ninguém que canta de galo.
ResponderExcluirEla já consegui a data de 25 de Janeiro de 2021, espero que as eternas Cassandras deixem de falar bobagem e se inscrevam na do ano que vem, Tem um monte de Omegas, Socks, Spyders e outros protótipos abandonados e pegando poeira.