Alta Roda nº 727/87 – 04/04/2013 |
Fernando Calmon |
Dessa vez, um segredo bem guardado. Congelamento de alíquotas do
IPI até 31 de Dezembro – cancela os dois aumentos previstos ára abril e julho –
foi anunciado durante feriado da Páscoa.No momento, o governo
está preocupado não apenas em sustentar o crescimento no mercado de veículos,
mas de tabela controlar reflexos na inflação. Há especulações de que tal
patamar de IPI poderia se manter indefinidamente, sinalizando pequena mudança
de rumo. Afinal, aqui estão os automóveis mais taxados do mundo, em longa
cadeia de impostos sobre impostos. Um dia, isso teria de mudar.
Essa reviravolta já mexeu nas previsões do setor para 2013. Cledorvino Belini,
presidente da Anfavea, acredita em vendas de 4% a 5% superiores em relação ao
ano passado (antes, de 3,5% a 4,5%). Ele fez a afirmação durante o IV Fórum da
Indústria Automobilística, em São Paulo, promovido essa semana em São Paulo
pela Automotive Business. Inovar-Auto, ambicioso regime anunciado em setembro
de 2012, ainda provoca muitas dúvidas sobre o nível de avanço em tecnologia nos
próximos cinco anos e dominou os debates.
Como comentou Stephan Keese, da consultoria Roland Berger, já foi dito no
exterior que o mercado brasileiro deve deflagrar uma nova “corrida do ouro”.
Porém, ele desconfia mais de uma corrida contra o tempo do que propriamente de
resultados financeiros, inclusive com risco de excesso de capacidade instalada.
Prejuízo estimado pela Ford na América do Sul (Brasil representa 60% das
vendas), no primeiro trimestre, pode chegar a US$ 300 milhões. GM também perdeu
dinheiro na região, ano passado.
No entanto, um mercado entre cinco e seis milhões de unidades, até o final da
década, se tornará ainda mais disputado. Há sete novos fabricantes de veículos
leves se instalando no País até 2015, para totalizar 25, e não vai parar aí.
Fábricas de motores passarão de 13 para 18, incluindo a Fiat, em sua nova
unidade industrial em Pernambuco, e a Chery, que anunciou durante o Fórum.
Hyundai Brasil, em breve, também anunciará a produção de motores.
Para o economista José Mendonça de Barros o consumidor deve esperar uma
paulatina queda real de preços dos carros novos (ou aumentos inferiores à taxa
de inflação para ser mais claro), acompanhado de desvalorização maior dos
modelos usados. Esse descolamento é irreversível em situações de crescimento
firme do mercado e continuará nos próximos anos.
Existe preocupação do setor de autopeças quanto à regulamentação do conteúdo
local, adiada por mais dois meses pelo governo federal. Exigirá rastreabilidade
do país de origem das peças e incertezas de como será feito o controle na
Argentina, um vespeiro conhecido. Foi discutida a possibilidade de criar o
programa Inovar-Peças, simultâneo ao Inovar-Auto, que adicionaria novos níveis
de complexidade, apesar do potencial de desemperrar as coisas.
Falta competitividade na indústria brasileira e o setor automobilístico não é
exceção. Paulo Butori, presidente do Sindipeças, colocou no rol dos problemas a
moeda valorizada. Para ele, sem resolver a questão será muito difícil avançar.
Exemplificou com o ramo de autopeças que passou de superavitário a deficitário
no comércio exterior, em meia dúzia de anos.
RODA VIVA
SUBSIDIÁRIA da GM na Argentina confirmou
lançamento do SUV compacto Tracker, vindo do México, no terceiro trimestre do
ano. Jaime Ardila, presidente da empresa no Brasil e América do Sul, em
entrevista à TV a cabo Band News, de fim de noite, admitiu de forma indireta
que também chegará aqui até o fim do ano. E que um subcompacto está nos planos.
AUDI TT chega os 15 anos e oferece cada vez mais potência. RS
tem motor de cinco cilindros, 2,5 L, e ronco quase como um seis-cilindros em
linha. Para guiar sem sustos, lidar com 340 cv e torque assombro de 45,9 kgf∙m,
tração é nas quatro rodas. Estilo do cupê compacto permanece fiel ao original,
sem sinais de cansaço, um tanto raro, hoje.
MAIS atraente que o Cielo, compacto Chery Celer foi finalmente
colocado à venda. Marca chinesa demonstra que quando a fábrica de Jacareí (SP)
entregar as primeiras unidades, em um ano, terá produto competitivo e segurança
de conteúdo nacional. Em versões hatch (R$ 35.990) e sedã (R$ 36.990), tem
motor flex 1,5 L e pacote completo de equipamentos.
TELA multimídia de comando por toque veio para ficar. Renault
já a oferece para toda a linha Sandero/Logan, ao preço em torno de R$ 600.
Duster Techroad desbravou o interesse pelo equipamento (no caso, de série), bem
fácil de operar. Esse utilitário compacto, bom de guiar, mostra limitações
ergonômicas: perna esbarra na caixa de comando dos vidros elétricos.
LINHA 2014 do Fox, lançada agora, tem poucas mudanças. Freios
ABS são os de nona geração: cada vez menos pulsação no pedal em frenagem de
emergência. Discos de freio do CrossFox têm maior diâmetro em razão do
acréscimo de massa da versão, em relação ao resto da linha, pelo suporte
externo do estepe e suspensão reforçada.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmon
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