terça-feira, 1 de setembro de 2015

Wagner Gonzalez em Conversa de pista


Wagner Gonzalez

Circuito mais tradicional e mais antigo do calendário, Monza sobrevive às modernidades e modernices da F-1 atual. Neste fim de semana seu amplo a pista do Parque Real próximo a Milão recebe a F-1 pela 55a vez nos 56 anos de história da categoria. Enquanto isso, o autódromo de Istambul deverá ser transformado em um enorme shopping center de automóveis.






Houve uma pedra no meio do caminho

Construída entre 1922 e 1928 para gerar empregos após a I Guerra Mundial, o autódromo de Monza fica no Parco Reale desta cidade da região metropolitana de Milão, e ainda hoje é sinônimo de velocidade. Nem mesmo a instalação de chicanes e outras pequenas alterações conseguiu quebrar a magia do local, onde as famosas curvas com superelevação do seu oval se destacam e foram imortalizadas nas cenas do filme “Grand Prix” (direção de John Frankenheimer, 1966). 


O acidente fatal de Jean-Pierre Sarti (Yves Montand, com Ferrari) é uma releitura do que aconteceu com Wolfgang von Trips no GP de 1961. Relembre cenas deste épico clicando aqui e aqui. Neste último o momento trágico inicia nos 11’25 do clipe; se a música não remete ao filme, as cenas continuam antológicas.

O anel com curvas superlevadas mesclado com o circuito plano formava um curioso traçado de cerca de 10 km. Entre 1965 e 1969 foi usado na 1000 Quilômetros de Monza, prova para o Campeonato Mundial de Protótipos, atual WEC, e nos GPs de 1960/61; para completar uma volta nessas corridas era preciso passar duas vezes pela linha de chegada… Projetado pelo engenheiro Antonio Beri e Aldo di Renzo, este traçado tem duas curvas com 320 metros de raio e até 80% de superelevação, unidas por duas retas de 875 metros e piso de concreto. Na época de sua construção estas características foram consideradas essenciais para permitir que os carros percorressem o circuito a cerca de 300 km/h sem necessidade de trocar marchas ou pisar nos freios.

O problema das curvas superelevadas, bem retratado em “Grand Prix”, é a força g vertical em relação ao carro que levava a suspensão ao batente, tornando a pilotagem difícil e forçando a própria suspensão, os periféricos do motor — um carro à frente de Sarti perde a ponteira do escapamento e isso provoca a saída de pista do francês e seu acidente fatal — e a estrutura do carro.

Pouco a pouco essa opção foi sendo desativada mas ainda assim a velocidade média de um F-1 híbrido em Monza ultrapassa os 250 km/h. Em outras palavras, isso requer um carro com aerodinâmica eficiente e motor potente e com pneus que forneçam a aderência necessária para tracionar e frear. Como que a elevar a temperatura do clima explosivo que marcou o final do GP da Bélgica disputado há duas semanas e marcado pela desistência de Sebastian Vettel a duas voltas do final por causa de um…pneu estourado, a Pirelli anunciou que vai divulgar o resultado de suas investigações sobre o assunto na véspera do início dos treinos, quinta-feira.

Em época de silly season (temporada idiota; termo inglês para definir o período de boataria sobre a mudança de endereço de pilotos e patrocinadores), a revelação vai gerar mais manchetes que os recentes anúncios e recorrentes comentários que caracterizam o período. Mercedes (Hamilton e Rosberg), Ferrari (Vettel e Räikkönen) e Sauber (Nasr e Ericsson) já confirmaram seus nomes para 2016. Williams (Massa e Bottas), Red Bull (Ricciardo e Kvyat) e Toro Rosso (Sainz e Verstappen) devem imitar o gesto. Ainda que isto não esteja confirmado, a situação destes seis pilotos é bem mais tranqüila que a de muitos.

Nessa lista de demissão não voluntária destacam-se dois latinos: Sérgio Pérez e Pastor Maldonado. O primeiro poderia ser vítima do apoio da Mercedes-Benz ao alemão Pascal Wehrleim, que herdaria um dos carros da Force India, onde Vijay Mallya anunciou hoje a extensão do contrato de Nico Hulkenberg por mais dois anos. Se Wehrlein for confirmado, será curioso ver dois alemães no mesmo time… 

O segundo talvez não tenha lugar em uma equipe em dificuldades financeiras como a Lotus: há tempos sendo cogitada como porta-de-saída-que-vira-porta-de-retorno da equipe própria da Renault. Em tempos de vacas magérrimas, os prejuízos de tantas batidas e a necessidade de alguém mais alinhado às necessidades da marca francesa podem definir o companheiro de Romain Grosjean para 2016. Pérez é um candidato forte a essa vaga. Mesmo com a atual crise venezuelana, Maldonado parece contar com o respaldo da PDVSA (a “Petrobrás” de seu país), e encontrar abrigo em equipes que apreciariam seus milhões de dólares.

A cada segundo que os carros da McLaren tomam dos rivais, tanto em treinos quanto em corrida, cresce o rumor de que Jenson Button terá um novo CEP no ano que vem. Se o lugar de Fernando Alonso está garantido, o inglês pode ser útil a uma equipe nova como a Haas (veja mais abaixo) ou pode ser mais feliz correndo em outras categorias; Mark Webber é um dos maiores incentivadores para que Button faça parte do circo do WEC, o Mundial de Resistência. A vaga seria aberta com bicos e penas por dois galos de briga: Kevin Magnussen e Stefan Vandoorne. O primeiro com alguma experiência e muita marra; o segundo com muito cartaz e pouca experiência.

Mais pobre de todas as empregadoras, a Manor deverá ser a última a anunciar seus pilotos para 2016: como reza a tradição da categoria, as equipes sem orçamento e sem currículo fazem verdadeiro leilão para carimbar a carteira de trabalho dos interessados em levar muitos milhões de dólares e altas doses de vontade em aparecer num carro não competitivo. Se é para apostar em algum nome, Rafaelle Marciello, abençoado pela cúria de Maranello, pode ganhar um lugar. O outro carro é um outro carro…

Novata na história, a americana Haas é vista como uma nova Sutter’s Mill, onde teve início a corrida do ouro na costa oeste, em 1848. A forte ligação com a Ferrari deve favorecer o mexicano Esteban Gutiérrez, que traria apoio de empresas interessadas no mercado dos EUA e a expertise adquirida em um ano de trabalho como piloto de testes da Scuderia. Jean-Éric Vergne é outro nome com chances em uma lista que tem ainda Nico Hulkenberg, Alex Rossi e vários outros interessados e interessantes. Apostar em um nome com experiência é assumir riscos maiores de ganhar uns trocos num possível bolão.

Nico é papai
Nasceu na tarde de domingo (30/8) a filha de Nico e Vivian Rosberg, cuja gestação teve lances de cuidados especiais e terminou com alguns dias de atraso em relação ao previsto. O casal ainda não anunciou o nome da menina.

Turquia perde circuito

O traçado de Istambul, que serviu de palco para três vitórias consecutivas de Felipe Massa (2007/8/9) em sete de suas edições (2005/2011), foi transformado em uma revenda de automóveis, segundo o o jornal local Sozcu. A falta de interesse local pelo automobilismo teria sido o motivo que transformou o autódromo que custou US$ 300 milhões em um shopping center de veículos.

Bellof, 30 anos

Trinta anos atrás o automobilismo mundial perdia uma das maiores promessas da geração dos anos 1980: Stefan Bellof disputava a 1000 Quilômetros de Spa (1/9/1985) com um Porsche 956. Ainda na fase inicial da prova disputou a freada da Eau Rouge com Jacky Ickx, que pilotava um modelo 962, mais avançado, e os dois se tocaram. Veja cenas do início da prova aqui e do acidente aqui.

Valdeno, Dirani e Pedro Piquet brilham em Cascavel

Valdeno Brito conseguiu um resultado inédito desde que as provas da Stock Car brasileira adotaram o formato atual de duas corridas seguidas: depois e largar na pole position e vencer a corrida principal, fazendo dobradinha com seu companheiro de equipe Ricardo Zonta, o paraibano terminou a segunda corrida em segundo lugar, atrás de Thiago Camilo, mesmo largando em décimo lugar. Outra dobradinha, esta de caráter familiar, aconteceu na segunda etapa da rodada do Campeonato Brasileiro de Turismo, quando os irmãos Danilo e Denis Dirani, nesta ordem, ficaram em primeiro e segundo lugar. Na F-3, o caçula da clã Piquet, Pedro, venceu e aumentou sua liderança no campeonato.

Dixon e Ganassi garantem título na Indy
O primeiro lugar no GP de Sonoma e o título de campeão da temporada conquistados domingo por Scott Dixon marcaram a centésima vitória da equipe de Chip Ganassi na F-Indy. Foi também o quarto título do piloto neozelandês e sua 38a vitória, certamente uma que ocupará lugar de honra em sua carreira: a etapa final da temporada teve pontuação dobrada e Dixon terminou o ano com 556 pontos, empatado com Juan Pablo Montoya. A definição do campeonato se deu pelo número de vitórias (3×2); o sangue latino de Montoya não demorou a ferver: ontem ele fez “elogios” nada publicáveis sobre o sistema de pontuação da categoria.

WG

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