Wagner Gonzalez |
Circuito mais tradicional e mais antigo do calendário, Monza
sobrevive às modernidades e modernices da F-1 atual. Neste fim de semana seu
amplo a pista do Parque Real próximo a Milão recebe a F-1 pela 55a vez nos 56 anos de história da
categoria. Enquanto isso, o autódromo de Istambul deverá ser transformado em um
enorme shopping center de automóveis.
Houve uma pedra no meio do caminho
Construída entre 1922 e 1928 para gerar empregos após a I Guerra
Mundial, o autódromo de Monza fica no Parco Reale desta cidade da
região metropolitana de Milão, e ainda hoje é sinônimo de velocidade. Nem mesmo
a instalação de chicanes e outras pequenas alterações conseguiu quebrar a magia
do local, onde as famosas curvas com superelevação do seu oval se destacam e
foram imortalizadas nas cenas do filme “Grand Prix” (direção de John
Frankenheimer, 1966).
O acidente fatal de Jean-Pierre Sarti (Yves Montand, com
Ferrari) é uma releitura do que aconteceu com Wolfgang von Trips no GP de 1961.
Relembre cenas deste épico clicando
aqui e aqui.
Neste último o momento trágico inicia nos 11’25 do clipe; se a música não
remete ao filme, as cenas continuam antológicas.
O anel com curvas superlevadas mesclado com o circuito plano
formava um curioso traçado de cerca de 10 km. Entre 1965 e 1969 foi usado na
1000 Quilômetros de Monza, prova para o Campeonato Mundial de Protótipos, atual
WEC, e nos GPs de 1960/61; para completar uma volta nessas corridas era preciso
passar duas vezes pela linha de chegada… Projetado pelo engenheiro Antonio Beri
e Aldo di Renzo, este traçado tem duas curvas com 320 metros de raio e até 80%
de superelevação, unidas por duas retas de 875 metros e piso de concreto. Na
época de sua construção estas características foram consideradas essenciais
para permitir que os carros percorressem o circuito a cerca de 300 km/h sem necessidade
de trocar marchas ou pisar nos freios.
O problema das curvas
superelevadas, bem retratado em “Grand Prix”, é a força g vertical em relação
ao carro que levava a suspensão ao batente, tornando a pilotagem difícil e
forçando a própria suspensão, os periféricos do motor — um carro à frente de
Sarti perde a ponteira do escapamento e isso provoca a saída de pista do
francês e seu acidente fatal — e a estrutura do carro.
Pouco a pouco essa
opção foi sendo desativada mas ainda assim a velocidade média de um F-1 híbrido
em Monza ultrapassa os 250 km/h. Em outras palavras, isso requer um carro com
aerodinâmica eficiente e motor potente e com pneus que forneçam a aderência
necessária para tracionar e frear. Como que a elevar a temperatura do clima
explosivo que marcou o final do GP da Bélgica disputado há duas semanas e
marcado pela desistência de Sebastian Vettel a duas voltas do final por causa
de um…pneu estourado, a Pirelli anunciou que vai divulgar o resultado de suas
investigações sobre o assunto na véspera do início dos treinos, quinta-feira.
Em época de silly season (temporada idiota; termo inglês para definir o período
de boataria sobre a mudança de endereço de pilotos e patrocinadores), a
revelação vai gerar mais manchetes que os recentes anúncios e recorrentes
comentários que caracterizam o período. Mercedes (Hamilton e Rosberg), Ferrari
(Vettel e Räikkönen) e Sauber (Nasr e Ericsson) já confirmaram seus nomes para
2016. Williams (Massa e Bottas), Red Bull (Ricciardo e Kvyat) e Toro Rosso
(Sainz e Verstappen) devem imitar o gesto. Ainda que isto não esteja
confirmado, a situação destes seis pilotos é bem mais tranqüila que a de muitos.
Nessa lista de demissão não voluntária destacam-se dois latinos:
Sérgio Pérez e Pastor Maldonado. O primeiro poderia ser vítima do apoio da
Mercedes-Benz ao alemão Pascal Wehrleim, que herdaria um dos carros da Force
India, onde Vijay Mallya anunciou hoje a extensão do contrato de Nico
Hulkenberg por mais dois anos. Se Wehrlein for confirmado, será curioso ver
dois alemães no mesmo time…
O segundo talvez não tenha lugar em uma equipe em
dificuldades financeiras como a Lotus: há tempos sendo cogitada como
porta-de-saída-que-vira-porta-de-retorno da equipe própria da Renault. Em
tempos de vacas magérrimas, os prejuízos de tantas batidas e a necessidade de
alguém mais alinhado às necessidades da marca francesa podem definir o
companheiro de Romain Grosjean para 2016. Pérez é um candidato forte a essa
vaga. Mesmo com a atual crise venezuelana, Maldonado parece contar com o
respaldo da PDVSA (a “Petrobrás” de seu país), e encontrar abrigo em equipes
que apreciariam seus milhões de dólares.
A cada segundo que os carros da McLaren tomam dos rivais, tanto
em treinos quanto em corrida, cresce o rumor de que Jenson Button terá um novo
CEP no ano que vem. Se o lugar de Fernando Alonso está garantido, o inglês pode
ser útil a uma equipe nova como a Haas (veja mais abaixo) ou pode ser mais
feliz correndo em outras categorias; Mark Webber é um dos maiores
incentivadores para que Button faça parte do circo do WEC, o Mundial de
Resistência. A vaga seria aberta com bicos e penas por dois galos de briga:
Kevin Magnussen e Stefan Vandoorne. O primeiro com alguma experiência e muita
marra; o segundo com muito cartaz e pouca experiência.
Mais pobre de todas as
empregadoras, a Manor deverá ser a última a anunciar seus pilotos para 2016:
como reza a tradição da categoria, as equipes sem orçamento e sem currículo
fazem verdadeiro leilão para carimbar a carteira de trabalho dos interessados
em levar muitos milhões de dólares e altas doses de vontade em aparecer num
carro não competitivo. Se é para apostar em algum nome, Rafaelle Marciello,
abençoado pela cúria de Maranello, pode ganhar um lugar. O outro carro é um
outro carro…
Novata na história, a
americana Haas é vista como uma nova Sutter’s Mill, onde teve início a corrida
do ouro na costa oeste, em 1848. A forte ligação com a Ferrari deve favorecer o
mexicano Esteban Gutiérrez, que traria apoio de empresas interessadas no
mercado dos EUA e a expertise adquirida em um ano de trabalho como piloto de
testes da Scuderia. Jean-Éric Vergne é outro nome com chances em uma lista que
tem ainda Nico Hulkenberg, Alex Rossi e vários outros interessados e
interessantes. Apostar em um nome com experiência é assumir riscos maiores de
ganhar uns trocos num possível bolão.
Nico é papai
Nasceu na tarde de
domingo (30/8) a filha de Nico e Vivian Rosberg, cuja gestação teve lances de
cuidados especiais e terminou com alguns dias de atraso em relação ao previsto.
O casal ainda não anunciou o nome da menina.
Turquia perde circuito
O traçado de Istambul, que serviu de palco para três vitórias
consecutivas de Felipe Massa (2007/8/9) em sete de suas edições (2005/2011),
foi transformado em uma revenda de automóveis, segundo o o jornal local Sozcu.
A falta de interesse local pelo automobilismo teria sido o motivo que
transformou o autódromo que custou US$ 300 milhões em um shopping center de
veículos.
Bellof, 30 anos
Trinta anos atrás o automobilismo mundial perdia uma das maiores
promessas da geração dos anos 1980: Stefan Bellof disputava a 1000 Quilômetros
de Spa (1/9/1985) com um Porsche 956. Ainda na fase inicial da prova disputou a
freada da Eau Rouge com Jacky Ickx, que pilotava um modelo 962, mais avançado,
e os dois se tocaram. Veja cenas do início da
prova aqui e do acidente
aqui.
Valdeno, Dirani e Pedro Piquet brilham em Cascavel
Valdeno Brito conseguiu um resultado inédito desde que as provas
da Stock Car brasileira adotaram o formato atual de duas corridas seguidas:
depois e largar na pole position e vencer a corrida principal, fazendo
dobradinha com seu companheiro de equipe Ricardo Zonta, o paraibano terminou a
segunda corrida em segundo lugar, atrás de Thiago Camilo, mesmo largando em
décimo lugar. Outra dobradinha, esta de caráter familiar, aconteceu na segunda
etapa da rodada do Campeonato Brasileiro de Turismo, quando os irmãos Danilo e
Denis Dirani, nesta ordem, ficaram em primeiro e segundo lugar. Na F-3, o
caçula da clã Piquet, Pedro, venceu e aumentou sua liderança no campeonato.
Dixon e Ganassi garantem título na Indy
O primeiro lugar no GP de Sonoma e o título de campeão da
temporada conquistados domingo por Scott Dixon marcaram a centésima vitória da
equipe de Chip Ganassi na F-Indy. Foi também o quarto título do piloto
neozelandês e sua 38a vitória,
certamente uma que ocupará lugar de honra em sua carreira: a etapa final da
temporada teve pontuação dobrada e Dixon terminou o ano com 556 pontos,
empatado com Juan Pablo Montoya. A definição do campeonato se deu pelo número
de vitórias (3×2); o sangue latino de Montoya não demorou a ferver: ontem ele
fez “elogios” nada publicáveis sobre o sistema de pontuação da categoria.
WG
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