O cenário econômico nacional começa a impactar mais
fortemente o crédito para financiamento de veículos. Dados do setor até outubro
de 2015 revelam que o total de recursos liberados pelos bancos de montadora nos
últimos 12 meses – R$ 76,9 bilhões – sofreu queda de 19,9% no período. Segundo
avaliação da ANEF (Associação Nacional das Empresas Financeiras das
Montadoras), as vendas automotivas estão fortemente impactadas pelo ritmo da
recessão da economia. Para o presidente da entidade, Décio Carbonari, esse cenário
tende a se agravar devido à expectativa de aumento na taxa de desemprego e à
redução na renda média mensal do brasileiro. “Não há perspectiva de retomada
enquanto esses dois índices não se estabi lizarem, o que não deve acontecer
antes de meados de 2016”, avalia o executivo.
Os atrasos dos pagamentos acima de 90 dias demoraram a
subir em relação ao que prevíamos no início do ano, mas isto já é realidade. O
aumento da inadimplência nos contratos de pessoa física foi de 0,2 ponto
percentual, alcançando 5,8% do total. No caso de pessoa jurídica, o aumento é
ainda mais expressivo, de 0,7 ponto percentual em relação a outubro de 2014,
representando 4,3% dos contratos, conforme o balanço da ANEF.
Segundo Carbonari, os atrasos registrados em outubro eram
esperados que ocorressem em janeiro deste ano. “O fraco desempenho da economia,
de fato, demorou a impactar os índices de inadimplência, algo que pode ser
explicado por múltiplas causas. Porém, é fato que a inadimplência decorre
diretamente da perda de renda familiar e pela redução no volume de negócios
para as empresas, ambos agravados nos últimos meses”, afirma.
Em outubro, o saldo das carteiras de veículos
contabilizou R$ 188,1 bilhões, o que indica queda mensal de 1,1% e retração de
7,2% no período de 12 meses. O saldo da modalidade CDC contribuiu para puxar o
indicador para baixo, apresentando diminuição anual de 10,3% na média entre as
carteiras de pessoa física e jurídica.
Seguindo o mesmo panorama, o licenciamento de novos
veículos e de comerciais leves encolheu 23,31% no acumulado de doze meses. No
mercado de pesados, o impacto foi ainda maior. O número de licenciamentos de
ônibus e caminhões recuou 42,67% no período. Avaliado isoladamente o cenário
para motocicletas, a diminuição foi de 12,91%. Somados veículos leves, comerciais
leves, pesados e moto, as perdas totalizam 18,38%.
As projeções da ANEF para o fechamento de 2015 são de que
o saldo das carteiras de financiamento de novos veículos deverão retrair 19,5%
em relação ao consolidado de 2014. A expectativa de recursos liberados para
este ano ficou em R$ 89,1 bilhões, ante os R$ 111,3 bilhões registrados em
2014, uma queda da projeção da entidade de 19,9%.
“Infelizmente, a realidade macroeconômica é pior do que
os economistas previam e o impacto é ainda pior no setor automotivo. A
inadimplência demorou, mas veio. De forma que não é possível projetar uma
retomada até que o desemprego estabilize e o mercado volte a ter poder compra”,
finaliza o presidente da ANEF.
Taxas e Prazos
Em outubro, a média das taxas de juros praticadas pelos bancos de montadora foi
1,69% ao mês e, ao ano, de 22,27%. Já a taxa média dos bancos de varejo,
tradicionalmente menos atraentes em relação à das financeiras ligadas à
indústria automotiva, foi de 1,94% ao mês e, ao ano, de 25,9%.
O prazo médio das concessões se manteve em 41,6 meses se
igualando aos números de setembro de 2014. Os planos máximos disponibilizados
pelos bancos aos consumidores seguem no prazo de 60 meses
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