Alta Roda nº 980/330 – 16 /02 /2018
Fernando Calmon |
A aceitação de novas tecnologias que vão sacudir a
indústria automobilística mundial nas próximas décadas ainda é motivo de
incerteza em vários mercados. Para aferir a evolução de como os motoristas
encaram o cenário por vir de carros autônomos e meios de propulsão alternativa,
a consultoria Deloitte atualizou uma pesquisa com 22.000 consumidores de 17
países. Além do Brasil, África do Sul, Alemanha, Bélgica, Canadá, China, Coreia
do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, Malásia México,
Reino Unido e Tailândia.
O estudo chamado Consumidor Automobilístico Global 2018
apontou um aumento de confiança sobre o grau de segurança dos veículos que
dispensam a atuação de um motorista para se locomoverem (nível 4 de automação)
em relação à mesma pesquisa realizada em 2017. Deve-se notar que se trata
apenas de percepção, pois a tecnologia não está pronta nem se sabe quanto
custará (consequentemente sua aceitação), como será aplicada (segregada ou
aberta) e, acima de tudo, regulamentada por órgãos de trânsito e judiciais.
O balanço geral apontou que, no ano passado, 67% dos
participantes, em média, acreditam que automóveis totalmente autônomos não
seriam seguros. Esse porcentual recuou para 41% no relatório compilado este
ano. No entanto, até 71% dos entrevistados disseram que a comprovação de um
histórico de segurança na operação dos veículos é fator essencial para garantir
a confiança. Em outras palavras, “quero ver para crer”.
Na média, 45% dos participantes confiam nos fabricantes de
veículos tradicionais para a direção autônoma, 30% apontam novas companhias
dedicadas a essa tarefa e 25% acreditam nas empresas de tecnologia existentes
(Waymo, Apple e outras). De acordo com Carlos Ayub, sócio da Deloitte
especializado em indústria automobilística, “52% dos brasileiros (acima da
média global) são mais confiantes nos produtores de veículos já conhecidos”.
O estudo também apontou algum conservadorismo quanto ao meio
de propulsão nos veículos. Na média mundial, 64% dos entrevistados preferem os motores
a combustão para os próximos anos. Outros 24% optariam por veículos híbridos e
12% apostam em alternativas diferentes (elétricos a bateria ou pilha a
hidrogênio e híbridos plugáveis). No Brasil, 66% ainda escolheriam os
combustíveis tradicionais, 13%, os híbridos e 21%, outras opções.
"Os preços de híbridos e elétricos ainda estão em
patamar elevado, o que justificaria esse quadro em nível mundial. No Brasil,
essa realidade torna-se mais marcante pela falta de infraestrutura e de uma
rede para reabastecimento de carros elétricos em todo o País”, acrescentou
Ayub.
Apesar de direção autônoma, mobilidade flexível e alternativa
elétrica ocuparem todas as cabeças pensantes na indústria ao redor do mundo,
sem ainda se saber se haverá dinheiro para financiar tudo isso ao mesmo tempo,
uma enquete simples do Google nos EUA sobre o que os americanos querem nos
carros de hoje foi divulgada pelo site Verge. Além do interesse pela vida a
bordo dos cãezinhos de estimação, a busca frenética é por câmeras.
A procura inclui opções além de câmeras dianteira, traseira e
de 360°. Agora, a demanda é grande pelas que gravam tudo à frente e atrás do
veículo e mesmo o movimento periférico enquanto se está rodando ou estacionado.
Em caso de acidente, ajuda a descobrir os culpados e é útil também para
seguradoras. Tecnologia à mão e relativamente barata, pois muitos modelos já
possuem telas no painel.
O futuro? Que fique para o futuro...
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em
assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua
coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma
rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no
Brasil do site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmo fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
Nenhum comentário:
Postar um comentário