A Mercedes-Benz Trucks está avançando no
desenvolvimento de veículos elétricos. Este mês, a marca irá iniciar os testes
em clientes com o primeiro caminhão elétrico pesado, o eActros.
Dez
unidades, em duas versões (PBT de 18 ou 25 toneladas), serão entregues este mês
para transportadores que testarão sua praticidade e eficiência econômica no dia
a dia, sob condições reais de uso. No longo prazo, o objetivo é a condução
silenciosa e livre de emissões em ambientes urbanos, com caminhões produzidos
em série para esta aplicação.
Para esse teste, foram selecionados transportadores que
trabalham com diferentes aplicações, desde alimentos e materiais de construção
até matérias-primas. Os eActros serão utilizados para operações que seriam
realizadas por veículos com motor a diesel.
Os motoristas dos eActros foram treinados
especialmente para trabalhar com os veículos. Os clientes vão testar os modelos
por doze meses. Depois, os caminhões serão repassados a um segundo grupo, para
mais doze meses de uso. "Isso nos permitirá satisfazer aos muitos pedidos
que recebemos dos transportadores e ganhar um conhecimento ainda maior",
diz Stefan Buchner. "Nosso objetivo é chegar à produção em série e à
maturidade de mercado para uma linha de caminhões elétricos economicamente
competitivos para operações de transporte pesado até 2021."
A base do caminhão pesado
elétrico Mercedes-Benz é fornecida pela estrutura do Actros. Porém,
de forma diferente, a arquitetura do veículo foi configurada especificamente
para um sistema de propulsão elétrico, com uma alta proporção de componentes
específicos. O eixo de tração, por exemplo, é baseado no ZF AVE 130,
que já mostrou resultados positivos nos ônibus híbridos e movidos a célula de
combustível da Mercedes-Benz, tendo sido totalmente desenvolvido para o eActros.
O sistema de propulsão conta com dois motores elétricos
localizados junto aos cubos de roda do eixo traseiro. Esses motores têm
refrigeração líquida e operam a uma voltagem nominal de 400 Volts. Esses
propulsores geram 125 kW de potência cada um, com torque máximo individual
de 485 Nm. As reduções de engrenagem convertem esse torque para 11.000 Nm
cada, resultando num desempenho de rodagem equivalente ao de um caminhão com
motor a diesel.
A carga máxima permitida por eixo mantém-se nas
convencionais 11,5 toneladas. A energia para uma autonomia de até 200 km é
fornecida por duas baterias de íons de lítio com potência de 240 kWh, que
também já foram utilizadas no ônibus da EvoBus. "Sinergias como esta,
dentro do Grupo Daimler, nos permitem compartilhar nossas experiências,
diminuir os tempos de desenvolvimento e, é claro, economizar custos", diz
Stefan Buchner.
As baterias ficam em onze pacotes: três na área do chassi
e os outros oito mais abaixo. Por razões de segurança, os pacotes de baterias
são protegidos por compartimentos de aço. Numa eventual colisão, as montagens
cedem e deformam, desviando assim a energia para longe das baterias sem
danificá-las.
As baterias de alta voltagem não fornecem energia apenas
ao sistema de propulsão, mas ao veículo como um todo. Componentes auxiliares,
como o compressor de ar para o sistema de frenagem, a bomba da direção
hidráulica, o compressor do ar condicionado da cabina e, quando for o caso, da
carroceria refrigerada, também são movidos a eletricidade.
As baterias podem ser completamente recarregadas entre
três e onze horas, assumindo uma capacidade de carga de 20 a 80 kW. O padrão de
carga usado é o Combined Charging System, CCS. A rede de baixa voltagem de
bordo consiste de duas baterias convencionais de 12 Volts, carregadas pelas
baterias de alta voltagem por meio de um conversor. Isso garante que todas as
funções importantes do veículo, como luzes, indicadores, freios, sistemas de
suspensão a ar e sistemas da cabina se mantenham em operação, caso haja eventual
ocorrência na rede de alta voltagem ou desligamento.
O desenvolvimento e testes dos caminhões elétricos
pesados para distribuição fazem parte do projeto "Concept ELV²", que
recebe fundos do Ministério Federal do Meio-Ambiente da Alemanha (BMUB) e do
Ministério Federal dos Assuntos Econômicos e Energia (BMWi), com valor total de
cerca de dez milhões de euros. As áreas cobertas pelo plano de financiamento
são desenvolvimento, montagem e operação, o que inclui uso de altas voltagens
(até 400 V), altas correntes (até 1000 A), tecnologia das baterias (preço,
peso, durabilidade, vida útil, tempo de carga), autonomia e necessidades de
energia, infraestrutura de carga e conceitos logísticos, exigências de segurança,
viabilidade no verão e inverno, assim como questionamentos sobre a aceitação
dos veículos pelos clientes.
A frota vai rodar até a metade de 2020. O objetivo é
estabelecer as necessidades de energia para diversas aplicações, assim como a
eficiência econômica dos caminhões elétricos e comparar o desempenho ambiental
dos modelos inovadores com o de motores a diesel em uma Avaliação do Ciclo de
Vida (Life Cycle Assessment). Os resultados do trabalho de pesquisa serão
enviados aos clientes durante o teste, como forma de otimizar a operação, e
serão publicados, dando aos potenciais transportadores a oportunidade de
otimizar seus planejamentos de rotas ou desenvolver novos modelos de negócios
para seus métodos de logística.
O Grupo Daimler é líder no desenvolvimento de veículos
comerciais elétricos. O eCanter, da marca asiática FUSO, foi o primeiro
caminhão leve totalmente elétrico produzido em série. Já o
eVito Mercedes-Benz também foi disponibilizado para encomendas desde
novembro de 2017 e começará a ser entregue aos clientes a partir do segundo
semestre deste ano. Os próximos da fila são o ônibus urbano totalmente elétrico
Citaro e a eSprinter.
Como se vê, os veículos comerciais da Daimler Trucks,
Daimler Buses e Mercedes-Benz Vans garantem que todos os aspectos do
transporte urbano sejam atendidos por modelos elétricos. Juntamente com a
capacidade de carga, os principais objetivos são a sustentabilidade e a redução
de ruídos.
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