Alta Roda nº 979/329 – 08 /02 /2018
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O programa
Inovar-Auto vigorou entre 2012 e 2017. Teve um viés protecionista e outro
indutor de melhorias técnicas para diminuir consumo de combustíveis. Mesmo
tendo dificultado as importações de veículos, há considerações a fazer.
Quando se planejou aquele regime, o mercado brasileiro havia passado a quarto
maior do mundo e, assim, altamente atraente. O real tão valorizado em relação
ao dólar quase anulava a “proteção” de 35% do imposto de importação, alíquota
máxima acordada na OMC (Organização Mundial do Comércio).
Apesar de protestos justos dos importadores sem fábrica aqui, curiosamente
apenas quase quatro anos depois houve iniciativas de alguns países de
questionar o Inovar-Auto na OMC. Na prática, de pouco adiantou, pois o programa
já chegava ao fim. Em outras palavras, a demora em reagir representou apenas
vista grossa consentida.
Enquanto a burocracia interna também atrapalhava, sobraram como pontos
positivos os investimentos em pesquisa e desenvolvimento, além de um muito
bem-sucedido esforço induzido para reduzir o consumo de combustíveis de todos
os veículos comercializados no País. Introduziu-se o conceito bem interessante
de aumento de eficiência energética, medido em megajoules/km por modelo, que
compatibilizou diferenças entre gasolina e etanol.
Os resultados foram muito bons. Na média entre 40 marcas comercializadas no
País, o ganho no consumo médio ponderado foi de 15,4%. Segundo cálculos do
Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), os compradores de
veículos leves passaram a economizar R$ 7 bilhões por ano em combustíveis e
evitaram emitir 1 milhão de toneladas por ano de gás carbônico (CO2).
Houve também estímulo fiscal: redução de 1 ponto porcentual do IPI (até 2022)
para os fabricantes que chegassem a até 18,8% de economia. Sete alcançaram a
meta-desafio: Audi, Honda, PSA, Mercedes-Benz, Renault, Toyota e VW. Duas,
Chevrolet e Ford, superaram os 18,8% e ganharam 2 pontos porcentuais de
IPI.
A General Motors informou à Coluna que, na média, os carros de todas as marcas
produzidos no Brasil evoluíram, em cinco anos, mais do que nos últimos 20 anos
quanto à economia de combustível. No caso específico do Onix, modelo mais
vendido no País, a evolução em cinco anos foi de quase o dobro em relação ao
seu antecessor, o Corsa, produzido de 1994 a 2016 (23 anos).
Esse cenário deveria servir de base ao Rota 2030, novo programa esperado para o
fim de fevereiro. A indústria automobilística representa em torno de 4% do PIB
brasileiro e recolhe 10% de todos os impostos. Só este dado representa uma
distorção marcante. O que se discute, ainda, é um incentivo de R$ 1,5 bilhão
por ano dentro de um universo de renúncia fiscal na economia brasileira que
alcançou R$ 277 bilhões em 2015. O Governo Federal já diminuiu, de forma
acertada, aquele montante.
Precisaria prevalecer, agora, o bom senso. Nova rodada de melhoria de
eficiência energética será exigida dos fabricantes por mais dez anos, em dois
períodos quinquenais. É preciso continuar a investir em pesquisa e
desenvolvimento. Sem nenhum incentivo, esse esforço sai do Brasil para o
exterior. Simples assim.
RODA VIVA
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FORD mostrou novo aventureiro Ka Freestyle com cinco meses de antecedência de sua chegada ao mercado. É um hatch de visual mais arrojado que a atual versão Trail e altura de rodagem um pouco maior. A fábrica não informou o trem de força, porém a coluna adianta: motor 1,5 L tricilindro (nacionalizado já a partir de março) e câmbio automático de seis marchas.
ANO de 2018 começou com crescimento acima do
esperado. Sobre janeiro de 2017 subiram vendas (23,1%), produção (24,6%) e
exportações (23,6%). Os estoques, por motivos sazonais, ficaram no mês passado
em 38 dias, pouco acima do ideal (30 dias) e do considerado normal (35 dias).
Algumas previsões de vendas em 2018 subiram para mais 15%.
MOTOR V-6 turbo (dupla voluta) de 354 cv e nada
menos que 51 kgfm de torque garante ao SUV Audi SQ5 acelerar de 0 a 100 km/h em
apenas 5,4 s. Preço também é desafiador – R$ 397.400 –, mas inclui sistema de
som 3D, projeção de informações no para-brisa, tração 4x4 permanente, rodas de
20 polegadas, recursos de condução semiautônoma e até porta-copos
climatizado.
PRIMEIRA impressão é a que fica. Toyota não
aceitou o adágio popular e melhorou níveis de acabamento e equipamentos do
Etios. Tanto hatch quanto sedã começam a superar a fase inicial ruim. Parte
mecânica nunca sofreu críticas. Ainda assim, os dois modelos receberam opção de
caixa automática de quatro marchas, a preço competitivo e uso convincente no
dia a dia.
HONDA tratou de repaginar o City, na versão 2018,
para enfrentar tempos de concorrência com Virtus e Cronos. Para-choques
dianteiro e traseiro, grade, lanternas e faróis de LED, airbags laterais de
série e nova central multimídia para Android Auto e Apple CarPlay são as
principais mudanças. Preços vão de R$ 60.900 (câmbio manual) a R$ 83.400
(câmbio CVT).
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em
assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua
coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma
rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no
Brasil do site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
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