Coluna 1118 – 16.03.2018 edita@rnasser.com.br
Uma Placa Preta em Amelia Island 2018
Carlos
E. Garcia, Casé
enviado especial
Amelia Island é parada obrigatória para o verdadeiro
entusiasta de automóveis antigos, automobilismo histórico ou a pura paixão pelas 4 rodas. Integra
o circuito
mundial dos Concours d’Élégance, como Villa D’Este, Itália; Autoclasica, Argentina; e Pebble Beach,
também EUA. Esses grandes encontros de colecionadores reúnem o créme de la créme das
coleções. Infelizmente, no Brasil tal objetivo existe apenas em Araxá, MG, bianualmente.
Infortúnio
Devido à previsão de chuvas para o domingo, o que
não ocorreu, na quinta-feira anterior a organização decidiu antecipar para
sábado o Amelia Island Concours d’Elégance. Muitos aficionados foram
surpreendidos e, ou não compareceram, ou perderam grande parte pela
antecipação, impedindo e cancelando o empolgante encontro dos clubes de marcas
tradicional aos sábados. Agora só em 2019.
Amelia premia automóveis de uso normal, e incentiva
a preservação dos participantes em corridas, e pilotos estelares. Em 2018 homenageou o
primeiro brasileiro da nossa era de ouro. Campeão em várias categorias, Emerson Fittipaldi teve brilhante
carreira no Brasil, foi o 1º brasileiro campeão na Formula 1 em 1972, repetindo-o 2
anos após; abriu caminho à inclusão do Grande Prêmio Brasil no circo da Formula 1, sendo
decisivo na introdução de sequência de brasileiros na categoria, como Piquet e Senna.
Sempre foi apostador all-inner. Com a
carreira no ápice em 1975 embarca com seu irmão Wilsinho no sonho de construir um
carro e ser dono de equipe de Formula 1. Uma coisa absolutamente improvável. Em 1976 lança à mesa todas as suas fichas e torna-se
piloto da própria equipe, a Copersucar Fittipaldi.
Ao contrário do que reza o imaginário popular
conseguiu excelentes resultados
mas a política matou o sonho em 1982. Ele perdeu a
aposta.
Arruinado, foi redescoberto como piloto no
campeonato da CART de Fórmula Indy, onde em 1989 tornou-se o primeiro piloto a
vencer o campeonato, incluindo em seu cartel o 1º lugar na mítica prova Indy 500 daquele
ano. No lugar mais alto do pódio da Indy 500 em 1993 protagonizou antológica
cena, substituindo
protocolar garrafa de leite por outra de suco de laranja, produto brasileiro de
exportação, vindo de suas plantações.
Nos EUA Emerson ficou conhecido como Emmo,
e assim foi chamado por seus incontáveis fãs estadunidenses na festa de Amelia
Island.
Um homem que fincou tantos fatos inéditos no
consagrado automobilismo brasileiro e mundial, reverenciado e homenageado com nome de automóvel,
relógio, pela Maclaren Team, Kawasaki e tantos outros, contrasta com a falta de
reconhecimento em sua terra natal. Esse reconhecimento agora lá do que não tem
cá, o levou às lagrimas em público. Emmo-cionante.
Emerson, ou Rato para os íntimos, foi figura
presente e simpática nos dias viáveis nos belíssimos gramados do Campo de Golf do Ritz Carlton, onde
ocorre a
exposição. Em meio as diversas ilhas temáticas de esportivos, carros pré- guerra das décadas de 20 e 30,
elétricos, Cadillacs, Ferraris, Porsches, entre outros e expositores comerciais como Alfa Romeo,
MacLaren e Jaguar, reluzia a ilha dedicada ao homenageado onde distribuía sorrisos e autógrafos.
A curiosa Placa Preta
Qual foi a surpresa do restrito grupo de
brasileiros presente quando ao longe se
vislumbrou o Renault R8 amarelo? Esse automóvel é raro no
Brasil, importado para sondagem de mercado, mas integrou a Equipe Willys. É
brazuca! E porta placa com letras cinzas, fundo em denso breu, a
identificação brasileira de veículo de coleção: “EJC-6045, SP-São Paulo”.
Como isso chegou aqui? Todos se perguntavam.
Maurício Marx, colecionador, restaurador e divulgador da atividade, resume: Sempre
quis levar um de meus carros a evento nos EUA, mas presumia possíveis
dificuldades, pois os grandes colecionadores nacionais nunca expuseram fora do
Brasil. Quando li a homenagem ao Emerson, corremos para caracterizar o R8 nos
seus dias de glória. Correções, adaptações para a caracterização de corridas,
pesquisa e produção de material impresso para fazer um memorial e enviar aos organizadores submetendo a
inscrição. Bill Warner, o organizador, foi extremamente sensível, entendendo a
importante adição de um carro de corridas do Emerson ao início de
sua carreira. E aceitou a inscrição. Voltamos com um prêmio hors-concours. E
ano próximo estaremos lá.
Maurício foi com equipe caracterizada de sua
atividade, o Universo Marx, seu irmão Guilherme, e Paulo “Louco” Figueiredo,
curador de um museu paulista.
Tratando-se do primeiro carro de colecionador
brasileiro a participar de um Concours d’Élégance nos EUA,
deveria orgulhar o titular da Coluna, Dr. José Roberto Nasser. Sua
iniciativa pessoal, nos idos de 1985, para criar legislação reconhecendo essa
categoria não só incentivou, como determinou a preservação dos automóveis de
interesse histórico. Agora esses salvados do tempo são conhecidos e, principal,
reconhecidos internacionalmente.
Maurício, de rara simpatia, sugeriu que deveríamos,
como país, ter mais incentivo a esse tipo de participação cultural, sem a burocracia
desestimuladora
e quase inviabilizadora. Ao fim e ao cabo, o
empenho pessoal e irrestrito, somado à ousadia do pessoal do Universo Marx empurrou o carro por mais
de 5.000 km,
e abriu caminho a ser seguido. Como o Emerson fez lá naquele dia quente de julho de ´70 em
Brands Hatch. Se mais brasileiros acreditarem e ousarem, a história se repetirá, e em alguns anos
teremos tempos incríveis nos Concours do mundo, como aconteceu
na F1. A cobertura nacional se restringiu a essa Coluna. Merecia mais.
O show de Bill Warner, idealizador de tudo e chairman da
Amelia Foundation que ancora o movimento, foi espetacular mais uma vez.
Uma sequencia de carros fez homenagem a Ed “Big
Daddy” Roth. O desenhista, designer e construtor de hot
rods, que parecem emergir de um cartoon, lenda nos anos 50 e 60
com icônicos carros povoando o imaginário da juventude Beatnik.
Ilhas de marcas laureadas exibiram suas joias:
Martini Racing; Museu Porsche com foi o 917K short-tail de
1971 ganhador de Le Mans naquele ano, nas mãos do Dr. Helmut Marko e de
Gijs van Lennep.; relevo para Lancia 037, motor central e carroceria do
inovador compósito do então pouco conhecido Kevlar.
O evento demonstrou um claro movimento no
crescimento dos classic centers de marca. O já bastante
conhecido da Mercedes mandou uma bela Pagoda 280 SL e expos juntamente com sua
tríade de flagships, AMG GT – Maybach – G Class; BMW mostrava dois
carros de seu Museu e incitava colecionadores da marca a trazerem seus carros
para serem cadastrados. Dealer “Classic Partner”, da Porsche,
distribuía folders onde a marca reconhecia como clássicos
carros a partir de 10 anos.
Claramente as grandes marcas identificam a esteira
da Mercedes como bom nicho de mercado, repleto de pessoas dispostas a gastar
com seus sonhos.
Os eventos paralelos, quase sempre leilões de
clássicos, continuaram lá. Os resultados não foram muito satisfatórios segundo os organizadores.
Certamente isso se deve à mudança da data do Concours.
O prêmio Best of Show em Amelia
para duas categorias: Concours de Sport, e o próprio Concours
d’Élégance.
Best Sport o grande vencedor foi a Ferrari
250/275P, de 1963 como “250P” para o recém criado Campeonato Mundial de
Protótipos, ganhando os 1000 km de Nürburgring e as 24
Horas de Le Mans. Em 1964, alterado o regulamento, motor original V12 de 3
litros cresceu a 3,3 litros, alterando nome para 275P.
Hibridismo no nome atinge os dois eleitos. O Best do Concours, Duesenberg
J/SJ conversível de 1929, originalmente Modelo J, com motor 420 c.i., DOHC,
aspirado e, em alguma curva de sua história, o motor foi superalimentado,
ganhando a designação SJ. Além disso a carroceria original pela Walter M.
Murphy Co., celebrada coachbuilder de Passadena dos anos 20,
mas levemente alterada pela empresa Bohman & Schwartz. Por terem sido
feitas à época do carro, e para seu proprietário original, Edward Beale McLean,
dono e editor do The Washington Post, a alteração não comprometeu a relevância
da unidade e garantiu-lhe o merecido prêmio.
Gostou? Pensa em ir para Amelia Island em 2019?
Saiba, os brasileiros não a descobriram ainda, mas o resto do mundo sim. Então
programe-se.
Citroën C4 Lounge, sob medida
Citroën foi a campo para entender as vendas
desproporcionais de seu modelo C4 Lounge feito na Argentina. Difícil concordar
com a falta de competitividade do automóvel em seu segmento, quando olhadas
suas linhas e sentidas suas características. O automóvel é bem arrumado
visualmente, confortável para sentar e para o rolar, ótimo rendimento com o
motor 1,6 THP, T de turbo, desenvolvido em sociedade finalmente assumida com a
BMW. Preço muito bom, vendas baixas.
Pesquisas indicaram o óbvio para as marcas
francesas – falta de confiança -, e a marca centrou em processos de
envolvimento com o usuário, serviços bem pensados, facilidades, visando apagar
esta impressão. Outras constatações foram a necessidade de atender às modas
sino-sul-americanas – as mudanças foram desenvolvidas por equipe com franceses,
chineses, latinos, brasileiros. Nestas avultam a conectividade, atendida por
implementação nos sistemas de comunicação; design, bem marcado com
a mudança da frente, do grupo óptico frontal e traseiro, das mudanças no visual
e na eficiência da iluminação com luzes e assinatura visual em LEDs. Em estilo,
pelo visto as equipes de olhos puxados tiveram prevalência: o carro tem uns
traços coreanos.
Na prática aparência elaborada, espaço interno,
agradabilidade de uso, tecnologia de comunicação, bom preço, três versões de
decoração, todas equipadas em nível superior, serviços para facilitar a vida do
proprietário. Espera-se, decole.
Quanto custa
Versão
|
R$
|
Live
|
69.990 (PcD)
|
Feel
|
93.220
|
Shine
|
102.970
|
Ambas as versões superiores tem revestimento em
couro, rodas em liga leve. A inferior destina-se a pessoas com deficiência e o
preço indica o desconto legal. É a única com revestimento em tecido.
Roda-a- Roda
Multi – Ford iniciou fazer o EcoSport no Vietnã,
sexto país a produzir o modelo, global assinalador de mercados primários em
ascensão. Opção de motor 1,0 EcoBoost – maneira da companhia indicar uso de turbo -, ou 1,5 litro,
três cilindros,
transmissão manual de cinco velocidades ou automática com seis.
Também – Grupo PSA associou-se ao governo da Naníbia
para produzir veículos Opel GrandiantX e Peugeot 3008 a partir de agosto deste ano.
Coisa pouca,
5.000 unidades/ano em 2020, mas importante para a marca ao ampliar sua internacionalização. PSA
manteve a marca Opel após comprá-la à GM.
Melhor – Toyota incrementou Etios 2019 seu primeiro
degrau da marca no Brasil. Agregou, antes de ser tornado obrigatório, o controle de estabilidade
e tração e,
como item de conforto condutivo, o assistente de partida em rampa.
Mais – Criou versão inicial, simplória, economizando
na composição, a X Std (de standard, termo inglês, antes
identificando padrão, agora simplificação), para vendas diretas, a
frotistas ou governo.
Como - Para identificar a modelia, visualmente
moldura preta na grade frontal.
Mercadologicamente, cada versão está melhor
caracterizada em preços, abrindo o leque com o Std duas portas, motor 1,3,
transmissão manual, em R$ 47.270, fechando-o, após 13 versões, com o 1,5, 16V, sedã,
automático a R$ 67.320.
Mistura – Governo federal quer
liberdade para aumentar a mistura de álcool anidro à gasolina em proporção ao
seu gosto. Há arrepios na equipe econômica por significar queda de arrecadação.
Russos – Jogada bem estruturada, interessa aos
produtores de álcool, e é interessante a coincidência de surgir num ano
eleitoral. Mas falta combinar conosco, os russos. Qual o iluminado
advogado ou economista, funcionário do Governo, que garante a mistura como
produtiva aos motores?
Física - Os motores endotérmicos, os
com ignição por velas, foram transformados em Flex. E como em física não há
milagre ou decreto, não rendem idealmente, seja com as misturas gasálcool a
25%, seja com álcool e um pouquinho de água - como disse o Sérgio Habib,
importador da JAC, o motor flex é um pato: nem anda nem voa bem.
Questão - Aumentar a adição de álcool não
significa melhorar o rendimento, pois partir de 20% de não é aproveitada pelo
motor, ou seja, gera aumento de consumo sem gerar energia adicional. Na prática
o consumidor paga pelo que não recebe, e o usineiro sorri.
Trava – A defesa para os milhões de
donos de automóveis é caso para a área de proteção ao consumidor do Ministério
da Justiça? Para o Procon? Procuradoria Geral da República? Quem freia as
perigosas - e inexplicadas bobagens oficiais?
Ônibus – Marcopolo vendeu 300 ônibus à Nigéria. Base
Scania em 250 urbanos Viale. 50 micros Volare com chassis
próprio. No país desde os anos ’80, empresa criou imagem de
resistência, confiabilidade e conforto superiores.
Conselho – Mercado se reaquece crescendo 20% nos dois
primeiros meses; há pontos de favorecimento à aquisição de carros O km; e pergunta maior: você
pode – e deve – comprar um O Km?
Reinaldo Domingos, presidente da Associação
Brasileira de Educadores Financeiros fez vídeo sobre o tema. Está em Youtube Dinheiro
à Vista.
Festa – Fábrica de motores da FCA em Campo Largo,
Pr, adquirida à extinta
Tritec – joint venture entre
Daimler Chrysler e a BMW -, completou 10 anos de operação com produtos Fiat. Os motores EtorQ, de
Fiats e Jeeps são BMW desenvolvidos. Foi a primeira a utilizar robôs para os motores, e os
princípios do processo Indústria 4.0. Tem láureas de operação limpa.
Tecnologia – Moura, em colaboração tecnológica com a
norte-americana East
Penn, desenvolveu bateria para motoniveladoras e
pás carregadeira Caterpillar. Encomenda inicial 4.000 unidades/ano. Trabalho
exige resistência, e comprador, qualidade. 6v, 12 v, 24 v ? Fábrica não
informa.
Realidade – Vendo o carro autônomo como realidade
até 2020, especialistas lançaram primeiro livro científico sobre o tema: Direção autônoma: como a revolução
autônoma mudará o mundo. Autores de elevada qualificação acadêmica Andreas Herrmann, Walter
Brenere e Rupert Stadler, este presidente do Conselho de Gestão da Audi. Interessado em
cópia de revisão? julia.wegner@jvm.ch
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