Alta Roda nº 984/334 – 15 /03 /2018
Fernando Calmon |
Tempestades fortes de neve, na semana anterior à
abertura, parecem ter proporcionado um alento ao Salão de Genebra, que se
encerra no domingo. Essa exibição anual vem sofrendo forte retração de
rentabilidade, a exemplo de outros salões, mas mantém seu charme de exposição
enxuta e atraente. Esta edição está bem recheada por mais de 20 lançamentos
mundiais de peso.
Frenesi elétrico continua como elemento importante em vários estandes, mas
começa a perder algum fôlego. Fabricantes – BMW, Nissan, Renault e Tesla – que
se anteciparam nessa corrida tecnológica alcançaram, até agora, resultado
financeiro bem aquém do imaginado. Jaguar, por exemplo, mostrou seu primeiro
elétrico, o SUV médio I-Pace baseado no F-Pace, mas tratou de terceirizar a
produção para a austríaca Magna Steyr, sem prever volumes. Nissan estreou o
crossover elétrico IMx Kuro.
Volkswagen completou sua família conceitual I.D. de modelos elétricos com o
Vizzion, previsto para entrar em linha em 2022. Será o modelo topo de gama e
graças à arquitetura enxuta típica pode oferecer relação espaço interno/externo
bem superior à convencional. Também anunciou início do serviço próprio de
transporte compartilhado chamado Moia. Renault EZ-GO, micro-ônibus autônomo
conceitual, igualmente entra nessa onda de mobilidade alternativa.
Ainda na vertente elétrica, Porsche tem o Mission E Cross Turismo de linhas
inspiradas no sedã-cupê Panamera e tração 4x4. Espera-se que versão definitiva
não se renda à “síndrome dos penduricalhos”, pois o exibido em Genebra recebeu
apliques nos arcos de rodas.
Entre os carros convencionais, um dos destaques é a nova geração do Audi A6, de
linhas equilibradas e atraentes. Mercedes-Benz não ficou para trás. Um dos
modelos que mais chamam a atenção é o sedã-cupê de quatro portas AMG GT-R. Há,
também, nova geração do Classe A e revitalização do Classe C a ser produzido em
Iracemápolis (SP).
A BMW reformulou o X4, suavizando as linhas traseiras volumosas, com montagem
prevista em Araquari (SC); apresentou, em estágio de pré-produção, o elegante
M8 Grand Coupé.
Entre os carros que interessam ao mercado brasileiro de grande volume, destaque
para o C4 Cactus, segunda geração. A Citroën confirmou produção em Porto Real
(RJ). Lançamento previsto para o terceiro trimestre e, esperam-se, vidros de
descer nas portas traseiras sem o sistema basculante original. Ford Ka apareceu
em espaço meio escondido no estande com retoques visuais também previstos para
o modelo brasileiro, inclusive no interior.
Skoda Vision, embora bem disfarçado principalmente na parte interna, antecipa o
VW T-Cross a ser produzido em São José dos Pinhais (PR) a partir de janeiro do
próximo ano. Ambos usam arquitetura MQB e mesma distância entre eixos do
Virtus.
Outros modelos novos em Genebra que serão importados: quarta geração do Hyundai
Santa Fe ganhou linhas mais rebuscadas, Peugeot 508 demonstra enriquecimento
estilístico da marca francesa e Lexus UX, boa evolução do CT200 Hybrid.
O Salão reserva um bom espaço para supercarros esporte. Este ano, a
desconhecida Corbellati promete lançar um cupê de 1.800 cv que seria o de maior
potência do mercado, sem revelar pormenores. Se vai vingar é outra
história.
RODA VIVA
|
VELOCIDADE de
mudanças na mobilidade faz surgir previsões surpreendentes. Hoje, Apple é a
empresa de maior valor de mercado no mundo, cerca de US$ 900 bilhões. Porém,
diversificação dos grupos automobilísticos e crescimento na área de serviços
podem mudar isso dentro de 10 a 15 anos. Estimativa de Herbert Diess, da VW, em
entrevista à Automotive News.
RENAULT inaugurou ala na fábrica no Paraná:
injeção de alumínio para componentes do motor 1.6 L, que representa 60% das
unidades produzidas. Encerra final do ciclo de R$ 3 bilhões investidos. Novos
aportes só serão definidos após conhecimento do programa federal Rota 2030.
“Sem visão de futuro, não dá para saber onde e em que investir”, posição da
empresa.
NOVO SUV da Jaguar, F-Pace estreia aqui como o
modelo de entrada da marca. Motores 2.0 turbo de 250 cv e 300 cv, da recente
série Ingenium de projeto próprio (antes eram da Ford). Seu comportamento, na
avaliação de pista, é de grande agilidade pois tem apenas 1,65 m de altura e
posição ao volante próxima à de um automóvel. Preços de R$ 222.300 a
278.080.
ÂNIMO da Nissan para importar segunda geração do
elétrico Leaf – bem melhor que a primeira e com o dobro de autonomia (300 km) –
veio de pesquisa encomendada por ela mesma. Até 80% dos compradores do nosso
continente aceitariam a alternativa. Problema, como sempre, é preço em patamar
desanimador.
PASSAT, agora, é importado em versão única, com um só
opcional: teto solar. Preço de 164.620 e recheado de equipamentos (de dois
bancos elétricos a quadro de instrumentos digital reconfigurável). Amplo espaço
interno, ótimo porta-malas e motor 2-litros turbo de 220 cv de ótima pegada.
Compete em segmento de grande oferta e compradores exigentes.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmo fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
Nenhum comentário:
Postar um comentário