Alta Roda nº 986/336 – 29 /03 /2018
Fernando Calmon |
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no início deste mês de março, no Salão do Automóvel de Genebra, este colunista
procurou a Audi para saber se já existia estimativa de preço para o sistema
autônomo de nível 3 do seu modelo de topo A8, exibido seis meses antes no Salão
de Frankfurt. A resposta foi que o governo alemão ainda não havia liberado o
regulamento de homologação, apesar de existir uma legislação prévia desde junho
do ano passado. Assim, a precificação continuava pendente. Nível 3 tem limitações
como velocidade máxima de 65 km/h e separação física de fluxo e contrafluxo de
trânsito.
Menos de 15 dias depois, um Volvo XC90 autônomo de nível 4
operado pela empresa de serviços de mobilidade Uber se envolveu em um acidente
fatal no Estado do Arizona, EUA. Uma mulher a pé, empurrando uma bicicleta, não
foi detectada previamente. Colhida pelo carro a 60 km/h, fora da faixa de
pedestres numa avenida da cidade de Tempe cujo limite era de 70 km/h, resultou
em enorme comoção e abriu grande debate sobre segurança dessa tecnologia.
O nível 4 de autonomia, quando chegar ao mercado, libera
totalmente o motorista de dirigir ou mesmo supervisionar a condução do veículo.
Nos testes, porém, é exigido pelo menos um técnico ao volante. No caso do Uber
a câmera de bordo registrou sua distração. Um segundo técnico ajudava na
primeira fase, mas com boa evolução ele foi dispensado. O desenvolvedor toma
essa decisão, mas ao que parece o sistema do Uber é o menos confiável de todos.
Divisão Waymo, da Google, afirmou que seus algoritmos mais
robustos já permitem eliminar qualquer supervisão nos testes e esse acidente
não aconteceria. Por outro lado, a fabricante de radar e câmeras Aptiv garante
que os equipamentos instalados no XC90 funcionavam perfeitamente. Uber teria
desligado a interface original com o carro para utilizar os próprios controles.
Reação mais dura veio de Keith Crain, dono e editor da
respeitada publicação americana Automotive News. Para ele, testes de
tecnologias não maduras fora de campos de prova deveriam ser proibidos. Também
questionou a demanda e o preço do equipamento, apesar de reconhecer o enorme
potencial de avanço para segurança do trânsito.
Além do Uber, fabricantes como a Toyota decidiram suspender
seus testes em ruas e estradas dos Estados Unidos. O governo do Arizona, o mais
liberal dos Estados americanos quanto aos autônomos, anunciou nesta
segunda-feira a interrupção das autorizações. Há forte movimento no Congresso
do país para regulamentar todo o ecossistema dessa tecnologia, como testes,
homologações, comercialização e, em especial, as responsabilidades sobre
eventuais acidentes.
Na realidade, enquanto o NTSB (sigla em inglês para Conselho
Nacional de Segurança nos Transportes) não concluir análises independentes, é
prematuro prever qual o atraso decorrente do lamentável acidente. Os mais
realistas acreditam em três anos ou mais. Afinal, o otimismo se mostrou
superior aos problemas reais.
Os clientes também podem desanimar diante do debate
principal: erro humano é mais aceitável que o de máquinas, mesmo estas
colaborando para um trânsito mais seguro? Há de se achar aí o meio-termo, mas a
tecnologia deve prevalecer.
RODA VIVA
DESTA vez vai.
Segundo três fontes da Coluna, Rota 2030 será anunciado dia 12 de abril pelo
presidente Michel Temer, em encontro no Palácio do Planalto em Brasília. Foram
convidados todos os presidentes das empresas fabricantes de veículos no País. O
programa de longo prazo estabelece novas obrigações (pesquisa, segurança,
consumo e outras), além de estímulos fiscais menores que os anteriores.
CONFORME adiantado
neste espaço, a Volkswagen confirmou, ao comemorar 65 anos de fundação da
filial no Brasil, que o Tiguan mexicano será oferecido em versões de cinco e
sete lugares, a partir de abril. No plano de 20 lançamentos até 2020/21 este é
um dos cinco modelos novos que serão importados. Os outros: Jetta (do México),
Atlas (dos EUA) de sete lugares e também a futura versão de cinco lugares e a
terceira geração do Touareg (por encomenda).
HONDA refinou a quinta
geração do SUV médio-compacto CR-V. Agora vem dos EUA e, assim, um pouco menos
competitivo em razão da alíquota de 35% de imposto de importação. Versão única
e completa sai por R$ 179.900. Construído sobre arquitetura do Civic, tem motor
mais forte (190 cv/24,5 kgfm), ótimo espaço interno, assoalho plano e
porta-malas de 522 litros.
INTERIOR do CR-V foi
bem melhorado em termos de materiais e acabamento. Projeção de informações
(head-up display) é sobre uma pequena tela de acrílico e não mais no para-brisa.
Tração 4x4 ajuda a equilibrar seu comportamento mesmo em estradas asfaltadas.
Dois itens especialmente práticos: freio de imobilização elétrico automático e
câmera de boa definição no espelho retrovisor direito com comando seletivo ou
automático.
RESSALVA: executiva americana
Denise Johnson foi a primeira mulher no comando de um fabricante no Brasil (GM,
2010). Theresa Borsari, da PSA, no entanto, tornou-se primeira brasileira nessa
função.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em
assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua
coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma
rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no
Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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