Coluna 1318 30.03.2018 edita@rnasser.com.br
Mercedes se renova
e implanta o Indústria 4.0
Maior fabricante de caminhões no Brasil – e
consequentemente escrituradora dos maiores prejuízos durante o inesquecível
governo (sic) Dilma -, Mercedes apostou no futuro, aplicou R$ 770 M para um
salto de qualidade, implantando os processos Indústria 4.0 em São Bernardo do
Campo, SP, e na fábrica de cabines em Juiz de Fora, MG.
Indústria 4.0 é novo patamar de evolução, marcado pelo
diálogo entre máquinas. Reduzindo intervenção de mão de obra, empregando
carrinhos comandados eletronicamente para levar peças à linha de montagem. Sem
papéis, todas as operações coordenadas por computadores, tablets e celulares,
sistema envolvendo vendas, caminhão ao ser montado é individualizado, atendendo
especificações do comprador. Processo envolve parte física, com implantação de
linhas elétricas subterrâneas para fazer os carrinhos receber, transportar e
entregar as peças nas mãos dos operários, mudança de equipamentos visando menor
esforço físico e ganho de tempo, treinamento de fornecedores e colaboradores.
Na prática o ganho de produtividade inicial é de 15% em tempo e espaço, aspecto
crítico para a Mercedes, nascida numa fazenda e hoje cercada de casas, vilas e
bairros vedando sua expansão.
A hiperconectividade – também chamada com intimidade de
Dataparafuso por monitorar todas as partes e sua aplicação – eleva padrão de
qualidade, pois ao acompanhar cada operação durante a construção, eventuais
falhas são corrigidas na hora e local, e o ganho da qualidade dispensa a
inspeção e os testes ao final da linha de produção. Outro item, reduz estoques
a 48 horas, liberando espaços industriais.
Primeiro passo, o Indústria 4.0 será estendido aos outros
setores da fábrica – a Mercedes não é montadora, mas fábrica verdadeira,
produzindo os órgãos vitais de seus caminhões, motores, câmbios, eixos,
chassis. Como o sistema sabe quais os passos para agregar os órgãos mecânicos,
equipamentos e acessórios para atender à encomenda dos clientes, a linha de
montagem pode receber todos os modelos de caminhões, reduzindo a área
necessária à produção.
O sistema é uma revolução industrial e sua implantação
pela Mercedes motivará todas as outras marcas e montadoras à atualização.
Honda importa novo
CR-V
Dos importados de
maior sucesso, o Honda CR-V volta ao país, trazido dos EUA, quinta geração do
bem sucedido SUV – tem tração nas quatro rodas engatável automaticamente sob
demanda -, e mecânica liderada pelo motor L4, 1,5 litro, 16 v, 190 cv,
poderosos 24,5 m.kgf de torque; dianteiro, transversal, câmbio CVT por polias
variáveis, 7 velocidades.
Nem parece utilizar
a plataforma do Civic, ao oferecer enorme espaço aos passageiros, mantendo uma
das características marcantes de seus veículos utilitários, a grande capacidade
interna de combinar arranjos e criar espaços para levar objetos compridos. É
veículo eminentemente familiar, apesar de não ser lento. Conectividade
incrementada.
Honda Brasil maneja
doce problema: sua capacidade produtiva está plena, e empresa espera
crescimento do mercado para justificar a operação da fábrica inaugurada e
fechada em Itirapina, SP. Enquanto não puder dar salto de vendas, utilizará de
expedientes como fazer importações para manter atratividade aos salões dos
revendedores, como o faz com os importados Accord e, agora, o CR-V. Carro
completo, sem opções, R$ 179.900, o mais caro da marca.
FCA informa: sai
Ketter, entra Filosa
FCA indicou troca
de comando para as operações na América Latina. Sai Stefan Ketter, engenheiro,
brasileiro, apesar do nome, e assume Antonio Filosa, engenheiro, 44,
italiano.
O engenheiro Ketter
ganhou rótulo no Brasil: antipático competente. Fez ótimo serviço na FCA:
implantou a marca Jeep; construiu fábrica em meio a canavial pernambucano;
geriu o desenvolvimento dos três veículos nela produzidos, os Jeeps Renegade e
Compass, e o Fiat Toro, os dois últimos líderes de venda em seu segmento. Acima
disto, não divulgado, mudou o conceito de qualidade produtiva dos Fiat. Seus
novos produtos, Argo e Cronos, estão mais para produtos alemães.
Tanta competência
não fez amigos – ao contrário, anúncio de sua saída, motivou muitos drinques na
noite de sexta, churrascos no sábado.
O eng. Ketter mudou
toda a diretoria, resumiu quadros, aumentou a carga de serviços sobre os
remanescentes, incrementou as avaliações tecnológicas em detrimento das
humanas; meteu-se até nos programas de lançamento de produtos, e ofereceu aos
concorrentes uma conclusão prática ao inovar à apresentação do Mobi: digital media influencers, gente
escrevendo em blogs sem ser jornalista ou especializado em automóveis, em
detrimento da imprensa especializada. Retorno pífio desta mídia.
Competente, volta à
sua posição de Vice Presidente mundial para manufatura.
Nada a ver
Engenheiro pelo Instituto Politécnico de Milão e Gestor
pela mineira Fundação Dom Cabral, Antonio Filosa é napolitano, com larga e
ascendente carreira na marca: foi o gestor da fábrica Fiat em Betim, MG,
recordista mundial ao produzir 3.300 carros/dia sob o mesmo teto; e pinçado a
frequentar logística, compras, fornecedores, marketing, gestão de produtos,
presidente da Fiat Argentina.
Dele espera-se olhar ameno: para a fábrica de
Betim, desprezada na gestão Ketter; para as relações com os colaboradores,
também descompromissadas; com a imprensa especializada, vista pelo antecessor
como elefantes a caminho do desaparecimento.
Tem característica positiva ao meio: gosta de
dirigir, e de automóveis novos e antigos. Para lembrar, a Fiat apenas se
descolou do fim da fila do mercado quando teve mandatário apreciador de
produto. Gostar de automóveis conduzindo fábrica de automóveis é fator
fundamental ao êxito.
Volks faz 65 anos
de Brasil
Situação invulgar,
crescimento sustentado, recuperando 2º lugar em vendas, querendo voltar à
liderança, Volkswagen comemorou 65 anos no Brasil. Não considerou como data
base o início da montagem dos produtos da marca pela representante Brasmotor,
mas de sua presença direta com pequena operação artesanal de montar sedans e
Kombis em primária linha à rua do Manifesto, bairro do Ipiranga, SP. Após,
construção da fábrica em São Bernardo do Campo, SP; Taubaté, SP; fábrica de
motores em São Carlos, todos em São Paulo, e beiradas de Curitiba, Pr, comemora
muitas histórias e a fabricação de 23 milhões de unidades – representadas pelo
mais novo de seus produtos, o Virtus. Curiosamente não apresentou série
especial para marcar a data.
Roda-a-Roda
Ex-careta – Medo de extinguir-se pelo engessamento de
suas propostas e envelhecimento de sua clientela, luxuosa norte-americana
Cadillac se reinventou com veículos, competições, engenharia.
Poderosa – Última novidade, motor V8, 4,0 litros, dois
turbos e aproximados 550 cv de potência. Tudo novo, bloco em alumínio, diâmetro
x curso 86 mm x 90,2 mm, seis mancais fixos, 9,8:1 de compressão, exigência de
gasolina superior. Emprega os dutos de escapamento correndo pelo berço do V,
solução antiga, assim como os turbos, solução Mercedes.
Independência – Coisas da GM, é motor exclusivo para a
divisão. Chevrolet continuará com V8 de geração anterior. Engenho equipará o
cupê CT6 V-Sport, e ante a poderosa cavalaria, Cadillac adotou o axioma de
Pirelli: Potência não é nada sem controle,
aplicando tração nas 4 rodas para dirigibilidade.
Mais uma –
Fábrica da Volvo em Ghent, Bélgica, iniciou produzir automóveis Lynk&Co,
nova marca de volume da Zhejlang Geely. As três empresas pertencem à holding
chinesa proprietária da Volvo. Ideia é criar nova marca com cara europeia - e
não chinesa.
Fila anda – Com
ou sem as regras do Rota 2030, o nunca terminado projeto do governo federal
regrando as indústrias automobilística e autopartista, e o contraponto de
redução de tributos relativamente ao ganho em tecnologia, BMW resolveu colocar
o SAV BMW X3 em montagem em sua fábrica em Araquari, SC.
Investimento –
Quer presença no segmento de maior crescimento. A linha X representa 60% da
montagem catarinense. Duas versões: motor L4, 2 litros, turbo, e 252cv; L6, 3,0
litros, 360 cv. R$ 310.000.
Tiguan – Muito
bom, porém mal explorado pela VW, reaparece no mercado em versão nova e opções
de duas distâncias entre eixos, para cinco e sete passageiros; motores 1,4 e
2,0 litros, turbo com injeção de combustível. Câmbio automático, 6 velocidades,
tração em duas e quatro rodas. Preços não ajustados, mas aposte entre R$ 110
mil e R$ 140 mil. Vem do México.
Sinal – No
projeto da marca em ter 5 SUVs no mercado sul americano, exibiu o conceito do Projeto
Tarek, também chamado Tharu. Em fugaz apresentação na China foi apresentado
como Concept Powerful SUV. Motor L4, 1,4 litro, TSI,
Mais - Será
produzido na Argentina em 2020, sobre a jeitosa plataforma MQB em versão maior
ante as utilizadas no Brasil para Polo e Virtus, base para o T-Cross, próximo
produto da VW no Brasil.
Toro 2019 –
Líder no segmento, picape Toro antecipou linha com carimbo do próximo ano.
Agregou versões equipamentos como o desembaçador do vidro traseiro em todas,
implementou acessórios.
O que - Das
novidades, Endurance 1,8 litro, Flex, transmissão automática de 6 velocidades e
Volcano 2,4, Flex, automática, 9 velocidades.
Preços entre R$ 91 mil para Endurance 1.8 Flex AT6 e R$
143 mil a Volcano diesel, automática, 4x4.
De volta – Effa,
antes encomendadora de veículos montados na China, assumiu feição industrial:
monta em Manaus quatro modelos de picapes, cabines simples e dupla, motores
1,0, 53 cv, e 1,3, 78 cv, transportando entre carga e passageiros 940 kg.
Preços entre R$ 40 mil e R$ 57 mil. Não indicou qual o fornecedor das peças e
conjuntos.
Ecologia –
Fábrica Jeep em Pernambuco é a primeira Aterro Zero. Na prática, material
sobrante da produção é reciclado, sem danos ao meio ambiente. Agrupa resíduos
próprios e do parque de fornecedores em seu entorno.
Pesquisa – Atividade da empresa aproveita os retalhos das
chapas estampadas para gerar peças menores, e transforma isopor em canetas e
capas para CDs. Segredo da gestão do lixo é evitar produzi-lo. No período
reciclou 1.500 toneladas de papelão – 300 mil árvores deixaram de ser cortadas.
Cultura – Cinco anos após fechar o Walter P Chrysler
Museum em Auburn Hills, perto de Detroit, Chrysler resolveu transformar o
prédio onde construía o agora descontinuado Viper em local para 85 exemplares
de sua coleção de 400 veículos históricos. Será espaço de convivência e bem
estar.
O futuro chegou. De novo
Em 1953 a Mercedes acatou a sugestão de um representante
tornado sócio numa operação brasileira, e decidiu por instalar-se
industrialmente no país. Adquiriu uma fazendinha em São Bernardo do Campo,
local de agropecuária e cerâmicas onde, nas vizinhanças, haviam duas esforçadas
iniciativas privadas, operando há alguns anos. Uma, pioneira no local, a
Brasmotor montava produtos Chrysler e Volkswagen. Outra, a Varam Motores,
iniciou montar Nash – marca dos EUA -, depois Fiat.
Decisão importante, sem saber avalizaria os planos de
implantação da indústria automobilística no Brasil, a iniciar-se ainda naquele
1953, e com projeto tocado pelo governo JK a partir de 1956. O fato de a
Mercedes, marca internacionalmente sólida, história imbricada com a do
automóvel, diferia das outras operações, de origem norte-americana, mas em
marcha lenta. Quando o Brasil montou Road
Shows internacionais para expor ideias, facilidades, e atrair as marcas ao
Brasil, a Mercedes era uma das grandes, sólidas, e havia chegado ao país nas
beiradas do novo ciclo, ao contrário das outras – exceto a incógnita e confusa
Willys-Overland, que viria a liderar o mercado e desaparecer em uma década. A
Mercedes-Benz foi a grande referencia para o projeto brasileiro de mobilidade.
A implantação do sistema Indústria 4.0, de
hiperconectividade, uso intensivo de dados, arquivos em nuvem, responsável por
ganhos de produtividade, evolução profissional da mão de obra, racionalidade,
exibe, novamente, o pioneirismo e o aval da Mercedes ao futuro. Implantando o
sistema exigirá ser seguida pelos fornecedores e concorrentes. Em indústria
automobilística brasileira a Mercedes serviu de avalista para implantação, e
motivadora à ida ao futuro. Onde já chegou.
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