Wagner Gonzalez |
Daniel repete o feito do pai e é confirmado pela Ferrari
O equilíbrio que
caracteriza a Stock Car brasileira poderá ser severamente abalado na temporada
do ano que vem, quando a Toyota desembarca oficialmente na categoria na qual a
Chevrolet tem reinado absoluta e quase que solitária. Encerrada temporada de 2019,
com a conquista do terceiro título consecutivo de Daniel Serra, engenheiros, equipes e pilotos se movimentam para as 12
etapas de 2020, a primeira delas prevista para acontecer dia 29 de março em
Goiânia (GO), quando será disputada a Corrida de
Duplas, evento que normalmente
conta com a presença de convidados especiais e que marcará a estreia de um novo
carro. A ligação da marca japonesa com Fernando Alonso já suscita comentários
que o bi-campeão da F-1 poderá ser uma das atrações desse evento.
Otimismo é o que não falta
no circo da categoria, conhecida pelo equilíbrio das disputas, em especial
durante os treinos: não raramente 15 pilotos se classificam com diferença
inferior a um segundo, situação vista em pouquíssimos campeonatos em todo o mundo.
Ironicamente essa qualidade tem tudo para ser atenuada na primeira fase da
temporada: carros novos, motores diferentes e a disputa que Chevrolet e Toyota
alimentarão naturalmente são motivos que endossam essa projeção. Este ano os
japoneses levaram a melhor na Monster Energy Nascar Cup ao chegar ao título com
Kyle Busch.
Os carros de 2020
abandonarão a bolha e célula de sobrevivência usadas desde 2010, chassis
tubulares originados de um projeto argentino e melhorados pelo engenheiro
Gustavo Lehto e a fábrica JL. Esta empresa, controlada pela Família Giaffone,
há tempos é a única responsável pelo desenvolvimento dos carros e motores,
situação que já deixou de existir: embora ela continue projetando e construindo
peças para o modelo Chevrolet Cruze, parte da carroceria do Toyota Cruze está
sob responsabilidade da empresa Pavão Design.
Ainda que câmbio,
diferencial, estrutura tubular, freios, rodas e suspensão sejam mantidos para
2020, a parte central do carro será revestida por peças da carroceria original
dos dois modelos que entrarão na pista. Para facilitar a construção dos carros
as equipes receberão itens como portas e teto para serem montados no chassi
atual, decisão que foi considerada mais prática e viável.
Com relação aos
motores, as equipes ligadas à Chevrolet continuarão usando os atuais, que
certamente passarão por extensa e profunda revisão; os times escolhidos pela
Toyota receberão novas unidades fabricadas pela Triad, empresa que desenvolve o
programa de competições da fábrica japonesa nas categorias ligadas à Nascar e
soma mais de 100 vitórias nos três campeonatos disputados. A Pirelli confirmou
que os pneus de 2020 serão do composto médio, já usados este ano e fabricados
em Campinas; teste comparativos com a opção de composto macio determinou tal
escolha. Para 2021 já se conhece mais uma mudança: a caixa de câmbio X-Trac
usada atualmente será substituída. Otimistas de plantão apostam na chegada de
uma terceira marca, até mesmo de uma quarta, algo que seria mito bem-vindo.
No ambiente externo às
oficinas a movimentação também é marcante. O tri-campeão Daniel Serra foi
confirmado na equipe RC-Eurofarma junto com o bi-campeão Ricardo Maurício
(2008/2013). A conquista de Serra repetiu o feito de seu pai, Chico Serra,
tri-campeão em 1999/2000/01) e foi coroada com o anúncio de sua contratação como
piloto oficial da Ferrari para as provas de Endurance. Para 2020 o time
liderado por Rosinei Campos terá apenas dois carros, consequência de uma
revisão da Eurofarma em seu programa esportivo. A decisão afetou diretamente
Max Wilson, campeão de 2010, que no fim de semana fez sua última apresentação
pela equipe onde entrou em 2009.
Cacá Bueno, outro nome consagrado na Stock Car
vê com bons olhos a chegada da Toyota e outras possíveis fábricas à categoria,
onde mantém uma equipe em sociedade com William Lube e Duda Pamplona.
Penta-campeão (2006/7/8/10/13) e com ampla experiência em provas internacionais
de Turismo, ele explica seu otimismo:
“A participação de fábricas na Stock Car vai
alavancar a chegada de novos patrocinadores e investidores, em especial os
fornecedores dessas fábricas. Esse é o modelo que funciona muito bem na
Argentina e em vários outros países.”
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