O Campeonato Brasileiro de Fórmula Truck revelou em
Londrina (PR), no último domingo (7), o 23º vencedor de sua história. Paulo
Salustiano fez valer o favoritismo que demonstrou nos treinos e, em um
resultado decidido de forma inédita para a grande maioria dos pilotos, foi
declarado vencedor do GP Crystal, que valeu pela segunda etapa da competição. A
corrida aconteceu no Autódromo Internacional Ayrton Senna.
Piloto da Fórmula Truck desde 2010, Salustiano alcançou a vitória em sua 32ª
participação, a segunda como piloto do Mercedes-Benz número 55 da ABF Racing
Team, equipe campeã brasileira e sul-americana do ano passado com o paranaense
Leandro Totti. A categoria não conhecia um novo vencedor desde a penúltima
etapa de 2011, quando Danilo Dirani levou o Ford número 70 da DF Motorsport ao
primeiro lugar em Curitiba.
“Era um desafio para mim. Eu tinha que ganhar, afinal estou correndo no
caminhão com o qual o Totti foi campeão. Só que é outro caminhão. Como o
regulamento restringiu a potência dos caminhões Mercedes-Benz para esta
temporada, para valorizar a competitividade, perdemos cerca de 150 cavalos”,
conta o piloto. “Assim, tivemos que trabalhar duro para contornar isso,
inclusive desenvolvemos um novo tipo de amortecedores”.
A etapa londrinense foi decidida na soma de tempos das duas baterias – a
interrupção depois de 14 voltas fez-se necessária para as equipes poderem
efetuar a troca dos pneus dos caminhões, dada a mudança na condição de pista
decorrente da chuva. Salustiano, líder com vantagem de cerca de seis segundos
no momento da interrupção, cruzou a linha de chegada em segundo, atrás do
gaúcho Régis Boessio, da ABF Desenvolvimento Team.
A soma dos tempos das duas baterias deu a Salustiano vantagem de 2s609 sobre
Boessio. A comemoração da ABF Racing Team estendeu-se ao paranaense Diogo
Pachenki, seu outro piloto, que subiu ao pódio como terceiro colocado já em sua
segunda corrida na Truck. Após a vitória, Salustiano sequer tentou disfarçar o
momento de forte emoção e foi às lágrimas. “Eu fiquei muito feliz, chorei muito
antes de descer do caminhão”, diz.
O piloto não poupou agradecimentos durante a cerimônia de pódio. “Agradeci a
Deus, porque sem Ele nada disso seria possível, e à dona Neusa, pela
oportunidade de eu correr na categoria”, frisa, citando a presidente da
F-Truck, Neusa Navarro. “Longe de menosprezar as demais categorias onde eu já
corri, a Fórmula Truck é a melhor. Sinto por não ter conhecido pessoalmente o
Aurélio Félix, criador desse evento magnífico”, acrescenta.
A ETAPA LONDRINENSE
Salustiano foi mais rápido em três das quatro sessões de treinos livres em
Londrina. Em uma, ficou em segundo lugar. Seu favoritismo à conquista da
pole-position esbarrou na chuva, que alterou o formato habitual da tomada de tempos
classificatória – como choveu com o treino já iniciado, a prática acabou
suspensa e todos os pilotos foram à pista ao mesmo tempo, para um treino
classificatório único com duração de 20 minutos.
“Eu tive um sentimento de frustração na hora. Pensei ‘não é possível, vai
complicar tudo’. Não vou negar que fiquei preocupado, porque o Régis tem um
caminhão com suspensão mais macia, realmente é mais rápido na chuva. E, como
havia previsão de chuva na corrida, também, ele passou a ser a maior ameaça”,
resume Salustiano, que ficou em quarto no grid. Boessio, valendo-se do acerto
eficiente para asfalto molhado, obteve a pole-position.
“No fim da tomada de tempos a pista foi secando, foi se formando um trilho. Eu
poderia até ter conseguido um segundo lugar no grid, se não fosse o tráfego.
Para piorar, ainda bati com o Rogério Castro e meu caminhão entortou bastante”,
relembra. O trabalho para restabelecer as condições do caminhão foi noite
adentro. “No warm up, mesmo com a possibilidade de chuva, acertamos o caminhão
para a condição de seco. Senti que era o caminho”.
A primeira parte da prova londrinense representou missão cumprida para
Salustiano. Assumiu a liderança e estava quase seis segundos à frente de
Boessio quando a etapa foi interrompida. “Tive muita dificuldade para passar o
Régis, ele tem um câmbio diferente, que dá vantagem nas retas. Tivemos uma
disputa forte, mas leal. Além de ser um grande piloto, ele joga limpo. Quando
eu passei, ele poderia ter me tirado da pista, mas foi muito limpo”.
Feita a troca de pneus, a corrida foi reiniciada para mais oito voltas. A
condição mais favorável de Boessio em pista molhada permitiu-lhe assumir a
liderança a poucas voltas do fim. “Faltavam cinco minutos de prova, isso daria
três ou quatro voltas. Eu só tinha que comboiá-lo. O Pipo Ferreira, meu chefe
de equipe, fazia a leitura da diferença volta a volta para eu ajustar o
controle”, lembra Salustiano. “No fim deu tudo certo, foi maravilhoso”, revive
a vitória.
A terceira etapa do Campeonato Brasileiro de Fórmula Truck, no dia 19 de maio,
será disputada na cidade pernambucana de Caruaru (PE), na pista também batizada
como Autódromo Internacional Ayrton Senna. A prova valerá como segunda etapa do
Campeonato Sul-Americano.
No Brasileiro, depois de duas corridas, a classificação da competição é a seguinte:
No Brasileiro, depois de duas corridas, a classificação da competição é a seguinte:
1º) Paulo Salustiano (SP/Mercedes-Benz), ABF Racing Team, 48
2º) Régis Boessio (RS/Mercedes-Benz), ABF Desenvolvimento Team, 41
3º) Wellington Cirino (PR/Mercedes-Benz), ABF/Mercedes-Benz, 32
4º) Diogo Pachenki (PR/Mercedes-Benz), ABF Racing Team, 26
5º) Geraldo Piquet (DF/Mercedes-Benz), ABF/Mercedes-Benz, 23
6º) Valmir Benavides (SP/Iveco), Scuderia Iveco, 16
7º) Leandro Reis (GO/Scania), Original Reis Competições, 15
7º) André Marques (SP/MAN), MAN Latin America Racing Team, 15
7º) João Marcos Maistro (PR/Volvo), Clay Truck Racing, 15
10º) Roberval Andrade (SP/Scania), Ticket Car Corinthians Motorsport, 12
11º) Leandro Totti (SP/MAN), MAN Latin America Racing Team, 11
12º) Beto Monteiro (PE/Iveco), Scuderia Iveco, 10
12º) Alberto Cattucci (SP/Volvo), ABF/Volvo, 10
14º) Ronaldo Kastropil (SP/Scania), Ticket Car Corinthians Motorsport, 7
15º) Pedro Muffato (PR/Scania), Muffatão, 6
15º) Jansen Bueno (PR/Volvo), DB Motorsport, 6
15º) Djalma Fogaça (SP/Ford), 72 Sports/Ford Racing Trucks, 6
18º) Débora Rodrigues (SP/MAN), MAN Latin America Racing Team, 2
19º) José Maria Reis (GO/Scania), Original Reis Competições, 1
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