Wagner Gonzalez |
Estivéssemos falando do Brasil da era Lula e caberia
muito bem o chavão “Nunca antes na história deste País…”, mas como o personagem
em questão é um certo octagenário de nome Bernard Charles Ecclestone é pouco
prudente usar esse expediente. Afinal, muitas vezes na história da F1 a partir
dos anos 1970 esse inglês que completou 83 anos no último 28 de outubro já foi
dado como vencido e derrotado, prognóstico jamais consumado. Desta vez a
possibilidade de uma mudança radical no reino que ele comanda com mão de ferro,
inteligência superior e poder inabalável parece menos figurativa e mais
punitiva: em audiência na Alta Corte de Londres Bernie teria admitido que
comprou os votos de Alain Prost, Eddie Jordan e Tom Walkinshaw para assinar o
Acordo de Concórdia de 1998 em troca de U$ 10 milhões para cada um.
Tivesse o dinheiro sido pago em contas bancárias das
equipes Prost Grand Prix, Jordan e Arrows, respectivamente, e não na conta
pessoal destes envolvidos a situação poderia ter contornos diferentes no
julgamento em questão. Como além desse caso a Justiça alemã também analisa o
pagamento de um pagamento U$ 10 milhões maior que a soma desses “investimentos”
a Gerhard Gribkowsky. Este banqueiro alemão teria trabalhado para que a venda
das ações da FOM fosse fechada com a CVC Partners (nenhuma relação com a
empresa brasileira de turismo) e não com outra interessada nesse investimento.
Gribkowsky agora colocou pimenta em cima do dendê desse vatapa e através dos
seus advogados afirmou que sofreu coação física de Bernie para aceitar a
propina e o acordo.
É provável que em algumas semanas o caso se desenrole
mais e fique mais claro o futuro do homem forte da F1, que vê ainda outras
mazelas vivendo momentos de Fênix. O inglês Nigel Stepney, principal envolvido
na venda dos segredos da Ferrari para a McLaren na temporada de 2007 e agora
reaparece no mundo dos Grandes Prêmios declarando que a Scuderia usou um fundo
ilegal em seus carros para vencer o GP da Austrália de 2007 com Kimi Räikkönen.
A Ferrari, todos que seguem a F1 sabem, tem privilégios na suas negociações com
Ecclestone.
Enquanto isso o mundo da F1 vai dando seus retoques
finais no elenco para a temporada de 2014 e ontem (11/11) foi anunciado que
Felipe Massa vai pilotar para a equipe Williams no ano que vem. Na edição de
17/09 esta coluna considerou o acordo entre Massa e o time inglês como uma das
mais prováveis para garantir o brasileiro na F1, como se pode ver clicando aqui.
Ao que tudo indica o contrato assinado é válido para a temporada de 2014
apenas, porém é lícito acreditar que a Williams Grand Prix Engineering (WGPE)
tenha opção prioritária na definição do futuro de Massa no que se refere a
2015.
A WGPE tem sede em Groove, pequena vila no Condado de
Durham, na Inglaterra e ocupa as antigas instalações de uma indústria
farmacêutica. Em 2011, quando fez uma oferta pública de ações (IPO) na Bolsa de
Frankfurt, a equipe estava avaliada em € 265 milhões, valor que variou em
função dos parcos resultados desde então; esta variação foi amenizada pelos
resultados das empresas ligadas ao grupo (Williams Advanced Engineering,
Williams Hybrid Power e Williams Technolog Center, esta última instalada no
Catar). Todas elas exploram a tecnologia desenvolvida nas pistas e aplicadas em
uso civil.
A oferta na bolsa alemã tem, claramente, o dedo de Toto
Wolff, ex-diretor da Benz e acionista minoritário da WGPE. Wolff também foi
importante na obtenção dos motores Mercedes-Benz que equiparão os carros de
Massa e seu companheiro de equipe – o finlandês Valteri Bottas -, em
2014. Não é demais lembrar que Bottas tem sua carreira administrada por…Toto
Wolff.Com Massa garantido na Williams e o mexicano Sérgio
“Checco” Pérez à beira de perder o lugar na McLaren para o dinamarquês Kevin
Magnussen o mercado de pilotos da F1 vive momentos de euforia e de alforria.
Sob a alegação da necessidade de uma cirurgia na coluna o finlandês Kimi
Räikkönen não disputará os GPs dos EUA e do Brasil e ainda não se sabe quem o
substiruirá nessas corridas. Sua vaga na Lotus deveria ser preenchida pelo
piloto reserva do time, o italiano Davide Valsecchi (campeão da GP2 em 2012),
mas… Muito provavelmente a vaga será decidida na base do quem dá mais. Não será
surpresa se aparecer um piloto pagante para sentar na barata número 7; se este
número sempre lembra a família Fittipaldi, em especial Emerson, vale lembrar
que ainda é muito cedo para o neto do bicampeão mundial chegar à F1…
Se Valsecchi corre riscos de não ter a chance de acelerar
em Austin e em Interlagos, menos chances ele tem de ser promovido a piloto
titular em 2014. Perez, Pastor Maldonado e Nico Hulkemberg tem mais mais bala
na agulha (nos dois primeiros casos) e dólares de patrocinadores para
impressionar a direção da Lotus. Das outras vagas ainda disponíveis no mercado
s que ainda oferece uma dose homeopática de disputar posições na parte menos nobre
dos top 10 é a Force Índia. Isto deixa a Sauber naquela situação entre o
eu-já-sabia e não-dava-para-piorar: a temporada de 2014 foi uma das piores na
história do time de Hinwill, que corre sérios riscos de fechar caso o resultado
do ano que vem seja tão fraco quanto o desta temporada.
Mais Carrera Panamericana em breve
De volta ao Brasil após uma viagem pela costa Oeste dos
EUA, México e Perú já estou compilando as fotos e vídeos amadores que relatam o
clima da Carrera Panamericana. Para aguçar a curiosidade, veja uma passagem da
Alfa Romeo Giulia dos norte-americanos Martin Lauber e Mark Colbert clicando aqui.
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