Alta Roda nº853/203– 10 /09 /2015
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Fernando Calmon |
Em
tempos de economia em depressão, qualquer boa novidade traz ânimo ao mercado de
automóveis. Enquanto as vendas de veículos novos estão em forte queda acumulada
de mais de 20% em relação a 2014, o setor de usados como um todo conseguiu até
agora crescimento de 4% e o de seminovos (até três anos de uso) em particular,
cerca de 5%. Essa é sinalização de que em algum momento de 2016 a recuperação
se iniciará.
A Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos
Automotores) reúne 48 mil lojas independentes de carros usados em todos os
Estados e no Distrito Federal e tem mostrado atuação bastante ativa. A entidade
classifica como “usado jovem” o veículo de 4 a 8 anos, “usado maduro” de 9 a 12
e “velhinho”, acima de 13 anos. Não por acaso coordenou o 1º Encontro
Estratégico das Lideranças do Setor Automobilístico com Anfavea, Fenabrave,
Sindipeças, Abac e Febraban, em São Paulo.
Justamente nesse evento foi anunciado pelo Ministério das Cidades e a
Secretaria da Micro e Pequena Empresa o Registro Nacional de Veículos em
Estoque (Renave), cuja implantação ocorrerá na sua totalidade em março do
próximo ano. Vai integrar a nota fiscal eletrônica de compra do automóvel usado
ao seu registro no Denatran e Detrans. Terminam despesas puramente burocráticas
e cartoriais que representam custos de quase R$ 1.000, fora o tempo perdido.
Inicialmente só as concessionárias participarão do Renave, mas a tendência é
que lojistas independentes também participem. Ajudará, inclusive, a diminuir o
grau de informalidade e a aumentar a segurança dos negócios em benefício do
consumidor e do comerciante.
Não dá para saber agora o porcentual daqueles R$ 1.000 que será repassado ao
proprietário particular ao vender seu modelo usado para concessionária ou
lojista. Esse custo tem influência maior em veículos de menor preço e, quem
sabe, ajudará o mercado de forma mais ampla. Afinal, para cada carro novo
comercializado cerca de três usados trocam de mãos.
Esperam-se outras medidas desburocratizantes para ajudar a simplificar os
processos comerciais e de financiamentos. Às vezes, não basta somente mudar a
lei. Até agora os efeitos de retomada de veículos de pessoas e empresas
inadimplentes que limitariam os riscos de crédito e, por consequência, as taxas
de juros estão aquém do esperado. Durante o Encontro acima citado, relatou-se
que juízes nos Estados resistem a cumprir os prazos de lei nos processos de
recuperação de veículos cujos donos deixaram de pagar as prestações.
Infelizmente, o respeito aos contratos no Brasil, que deveria ser algo rígido
como nos países evoluídos, sofre intervenções ou interpretações distorcidas.
Tentar proteger o mau pagador acaba mesmo por prejudicar a imensa maioria que
paga em dia.
Por outro lado, a voracidade fiscal dos governos cria outros obstáculos. Um
deles é vincular as multas de trânsito ao veículo e não ao motorista. Traz
distorções e burocracia típicos do chamado custo Brasil, como um motorista
“herdar” os pontos do infrator, se um veículo usado vendido em um Estado é
transferido para outro. Até quando absurdos como esse continuarão a
prosperar?
RODA VIVA
VOLKSWAGEN terá uma leva de novidades nos próximos três anos no
segmento de crossovers. Projetos anunciados, informa Automotive News, incluem
um concorrente direto do HR-V e Renegade (forte candidato a também se produzir
aqui), que se juntará ao Tiguan redesenhado (talvez possa ser fabricado no
Paraná) e a um modelo maior do porte do Audi Q7.
ENTRE “veteranos de guerra” oferecidos no mercado,
citados na coluna da semana passada, faltou contabilizar o Clio. Fabricado no
Paraná e agora apenas na Argentina, esse modelo só recebeu maquiagens desde
1999. Estabelecido entre Corsa sedã (Chevrolet Classic), de 1995 e o Palio
Fire, de 2006 o compacto da Renault continua ainda por no mínimo dois anos.
MINI JCW chega ao Brasil como o mais potente desde que
John Cooper iniciou uma parceira com a marca inglesa em 1961 para versões de
alto desempenho. Motor é o BMW de 2 L turbo/231 cv, capaz de acelerar de 0 a
100 km/h em apenas 6,1 s e vem equipado com freios Brembo para lidar com tanta
impetuosidade. Porta-malas limita-se a 211 litros. Preço: R$ 153.950.
NAVEGADOR TomTom GO600, topo de linha por R$ 1.800,
conecta-se ao telefone por Bluetooth e destaca-se pela tela de 6 pol. de alta
definição. Recalcula rotas em tempo real, mas em comparação simultânea a um
celular inteligente e aplicativo Waze, não conseguiu traçar um roteiro melhor
em seis de oito avaliações. Peso também diminui sua portabilidade.
TARLHIO dos Santos, de Belo Horizonte, patenteou um sensor de nível
de combustível inteligente no bocal do tanque que tem capacidade de medir o
volume exato de abastecimento. Em teoria acabariam as fraudes nas bombas dos
postos de serviço. Segundo a Associação Nacional de Inventores, ele procura
interessados em investir na ideia e disponibilizá-la em escala comercial.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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