Alta Roda nº 982/332 – 01 /03 /2018
A estreia do
Cronos, versão sedã do Argo, é um bom exemplo do grau de sofisticação da oferta
de produtos no mercado brasileiro. Os sedãs compactos, onde se enquadra o novo
modelo da Fiat, representam 15% das vendas totais, praticamente a mesma
importância de todos SUV somados que, no ano passado, alcançaram 16%. Só entre
os produzidos no Mercosul há 13 opções com entre-eixos curto (2,49 m, Ford
Fiesta), médio (2,52 m, Cronos) e longo (2,65 m, VW Virtus). E novas opções
continuarão a chegar, a exemplo do Toyota Yaris sedã, no fim do ano. Portanto,
as comparações apontam certa complexidade.
O mais novo sedã compacto se diferencia da sua versão hatch pela parte frontal
exclusiva. Embora Renault Sandero e Logan também sigam esse caminho, o
resultado estético ficou bem harmonioso. A traseira é o seu ângulo mais bonito.
Há bom espaço no porta-malas (525 litros), além de ótimo vão e grande ângulo de
abertura da tampa. Mas as dobradiças longas podem amassar a bagagem,
dificuldade recorrente em sedãs menores, embora o Virtus tenha solucionado, em
parte, o problema. Molas a gás resolveriam, a custo maior.
O espaço interno ficou compatível com o líder do segmento, o Prisma. Destaque
para pernas e cabeças no banco traseiro. Perde, no entanto, para Nissan Versa e
Virtus, em especial. Painel apresenta desenho moderno, três saídas de ar
centrais, mas sistema multimídia, embora fácil de operar e bem localizado, não
fica embutido no painel como em alguns concorrentes. Bancos firmam bem o corpo.
Pedaleira provoca interferência com o console de assoalho.
Dois motores estão disponíveis: 1.350 cm³ (109 cv/etanol) e 1.750 cm³ (139
cv/etanol). O primeiro se destaca por baixo consumo de combustível e pode vir
com caixa automatizada de uma embreagem. Cronos pesa apenas mais 10 kg que o
Argo e, assim, desempenho é razoável. O segundo, além de câmbio manual, oferece
um automático convencional de seis marchas, mostra agilidade, mas consumo deixa
a desejar.
Calibragem fina das suspensões é ponto alto do carro, mesmo ao utilizar a opção
de rodas de 17 pol. de diâmetro. FCA, em Betim (MG), utiliza um simulador de
última geração – que chama de banco elastocinemático – para ajudar no acerto de
dirigibilidade, máquina única no hemisfério sul. Na Itália, só a Ferrari possui
o mesmo equipamento.
O carro é bem equipado, inclusive com opção de câmera de ré com linhas de
trajetória, em geral existentes em modelos maiores e mais caros. Controle de
estabilidade está em toda a linha, menos nas duas opções mais baratas. Bolsas
de ar laterais dianteiras são opcionais por R$ 2.600 e só com o motor mais
potente. No total há cinco versões, três delas com motor de menor cilindrada
que devem responder por dois terços das vendas. Preços básicos variam de R$
53.990 a 69.990.
Outra vez há conflitos dentro da gama Fiat. Grand Siena, por exemplo, teve
preço rebaixado para menos de R$ 50.000, o que atrapalha o Cronos, porém deve
ter vida curta. Por outro lado, uma das versões do novo automóvel é mais barata
que o Argo. Para tornar a vida do novato mais dura, a Precision (de topo),
passa de R$ 82.000, incluídos opcionais, sem chance de enfrentar Virtus ou
Honda City.
RODA
VIVA
|
SALÃO de Genebra, de 8 a 18 de março,
mostrará o equivalente ao VW T-Cross, no caso o SUV Skoda Vision X Concept, de
mesma distância entre eixos do Virtus. Linhas terão alguns disfarces e versão
definitiva estreia em outubro, no Salão de Paris, enquanto o T-Cross estará no
Salão de São Paulo, em novembro. Já o Tiguan, importado do México em breve,
terá versões de sete e também (a Coluna antecipa) de cinco lugares.
INVESTIMENTO da GM em São Caetano do Sul (SP), sua
unidade industrial mais antiga no Brasil, chama atenção em um momento de grande
ociosidade da indústria automobilística. País pode fabricar até 5,5 milhões de
veículos/ano, mas em 2018 fará, no máximo, 3,1 milhões. Com a ampliação,
capacidade da GM subirá de 250.000 para 330.000/ano.
AMAROK V-6 diesel transformou a picape média da VW
em um veículo mais rápido que a maioria dos automóveis comuns. Afinal, são 225
cv, 56,1 kgfm e aceleração de 0 a 100 km/h em 8 segundos. Como desloca uma
massa, em ordem de marcha, perto de 2,2 toneladas, precisa de moderação ao
acelerar. Preço ajuda a pensar: R$ 184.990.
CONSTATAÇÃO interessante: fabricantes japoneses
têm infraestrutura e tecnologia de sobra para investir em carros autônomos e
trabalham nisso com afinco. Entretanto, no seu mercado interno o tema parece
empolgar pouco os motoristas. Na pesquisa publicada na Coluna da semana
passada, Japão nem aparece entre os 20 países mais “ansiosos”.
AVANÇO de carros elétricos nos Estados Unidos será
bastante lento. Segundo Mike Jackson, presidente da AutoNation, maior rede de
concessionárias do país, eles responderão por algo entre 15% e 20% das vendas
totais em 2030. Participação muito inferior à projetada (sem confirmação...) na
Europa. Jackson costuma acertar previsões por ouvir de perto os
compradores.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter: www.twitter.com/fernandocalmo fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
Nenhum comentário:
Postar um comentário