Apesar do futuro mais remoto apontar a mobilidade elétrica como a solução prevalente, em médio prazo o uso combinado de motores elétricos e os tradicionais a combustão interna otimizados para consumo de combustível até 30% menor terá espaço garantido.Segundo o grupo alemão Schaeffler, em processo de fusão com a Continental para formar o maior conglomerado mundial de fornecedores da indústria automobilística, no mínimo 90% dos veículos produzidos em 2020 estarão equipados com motores a combustão interna. No entanto, os estudos também apontam que metade destes modelos receberão motores elétricos que vão interagir de formas diferentes dentro dos conceitos de hibridização.Entre os avanços que a empresa tem trabalhado, nos motores convencionais, estão otimização da termodinâmica, minimização de perdas por bombeamento e atrito, uso de dispositivos auxiliares controlados por demanda, gerenciamento térmico direcionado, downsizing/downspeeding (sobrealimentação para reduzir cilindrada e obter torque a rotações mais baixas), além da função desligar-ligar o motor.
Um programa específico, em conjunto com a Porsche, levou a expressivos 10,1% de redução de consumo de gasolina em um Cayenne, trabalhando tanto no motor V-8 como no veículo. Desse total, 5,8% de economia vieram do motor, 1,1% nos rolamentos dos dois diferenciais e 3,2% nas barras estabilizadoras hidráulicas das suspensões.O conceito híbrido da companhia nasceu de um balcão de ideias que não necessariamente será transposto na totalidade para um carro de grande produção. Além do motor de combustão interna (MCI) e um motor elétrico central, há outra solução que inclui dois motores elétricos acoplados aos cubos de roda. O MCI pode trabalhar em paralelo ou em série, neste caso para estender a autonomia da bateria. O motor elétrico central e a caixa de câmbio automatizada de duas embreagens, unidos por correia dentada, movem as rodas dianteiras.
Quanto à tração totalmente elétrica, o veículo de testes é uma perua Skoda Octavia Scout 4x4. Nele foi aplicado o conceito de diferenciais elétricos ativos, nos eixos dianteiro e traseiro. Nestes diferenciais há motores elétricos síncronos de magneto permanente, refrigerados a água, que ajudam a aumentar a potência total disponível. Trabalham com o conceito de vetorização de torque, distribuindo-o entre as rodas do lado direito e esquerdo de forma mais imediata e precisa, em qualquer tipo de superfície, de asfalto molhado até terra enlameada. Há grande ganho em dirigibilidade, segurança e conforto. A combinação de todas essas pesquisas e aplicações práticas levou a empresa a propor um carro-conceito que batizou de eSolutions. Na realidade, o objetivo é desenvolver para os fabricantes de veículos soluções de chassi e trem de força, baseadas em eletricidade, sem preocupação com forma da carroceria, estilo ou configuração interna. Trata-se de uma plataforma flexível que pode evoluir, qualquer que seja o ritmo imposto pela realidade econômica de infraestrutura na implantação da mobilidade futura.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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