Um personagem muito especial se integrou ao Porsche GT3
Cup Challenge Brasil nesta sexta-feira: o ex-piloto alemão Jochen Mass,
vencedor do Grande Prêmio da Espanha de Fórmula 1 em 1975 e da 24 Horas de Le
Mans de 1989. Convidado por Dener Pires, diretor da categoria, Mass participou
das duas sessões de treinos livres da Porsche Challenge no Circuit de
Catalunya, onde a categoria brasileira integra o Espíritu de Montjuïc, evento
de carros de competição históricos que acontece na pista catalã.
Mass elogiou a categoria e os pilotos. "Acho excelente ter uma única
equipe para preparar todos os carros. Torna a competição mais
equilibrada", declarou. "Gostei do nível dos participantes. São
talentosos, guiam bem. Vi somente uma rodada durante o tempo em que estive na
pista." Mass fez sua melhor volta em 2:01.160, na primeira sessão, sem
chegar a levar o carro ao limite. "Ele queria conhecer a máquina, não
tinha nada a provar para ninguém", conta Marcos Carrasco, engenheiro responsável
pelo atendimento ao alemão."Trabalhar com ele foi uma grande experiência.
Ele sabe tudo, olhou os gráficos dos computadores e sabia exatamente o que
precisava fazer para andar mais rápido, se fosse necessário." O mecânico
Hélcio Nagamine destacou a técnica do alemão: "Ele sabia exatamente o que
ia fazer e não demonstrava nenhuma afobação". Diego Ferraz, que também
atendeu Mass, brincou: "Tudo nele era absolutamente natural, tranquilo
mesmo. Parecia estar saindo para ir à padaria, e não saindo do box com um carro
de competição". Vários pilotos das categorias Cup e Challenge fizeram
questão de conversar e tirar fotos com o alemão, atualmente com 66 anos.
Jochen Mass estreou na Fórmula 1 em 1973 e correu na Fórmula 1 até 1982. Sua
melhor fase aconteceu quando correu na McLaren, entre 1975 e 1977.
Paralelamente à Fórmula 1, fez uma sólida carreira em provas de carros esporte,
sendo piloto oficial da Porsche entre 1976 e 1987. Venceu em 1989 a 24 Horas de
Le Mans, pilotando um Sauber-Mercedes. Nessa equipe, atuou como orientador de
um jovem chamado Michael Schumacher. "Ele era muito talentoso. Quando
começou, muito impetuoso. A equipe tinha um programa de orientação aos jovens
pilotos e trabalhamos muito bem juntos".
Ao longo de sua carreira, Mass foi companheiro de três pilotos brasileiros:
José Carlos Pace (na equipe Surtees, em 1973 e 1974), Emerson Fittipaldi
(McLaren, 1975) e Raul Boesel (March, 1982). Tem boas recordações de cada um
deles: "Emerson era um grande piloto e não é à toa que foi duas vezes campeão
do mundo. Pace era um grande cara, também excelente piloto, e foi uma pena ter
morrido tão cedo em um acidente de avião [em 1977]. Raul era muito jovem quando
corremos juntos e era igualmente bom. Infelizmente, nunca teve um bom carro na
F1".
A única vitória de Mass na Fórmula 1 aconteceu no antigo circuito de rua de
Montjuïc, numa corrida que foi encerrada prematuramente após um acidente que
matou seis espectadores. Antes da corrida, os pilotos perceberam que o circuito
era extremamente inseguro e tentaram boicotar a corrida, mas correram devido à
perssão dos organizadores espanhóis. "Sugeri fazermos uma corrida lenta e
todos concordaram. Mas quando deram a largada, todo mundo correu normalmente.
Muitos acidentes aconteceram, até que Pace e Rolf Stommelen bateram. Assumi a
liderança e logo depois a corrida foi paralisada. Não foi uma vitória
alegre", recorda. Em compensação, Mass tem ótimas lembranças de sua
carreira nos carros esporte. "Fui piloto da Porsche por onze anos, e
depois me integrei à Mercedes. Foi uma época fantástica", finalizou.
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