Saudosismo e paixão marcaram as 65 viagens comemorativas do modelo totalmente restaurado e customizado do clássico ônibus Flecha Azul, da Viação Cometa. Durante dois meses, os aficionados por veículos antigos puderam experimentar a sensação de embarcar num ônibus que marcou época por seu estilo e se tornou um dos mais lembrados pelos passageiros.
A primeira jornada
do Flecha Azul teve início com a rota São Paulo-Belo Horizonte no dia 24 de
agosto, e o roteiro foi concluído no dia 23 de outubro, quando o ônibus
retornou de Campinas, depois de cobrir um total de 19 localidades. Foram 24 mil
quilômetros rodados sob o comando de Marcos Adriano Paixão Ernesto e Ricielli
Antunes, escolhidos entre 1.200 motoristas para assumir o comando do Flecha
Azul, trajados no mesmo estilo de época para proporcionar aos passageiros uma
experiência de viagem rodoviária repleta de nostalgia.
Agora, o clássico modelo vai ocupar um lugar de destaque
no acervo histórico da Viação Cometa. Em novembro participará da expo VVR
(Viver, Ver e Rever), evento de caminhões e ônibus antigos, no Memorial da
América Latina, em São Paulo.
Além de Belo Horizonte e São Paulo, o ônibus cruzou
várias estradas com destino às cidades de Juiz de Fora, Poços de Caldas,
Caxambu, Rio de Janeiro, Volta Redonda, Curitiba, além dos municípios paulistas
de São José do Rio Preto, Franca, Araraquara, Ribeirão Preto, Lorena,
Itapetininga, Santos, Sorocaba, Jundiaí, Campinas e Praia Grande. Em cada
viagem, uma miniatura do veículo foi sorteada entre os passageiros. Já a
promoção “Conte sua história com a Cometa”, divulgada na fanpage da empresa no
facebook, recebeu 193 histórias, premiando 15 pessoas e acompanhantes com
passagens para a 65ª viagem e um almoço especial.
Para o motorista Marcos Ernesto, uma das viagens mais
marcantes foi para Belo Horizonte, por ser a primeira do Flecha Azul. “Nosso
ônibus praticamente fechou a rodoviária, com passageiros e busólogos abraçando
e beijando a lateral e a frente do veículo.
Para mim e o Ricieri Antunes,
representou uma volta ao passado e um orgulho. Ao dirigir especificamente esse
ônibus é possível sentir a ‘pegada’ da troca de marchas e a sintonia somente
pelo ronco do motor”, afirma o motorista, há 11 anos dirigindo pela Viação
Cometa.
Segundo o presidente da empresa, Carlos Otávio Antunes, a
campanha desenvolvida com o Flecha Azul em comemoração aos 65 anos foi além das
expectativas. Ao todo foram 2.561 passageiros, entre saudosistas e jovens
admiradores da marca, que acompanharam grande parte das viagens.
Todo o processo de restauração customizada de um único
ônibus recuperado dos mais de 2 mil já utilizados pela Viação Cometa levou
cerca de um ano, e o Flecha Azul em questão foi exatamente o último produzido
pela CMA, que fabricava os veículos. As características
típicas dos ônibus antigos norte-americanos foram mantidas, até mesmo a
depressão sobre a cabine de direção e a carroceria em duralumínio – resistente
e leve, que poupa motor, freios e pneus, algo muito importante para um veículo
com origens em 1963, quando grande parte das estradas brasileiras era precária.As
poucas inovações no modelo restaurado foram os vidros fechados, lanternas de
LED, ar-condicionado, pintura metalizada nos tons originais, revestimento
interno, chassi Scania K113CL e motor dsc133b01 com câmbio G777, valorizando o
conforto dos passageiros. O emblema na parte traseira da carroceria ganhou LED
interno para iluminar o cometa colorido que faz parte da logomarca original.
Para o motorista e busólogo Leonardo Ramos Adriano, a
fascinação por ônibus começou a tomar forma quando, com a família, viajava a
São Paulo para visitar parentes. “Eu mal dormia nas noites que antecediam as
viagens e chorava para sentar na primeira poltrona ao lado do motorista. E,
lógico, tamanha alegria se dava graças à Viação Cometa, com seus superônibus
Flecha Azul, seus bancos de couro, carroceria de duralumínio e o motor Scania
113”, afirma. Em busca de seu sonho de dirigir um Cometa, ele tatuou no braço
esquerdo o desenho do Flecha Azul, com o cometa, uma rosa dos ventos e uma
rodomoça.
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