Alta Roda nº 756/107– 24/10/2013 |
Fernando Calmon |
Algumas peculiaridades do mercado brasileiro são praticamente
únicas no mundo, ao considerar seu porte de quase qutro milhões de
unidades/ano.Uma dessas peculiaridades é que cerca de três quartos das vendas
se concentram em modelos compactos entre hatches, sedãs, monovolumes, stations,
SUVs e picapes. E mais: picapes compactas representam expressivos 7% das vendas
totais e oferecerem configurações em cabines simples, estendida e dupla para
uso comercial, particular e misto.
Agora, uma cabine dupla compacta de três portas torna-se inédita no mundo. Outra inovação da Fiat, que criou esse segmento no Brasil, em 1978. A Strada, lançada em 1998, lidera o segmento com 50% de participação e chega à quinta reestilização no ano-modelo 2014, esta semana nas concessionárias. Interessante que na Argentina, a Strada também arrebata 50% deste mercado, embora o Grupo Fiat seja apenas o sexto na soma de automóveis e comerciais leves, no país vizinho.
Um dos segredos do sucesso dessa picape é a ampla oferta: três tipos de cabine, três motores (1,4 l; 1,6 l e 1,75 l) e três versões de acabamento (Working, Trekking e Adventure). Preços vão de R$ 33.750 a R$ 64.337 (fora o teto solar, só em janeiro). A fábrica fez um bom trabalho de estilo, em particular na lateral e traseira, além de ampliar em 8 cm a altura da caçamba, que levou a um ganho de volume de 100 a 120 litros em função do tipo de carroceria. Rivais Saveiro, Montana e Hoggar já tinham caçamba com esse recurso.
Todas as cabines duplas dispõem de uma terceira porta lateral, no lado direito, de abertura reversa e sem maçaneta externa (colocada na parte interna do vão da porta). Solução engenhosa que eliminou a coluna central e dobrou a área de acesso para 1 m². Para liberar a entrada atrás é preciso primeiro abrir a porta dianteira, mas o espaço para pernas continua bem ruim: adequado apenas a crianças ou, eventualmente, a adultos por pequenas distâncias. No entanto, ficou muito mais fácil colocar objetos graças à essa porta única traseira.
Trata-se de um projeto robusto, desenvolvido no centro de engenharia de Betim (MG), que incluiu testes de colisão lateral. Os reforços acrescentaram até 40 kg de massa ao veículo em ordem de marcha, mas a fábrica esqueceu de abater esse número da capacidade de carga líquida, que continua em 650 kg, pela ficha técnica. Interior recebeu um volante novo para as versões Trekking e Adventure (nesse caso, multifuncional). Mas o painel continua desatualizado e com saídas centrais de ar-condicionado mal localizadas.
Ao rodar na versão Adventure cabine dupla, no litoral da Bahia, com alguns trechos secundários esburacados, deu para sentir a integridade estrutural da picape. Ausência de ruídos ou rangidos e sem indicativo de que possam ocorrer pelo acréscimo da terceira porta. Suspensões com maior altura livre continuam a passar sensação de solidez, sem dureza excessiva e bom comportamento em curvas. Motor flex de 1,75 l/132 cv e câmbio automatizado de 5 marchas formam um conjunto ideal para quem não pretende uso comercial.
Resta aos concorrentes ver o aumento de vendas da Strada ou partir para uma cabine dupla de quatro portas e maior espaço interno. Quem se habilita?
Agora, uma cabine dupla compacta de três portas torna-se inédita no mundo. Outra inovação da Fiat, que criou esse segmento no Brasil, em 1978. A Strada, lançada em 1998, lidera o segmento com 50% de participação e chega à quinta reestilização no ano-modelo 2014, esta semana nas concessionárias. Interessante que na Argentina, a Strada também arrebata 50% deste mercado, embora o Grupo Fiat seja apenas o sexto na soma de automóveis e comerciais leves, no país vizinho.
Um dos segredos do sucesso dessa picape é a ampla oferta: três tipos de cabine, três motores (1,4 l; 1,6 l e 1,75 l) e três versões de acabamento (Working, Trekking e Adventure). Preços vão de R$ 33.750 a R$ 64.337 (fora o teto solar, só em janeiro). A fábrica fez um bom trabalho de estilo, em particular na lateral e traseira, além de ampliar em 8 cm a altura da caçamba, que levou a um ganho de volume de 100 a 120 litros em função do tipo de carroceria. Rivais Saveiro, Montana e Hoggar já tinham caçamba com esse recurso.
Todas as cabines duplas dispõem de uma terceira porta lateral, no lado direito, de abertura reversa e sem maçaneta externa (colocada na parte interna do vão da porta). Solução engenhosa que eliminou a coluna central e dobrou a área de acesso para 1 m². Para liberar a entrada atrás é preciso primeiro abrir a porta dianteira, mas o espaço para pernas continua bem ruim: adequado apenas a crianças ou, eventualmente, a adultos por pequenas distâncias. No entanto, ficou muito mais fácil colocar objetos graças à essa porta única traseira.
Trata-se de um projeto robusto, desenvolvido no centro de engenharia de Betim (MG), que incluiu testes de colisão lateral. Os reforços acrescentaram até 40 kg de massa ao veículo em ordem de marcha, mas a fábrica esqueceu de abater esse número da capacidade de carga líquida, que continua em 650 kg, pela ficha técnica. Interior recebeu um volante novo para as versões Trekking e Adventure (nesse caso, multifuncional). Mas o painel continua desatualizado e com saídas centrais de ar-condicionado mal localizadas.
Ao rodar na versão Adventure cabine dupla, no litoral da Bahia, com alguns trechos secundários esburacados, deu para sentir a integridade estrutural da picape. Ausência de ruídos ou rangidos e sem indicativo de que possam ocorrer pelo acréscimo da terceira porta. Suspensões com maior altura livre continuam a passar sensação de solidez, sem dureza excessiva e bom comportamento em curvas. Motor flex de 1,75 l/132 cv e câmbio automatizado de 5 marchas formam um conjunto ideal para quem não pretende uso comercial.
Resta aos concorrentes ver o aumento de vendas da Strada ou partir para uma cabine dupla de quatro portas e maior espaço interno. Quem se habilita?
RODA VIVA
GRUPO PSA Peugeot Citroën vislumbrou projeto de
híbrido a ar com grande potencial no Brasil. Faz apresentação técnica também ao
governo. Tecnologia é simples e a um custo estimado de apenas mais 10% (de 40%
a 50% em híbridos elétricos). Todos os espaços originais, em compacto como o
C3, são preservados e economia de combustível pode chegar a 45%. Previsão de
mercado, 2016, mas procura parceiros de outras marcas.
EXECUTIVO-chefe
mundial da Bosch, Volkmar Denner, em visita ao Brasil, prevê que haverá
crescente aplicação de turbocompressores em motores de ciclo Otto com
cilindrada reduzida (downsizing)
em quase todos os mercados. Para ele, produção em massa ajudará a diminuir
custos, inclusive no País. Mas, ainda não tem planos de produção local.
GOLF VII alemão, lançado aqui mês passado e
fabricação prevista no Paraná em até dois anos, é um dos bons exemplos de
aplicação de turbocompressor. Seu motor de 1,4 l/140 cv impressiona pelo
desempenho em acelerações, nitidamente mais rápidas que outros do segmento,
graças aos 25,5 kgf∙m de torque de 1.500 a 3.500 rpm. Agrada ainda pela
solidez, acabamento e dirigibilidade.
HYUNDAI ix35 é produzido em Anápolis (GO)
desde setembro, mas só agora o Grupo CAOA mostrou os investimentos na fábrica,
com alguns robôs. Preço não se alterou: R$ 94,9 mil. Aliás, modelos hoje
importados, a serem fabricados aqui mais adiante, já estão “precificados”, no
jargão do mundo econômico. Se não, quem os compraria agora?
CORTE nos preços dos Hyundai i30 e sua
versão sedã, Elantra, refletiu condições de mercado pela forte precificação do
novo Golf, vendido desde já por preço de carro nacional, mesmo pagando imposto
de importado. No caso dos modelos sul-coreanos, há um pormenor: maior parte do
desconto foi bancado pela valorização recente do real frente ao dólar, em torno
de 11%.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
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