Wagner Gonzalez |
Novo asfalto de
Interlagos já afeta preparação para o GP do Brasil enquanto Las Vegas aposta em
retorno ao calendário e China fala em ter uma equipe na F-1.
Enquanto isso,
brasileiros são convidados a pagar filiação para andar em autódromos...
No melhor estilo
cartada de mestre, Felipe Massa reclamou e conseguiu alterar a especificação
dos pneus que serão fornecidos para o Grande Prêmio do Brasil, penúltima etapa
do Campeonato Mundial de F-1 e que acontece dia 9 de novembro em Interlagos.
Alegando que o asfalto novo permitirá desgaste menor que o normal, o brasileiro
levantou bandeira contra a escolha de compostos médio e duro para a competição;
ao ganhar essa rodada de argumentação poderá ganhar novamente se fizer uma boa
corrida ou perder tudo caso o acerto do seu carro mostre-se incompatível com as
peculiaridades de piso e clima...
Do lado de cima
do Equador as apostas estão rolando em níveis ainda mais altos: a cidade de Las
Vegas, que já recebeu o GP dos EUA em 1981 (quando Nelson Piquet conquistou seu
primeiro título) e 82, está em negociação com Bernie Ecclestone para promover
novamente uma etapa do Campeonato Mundial. O interesse dos empresários
locais é a visita de turistas estrangeiros, que gastam mais dinheiro do que os
estadunidenses; por outro lado, o preço das diárias em Las Vegas é
reconhecidamente subsidiado pelos cassinos, uma forma de ter mais clientes em
uma atividade que proporciona maior faturamento e menores despesas.
Sob uma ótica
mais abrangente vale a pena questionar à quem interessa falar de uma segunda
corrida de F-1 no mesmo mercado. Seria o promotor local ou ao proprietário do
evento, que aproveita esse interesse para negociar com o promotor de outro
evento em vias de consolidação. Neste caso específico falo do GP dos EUA, confirmado
para o dia 2 de novembro que acontece no Circuito das Américas, no Texas...
Enquanto a
Caterham se vê envolta numa série de negociatas que podem decretar seu fim em
breve, a China anuncia que em um ou dois anos pretende uma equipe na F-1. A
notícia foi divulgada por Wei Di, presidente do Centro Administrativo do
Automobilismo e Motociclismo, entidade que coordena as atividades esportivas do
setor, no caso do automobilismo através da Federação do Automobilismo Esportivo
da China, entidade filiada à FIA. Numa demonstração de planejamento e
seriedade, o setor será alvo de um investimento para criar empregos e demanda
doméstica num programa que deverá receber a bagatela de U$ 813 bilhões de
dólares nas próximas duas décadas.
Um planejamento
e seriedade parecido ao que acontece por aqui, afinal, também temos
automobilismo que gera empregos, impostos e cobranças de carteirinhas. De
maneira discreta a Confederação Brasileira de Automobilismo anunciou que a
participação em eventos do tipo Track Day (em que o cidadão ou a cidadã pilota
seu próprio carro em um autódromo pelo simples prazer de acelerar sem se
preocupar com radares ou limites de velocidade nas vias públicas), está
condicionada à filiação do praticante a um clube reconhecido. O comunicado, aprovado
em 15 de setembro de 2014, não divulga os preços dessa filiação e considera
como velocidade reduzida a definição “1ª marcha” (SIC).
Quando um
assunto ganha espaço na imprensa especializada europeia com frequência incomum
e envolvendo pilotos em processo de renovação de contrato é sinal que a corda
não vai arrebentar do lado da equipe. È o caso do inglês Jenson Button,
atualmente na McLaren, que este ano soma 94 pontos, quase o dobro do seu
companheiro de equipe, o dinamarquês Kevin Magnussen, que tem 49. Após ter
levado algumas enquadradas de Ron Dennis – consequência do bom início de ano de
Magnussen -, Button meio que despertou da letargia e voltou a andar entre os
top 10. Talvez um pouco tarde demais...
Segundo Richard
Goddard, atual empresário do piloto que venceu o Mundial de 2009, o “WEC é um
campeonato formidável e que ganhou muito com a ida de Mark (Webber) para lá”.
Ou seja, mais pilotos de F-1 poderiam fazer o campeonato crescer ainda mais. Há
outros indícios de que o Mundial de Endurance está se tornando a opção à F-1
representada pela Cart nos anos 1990: Fernando Alonso prestigiou a largada de
Le Mans este ano e a Porsche fala em inscrever um terceiro carro no clássico
evento francês.
Mais, o próprio
Fernando Alonso pode estar envolvido nessa prova em breve e há dois motivos
para isso. Caso as negociações entre o espanhol e a parceria McLaren-Honda não
tenham final feliz já se fala que o nome do espanhol vai aparecer na lista de
inscritos da corrida do ano que vem. Se tudo terminar bem o nome do
espanhol também poderia constar dessa mesma lista, mas ao volante de um Honda e
não de outra marca, como a Porsche, por exemplo... A entrada da Honda tem a ver
com o crescimento da categoria Endurance e com uma possível contratação de
Alonso pela marca japonesa e não pela equipe inglesa. Caso isso aconteça será
um golpe significativo no ego de Ron Dennis: ele terá que encarar Alonso como
“funcionário” do seu parceiro e trata-lo como tal, e não como um dependente
seu. Não custa lembrar que a relação dos dois nos tempos que conviviam no mesmo
box não foi das melhores.
Já o alemão Nico
Hulkenberg não está muito preocupado com o WEC: esta semana ele foi confirmado
para mais uma temporada na equipe Force India. A informação foi comemorada pelo
holandês Giedo van der Garte: o piloto holandês, atualmente piloto reserva da
Sauber, indicou que poderá ser efetivado titular ao tuítar a seguinte mensagem:
“Parabéns cara, espero que a gente possa ter boas disputas no ano que vem, como
nos velhos tempos”. Como o futuro de Sérgio Pérez não foi mencionado no
comunicado oficial da equipe...
Na semana que
vem quatro novos pilotos terão o gostinho de acelerar um carro de F-1 e, em
pelo menos um caso, aproveitar a chance para cavar um lugar na categoria. O
alemão Marco Wittmann, o chinês Adderly Fong, o israelita Roy Nissany e o
francês Esteban Ocon vão acelerar no circuito Ricardo Torno, em Valência,
Espanha. Todos eles a bordo de modelos de 2012: Wittmann em um chassi Toro
Rosso, Fon e Nissany com carros da Sauber e Ocon a bordo de um Lotus.
Tudo junto e misturado?
Comentários de
que a Vicar poderia lançar um novo formato de eventos no ano que vem ganharam
força neste fim de semana quando chefes das equipes que disputam os certames de
Stock Car, Marcas, F-3, Mercedes e Turismo se reuniram em Curitiba para debater
sobre o calendário de 2015. A ideia de fazer eventos que reúnam três ou mais
categorias foi aventada como uma possibilidade real apesar de poucos autódromos
oferecerem infraestrutura suficiente para receber eventos de porte. Se por um
lado a proposta pode significar arquibancadas mais cheias graças a um programa
com mais atrações, por outro é difícil entender como abrigar as equipes em
autódromos como Cascavel e Tarumã em condições mínimas de conforto e segurança.
Também não se pode deixar de lado a estrutura hoteleira de praças como Santa
Cruz do Sul: apesar da importância econômica da cidade os hotéis locais
praticam tarifas aviltantes nos fins de semana que o autódromo local recebe
eventos nacionais e oferece acomodações de qualidade inferior.
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