terça-feira, 21 de outubro de 2014

Wagner Gonzalez em Conversa de pista

Wagner Gonzalez
Interlagos, Las Vegas e chineses


Novo asfalto de Interlagos já afeta preparação para o GP do Brasil enquanto Las Vegas aposta em retorno ao calendário e China fala em ter uma equipe na F-1. 

Enquanto isso, brasileiros são convidados a pagar filiação para andar em autódromos...



No melhor estilo cartada de mestre, Felipe Massa reclamou e conseguiu alterar a especificação dos pneus que serão fornecidos para o Grande Prêmio do Brasil, penúltima etapa do Campeonato Mundial de F-1 e que acontece dia 9 de novembro em Interlagos. 




Alegando que o asfalto novo permitirá desgaste menor que o normal, o brasileiro levantou bandeira contra a escolha de compostos médio e duro para a competição; ao ganhar essa rodada de argumentação poderá ganhar novamente se fizer uma boa corrida ou perder tudo caso o acerto do seu carro mostre-se incompatível com as peculiaridades de piso e clima...


Do lado de cima do Equador as apostas estão rolando em níveis ainda mais altos: a cidade de Las Vegas, que já recebeu o GP dos EUA em 1981 (quando Nelson Piquet conquistou seu primeiro título) e 82, está em negociação com Bernie Ecclestone para promover novamente uma etapa do Campeonato Mundial.  O interesse dos empresários locais é a visita de turistas estrangeiros, que gastam mais dinheiro do que os estadunidenses; por outro lado, o preço das diárias em Las Vegas é reconhecidamente subsidiado pelos cassinos, uma forma de ter mais clientes em uma atividade que proporciona maior faturamento e menores despesas.


Sob uma ótica mais abrangente vale a pena questionar à quem interessa falar de uma segunda corrida de F-1 no mesmo mercado. Seria o promotor local ou ao proprietário do evento, que aproveita esse interesse para negociar com o promotor de outro evento em vias de consolidação. Neste caso específico falo do GP dos EUA, confirmado para o dia 2 de novembro que acontece no Circuito das Américas, no Texas...

Enquanto a Caterham se vê envolta numa série de negociatas que podem decretar seu fim em breve, a China anuncia que em um ou dois anos pretende uma equipe na F-1. A notícia foi divulgada por Wei Di, presidente do Centro Administrativo do Automobilismo e Motociclismo, entidade que coordena as atividades esportivas do setor, no caso do automobilismo através da Federação do Automobilismo Esportivo da China, entidade filiada à FIA. Numa demonstração de planejamento e seriedade, o setor será alvo de um investimento para criar empregos e demanda doméstica num programa que deverá receber a bagatela de U$ 813 bilhões de dólares nas próximas duas décadas.

Um planejamento e seriedade parecido ao que acontece por aqui, afinal, também temos automobilismo que gera empregos, impostos e cobranças de carteirinhas. De maneira discreta a Confederação Brasileira de Automobilismo anunciou que a participação em eventos do tipo Track Day (em que o cidadão ou a cidadã pilota seu próprio carro em um autódromo pelo simples prazer de acelerar sem se preocupar com radares ou limites de velocidade nas vias públicas), está condicionada à filiação do praticante a um clube reconhecido. O comunicado, aprovado em 15 de setembro de 2014, não divulga os preços dessa filiação e considera como velocidade reduzida a definição “1ª marcha” (SIC).


Button e Alonso na Endurance?

Quando um assunto ganha espaço na imprensa especializada europeia com frequência incomum e envolvendo pilotos em processo de renovação de contrato é sinal que a corda não vai arrebentar do lado da equipe. È o caso do inglês Jenson Button, atualmente na McLaren, que este ano soma 94 pontos, quase o dobro do seu companheiro de equipe, o dinamarquês Kevin Magnussen, que tem 49. Após ter levado algumas enquadradas de Ron Dennis – consequência do bom início de ano de Magnussen -, Button meio que despertou da letargia e voltou a andar entre os top 10. Talvez um pouco tarde demais...

Segundo Richard Goddard, atual empresário do piloto que venceu o Mundial de 2009, o “WEC é um campeonato formidável e que ganhou muito com a ida de Mark (Webber) para lá”. Ou seja, mais pilotos de F-1 poderiam fazer o campeonato crescer ainda mais. Há outros indícios de que o Mundial de Endurance está se tornando a opção à F-1 representada pela Cart nos anos 1990: Fernando Alonso prestigiou a largada de Le Mans este ano e a Porsche fala em inscrever um terceiro carro no clássico evento francês.

Mais, o próprio Fernando Alonso pode estar envolvido nessa prova em breve e há dois motivos para isso. Caso as negociações entre o espanhol e a parceria McLaren-Honda não tenham final feliz já se fala que o nome do espanhol vai aparecer na lista de inscritos da corrida do ano que vem.  Se tudo terminar bem o nome do espanhol também poderia constar dessa mesma lista, mas ao volante de um Honda e não de outra marca, como a Porsche, por exemplo... A entrada da Honda tem a ver com o crescimento da categoria Endurance e com uma possível contratação de Alonso pela marca japonesa e não pela equipe inglesa. Caso isso aconteça será um golpe significativo no ego de Ron Dennis: ele terá que encarar Alonso como “funcionário” do seu parceiro e trata-lo como tal, e não como um dependente seu. Não custa lembrar que a relação dos dois nos tempos que conviviam no mesmo box não foi das melhores.

Já o alemão Nico Hulkenberg não está muito preocupado com o WEC: esta semana ele foi confirmado para mais uma temporada na equipe Force India. A informação foi comemorada pelo holandês Giedo van der Garte: o piloto holandês, atualmente piloto reserva da Sauber, indicou que poderá ser efetivado titular ao tuítar a seguinte mensagem: “Parabéns cara, espero que a gente possa ter boas disputas no ano que vem, como nos velhos tempos”.  Como o futuro de Sérgio Pérez não foi mencionado no comunicado oficial da equipe...

Na semana que vem quatro novos pilotos terão o gostinho de acelerar um carro de F-1 e, em pelo menos um caso, aproveitar a chance para cavar um lugar na categoria. O alemão Marco Wittmann, o chinês Adderly Fong, o israelita Roy Nissany e o francês Esteban Ocon vão acelerar no circuito Ricardo Torno, em Valência, Espanha. Todos eles a bordo de modelos de 2012: Wittmann em um chassi Toro Rosso, Fon e Nissany com carros da Sauber e Ocon a bordo de um Lotus.

Tudo junto e misturado?
Comentários de que a Vicar poderia lançar um novo formato de eventos no ano que vem ganharam força neste fim de semana quando chefes das equipes que disputam os certames de Stock Car, Marcas, F-3, Mercedes e Turismo se reuniram em Curitiba para debater sobre o calendário de 2015. A ideia de fazer eventos que reúnam três ou mais categorias foi aventada como uma possibilidade real apesar de poucos autódromos oferecerem infraestrutura suficiente para receber eventos de porte. Se por um lado a proposta pode significar arquibancadas mais cheias graças a um programa com mais atrações, por outro é difícil entender como abrigar as equipes em autódromos como Cascavel e Tarumã em condições mínimas de conforto e segurança. Também não se pode deixar de lado a estrutura hoteleira de praças como Santa Cruz do Sul: apesar da importância econômica da cidade os hotéis locais praticam tarifas aviltantes nos fins de semana que o autódromo local recebe eventos nacionais e oferece acomodações de qualidade inferior.



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