Alta Roda nº806/156 – 16/10/2014
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Fernando Calmon |
Engenharia debate novos sistemas e soluções
Durante os três dias do 23º Congresso da SAE
Brasil, realizado recentemente em São Paulo, o tema central não poderia ser
mais atual. O mote “Construindo a mobilidade inteligente – os veículos do
futuro” representa uma vasta gama de interesses e de mudanças disruptivas que a
indústria e a sociedade já iniciaram. Engenheiros da mobilidade têm enormes
desafios pela frente e, no caso do Brasil, ainda mais em razão da atual
situação econômica. A própria exposição agregada ao congresso encolheu 10% este
ano.
Muitos dos avanços gravitam em torno da sigla ITS (em inglês, Sistema
Inteligente de Transportes) e suas ramificações. Além de trazer soluções, ITS
impõe novo conceitos para racionalizar o trânsito e dar mais segurança. Afinal,
em 2020, o mundo terá mais de 1,2 bilhão de veículos leves e pesados em
circulação, sem contar motos e bicicletas. Uma das preocupações é que os
automóveis mostram longevidade maior que muitas das tecnologias atualmente nele
aplicadas. Algum tipo de harmonização ou de atualização precisa ser avaliado.
Basta um exemplo. Os programas de navegação em tempo real, disponíveis para
qualquer telefone celular inteligente, começam a ser alternativa aos caros
sistemas de navegação GPS nos painéis com seus mapas que precisam de
atualização e não indicam rotas para desviar do trânsito. Hoje isso é
fundamental para aproveitar melhor as vias menos congestionadas, gastar menos
tempo e combustível, sem contar menor poluição.
Sensores, câmeras e radares também já representam enorme ganho em segurança.
Citou-se o exemplo da Alemanha, onde 31% dos acidentes em congestionamentos
aconteciam porque não se freava a tempo. Computação de bordo emite alertas e
pode parar o carro de forma independente. Agora, funciona em linha reta, mas em
breve também em curvas. O que se tem certeza é de que essas pequenas
intervenções no modo de conduzir abrem as portas a sistemas autônomos plenos.
Para o palestrante Frank Karstner, da Bosch, o prazer de dirigir sempre
existirá, mas direção autônoma extinguirá os erros e as colisões. Ivan
Tocchetto, da TRW Brasil, lembrou que airbags e cintos de segurança trabalharão
de forma mais integrada e inteligente. O próprio conceito de colisões começa a
mudar depois dos exageros e voluntarismos dos programas de avaliações de carros
novos (NCAP, em inglês), especialmente o europeu e o latino. Hoje é quase
impossível um veículo pequeno alcançar cinco estrelas em proteção infantil.
Mas, a partir de 2015, serão usados também manequins de crianças de 6 a 10 anos
(além de 0 a 3 anos existentes) e haverá ainda teste contra barreira a 50 km/h
(hoje, 64 km/h) apenas para o motorista.
Claro, propulsão elétrica sempre desperta grande interesse em congressos
técnicos. Porém, vozes surgiram para lembrar que por uma fração do que se
investe em carros elétricos – em especial suas baterias ou pilhas a hidrogênio
– é possível melhorar em 50% a eficiência dos motores a combustão. Ersnt
Winklhofer, do Instituto Real de Tecnologia da Suécia, passou um pito em quem
apenas aplica as mesmas técnicas de injeção direta, por exemplo, de motores a
gasolina ao etanol.
Hubert Friedl, da consultoria de engenharia AVL, relembrou uma tendência,
sempre citada e defendida nesta coluna: a distância em termos de consumo entre
motor diesel e de ciclo Otto (gasolina, etanol e gás) será significativamente
reduzida nos próximos anos. Isso reverterá a encrenca em que os fabricantes
europeus se meteram ao investir em apenas uma tecnologia e só agora caem na
realidade.
RODA VIVA
PARA a consultoria econômica E&Y, 88% dos automóveis vendidos
em 2025 terão conectividade avançada. Até lá novos recursos estarão disponíveis
e um deles é a conexão automática de qualquer telefone celular inteligente ao
sistema multimídia, logo ao entrar no carro. Operações atuais de primeiro
pareamento são demoradas, às vezes confusas e sem padronização.
ENTRE aplicativos mais desejados destaca-se o que leva
o motorista, pela tela do celular, até uma vaga livre em estacionamentos. Para
isso é necessário que a infraestrutura interna do local esteja preparada. Em
alguns países já existe em estacionamentos subterrâneos e o próximo passo será
em pátios ao ar livre.
PREÇO já não atrai como antes, mas Kia Soul ainda
oferece vantagens de espaço interno e acabamento/equipamentos por até R$ 92.900
com câmbio automático. Nessa nova geração as dimensões internas e externas
(menos a altura) foram ampliadas. Motor de 1,6L/128 cv (mesmo do HB20) sofre um
pouco para lidar com seus quase 1.400 kg de peso (ordem de marcha).
SALÃO do Automóvel de São Paulo, a partir do dia 30,
espera atrair os mesmos 750 mil visitantes de 2012. Organizador Reed Alcantara
instalará sistema de ventilação mais eficiente este ano. Essa restrição pode
acabar já na edição de 2016. Um grupo francês investirá até R$ 300 milhões no
atual Centro de Exposições Imigrantes e pretende conquistar este e outros
salões.
PERFIL
Fernando
Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde
1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas
áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta
Roda começou em 1999. É publicada em uma rede nacional de 85 jornais, sites e
revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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também através do twitter: www.twitter.com/fernandocalmon
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