Alta Roda nº 880/230– 17 /03 /2016
Fernando Calmon |
O grupo restrito
de fabricantes de veículos que estão no mercado há 100 anos ou
mais, de forma contínua, aumentou neste mês de março com a entrada da BMW. Este
clube, em ordem alfabética, é formado por Alfa Romeo, Aston Martin, Audi,
Buick, Cadillac, Chevrolet, Dodge, Fiat, Ford, Lancia, Mercedes-Benz, Maserati,
Opel, Peugeot, Renault, Rolls-Royce, Skoda e Vauxhall.
A seleção da Coluna tem critérios próprios, pois considera marcas que
apresentaram desde o início algum vínculo com a mobilidade. Vauxhall, por
exemplo, começou fabricando bicicletas. Maserati, fundada apenas como oficina,
só produziu carros de competição, antes de seu primeiro modelo para as ruas em
1946. A própria BMW iniciou com motores de avião e apenas em 1929 lançou o
primeiro automóvel. A Audi, como marca, teria menos de 100 anos por outras
referências.
A BMW, fundada em Munique em 7 de março de 1916, mostra uma história bem
curiosa. Especialista desde o início em automóveis caros, sofreu bastante após
a II Guerra Mundial em uma Alemanha arrasada que se erguia aos poucos nos anos
1950. Para sobreviver, em 1957 passou a fabricar o minúsculo Isetta, sob
licença dos italianos da Iso, o mesmo modelo em formato ovalar e de uma única
porta produzido no Brasil a partir de 1956 pela Romi.
O preço era acessível, mas não sustentava a marca BMW, nem a divisão de
motocicletas. Procurou, assim, a próspera Daimler-Benz, fabricante também de
caminhões e ônibus, veículos essenciais para reconstrução da Alemanha e do
restante da Europa. Organizou-se uma assembleia de acionistas em que a família
Quandt, dona da BMW, ofereceu ao concorrente a venda do controle.
Aprovado o negócio, faltava redigir a ata e colher as assinaturas, naquele
tempo um processo lento. Mas Herbert Quandt resolveu pensar melhor e em 1959
desistiu do negócio. Conseguiu levantar capitais para sanear as finanças e
lançou um modelo pequeno próprio, o BMW 700. Depois se seguiu uma trajetória
surpreendente. O grupo hoje é dono da Rolls-Royce, da MINI e da submarca “i” de
elétricos e híbridos plugáveis em tomadas. Chegou à liderança do mercado
mundial de veículos premium em 2014.
Para comemorar o centenário a marca apresentou o carro-conceito BMW Vision Next
100, visando ao futuro da mobilidade. É um cupê-sedã de linhas esportivas,
adaptável ao que vier em termos de tecnologia. No modo Boost pode ser conduzido
pelo motorista ou de forma totalmente autônoma. Há um segundo modo, Easy. Este
reconfigura o habitáculo ao recolher volante, console central, encostos de
cabeça e painéis das portas para que motorista e passageiro fiquem sentados
frente a frente, sem nenhuma preocupação até chegar ao destino.
A empresa sabe que o modelo de negócio do automóvel irá mudar drasticamente na
medida em que inteligência artificial, conectividade e internet das coisas,
entre outros avanços, tomarem conta da indústria da mobilidade. Como disse
Klaus Froehlich, membro do conselho de pesquisa e desenvolvimento, em
entrevista à Reuters, no Salão de Genebra: “Hoje temos 20% de nossos
engenheiros e parceiros trabalhando em softwares. Chegaremos a 50% para
depender menos de serviços de internet de terceiros”.
RODA VIVA
IMPORTADOS de todas as origens alcançaram apenas
14,8% de participação nos emplacamentos totais no mês passado. Não se via
porcentual tão baixo desde 2009. Desvalorização do real, por outro lado,
movimenta exportações. Hyundai começou a vender o HB20 para o Paraguai e
ampliará para outros países. Plano original dos sul-coreanos era limitar-se ao
Brasil.
MOTOR turboflex TSI do up! se aproxima de 30% das
vendas totais do subcompacto da Volkswagen. Isso mesmo ao se considerar seu
preço superior às versões comuns. Rumores dão conta de que o Ka também receberá
motor de 1 litro turbo (EcoBoost), mas aparentemente a produção não será
grande. Algumas fontes indicam que os propulsores virão do exterior.
PICAPE Hilux SRX de cabine dupla e câmbio
automático de seis marchas traz no refinamento a explicação pela liderança no
segmento, com sete airbags e um belo quadro de instrumentos. Anda bem com o
novo motor diesel e está melhor em estabilidade, dirigibilidade (principalmente
pela suspensão traseira), desempenho e ruído interno. Capota marítima
(opcional) faz falta.
RECEITA Federal pode cobrar, a partir de agora e
com efeito retroativo, o IPI sobre carros novos importados por pessoas físicas.
A decisão do Supremo Tribunal Federal encerra polêmica sobre o assunto. Vai
encarecer bastante o preço final para quem procurava empresas especializadas em
trazer modelos de qualquer tipo, em especial de Miami.
INTERNET facilitou a contratação de empresas que
se especializaram em atendimento personalizado. Tudo pode ser agendado, de
lavagem ecológica a troca de óleo lubrificante em domicílio. Uma delas, em easycarros.com,
atende em quatro capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto
Alegre. Para quem tem pouco tempo disponível é uma opção.
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