Wagner Gonzalez |
F-1 EM
MONZA TEVE YING YANG
O Grande Prêmio da Itália disputado domingo em Monza teve
Ying Yang como uma de suas principais características. As forças complementares
do taoísmo foram exaltadas no equilíbrio que ficou mais forte na disputa pelo
título mundial.
O ying foi garantido por Nico Rosberg, que ao vencer a prova
diminuiu para apenas dois pontos sua desvantagem para o líder do campeonato,
Lewis Hamilton, que terminou em segundo (foto de abertura). O yang chegou pelas
confirmações que Felipe Massa e Jenson Button não disputarão a temporada de
2017 e, além das reviravoltas que isso produziu no mercado de pilotos, a venda
dos direitos comerciais da categoria, que foram adquiridos pelo grupo de
comunicação americano Liberty Media. Bernie Ecclestone seguirá comandando a
operação da F-1.
A ressurreição da Ferrari frente à Red Bull em um
circuito onde a potência se destaca no cardápio, a presença de Sebastian Vettel
no pódio foi o tempero que remeteu à gastronomia local, onde cada cidade tem
seus segredos. Resta saber se o prato servido na terra do gorgonzola terá
consistência nas sete provas que ainda restam neste ano, a próxima delas no dia
18 de setembro, em Cingapura. Na longa viagem até a cidade-estado ao sul da Malásia
muitas tratativas e negociações deverão acontecer, destacando ainda mais a
combinação ying yang de forças que habitam esse universo.
A vitória de Rosberg foi bastante facilitada por um erro
crasso de Lewis Hamilton: autorizada a largada ele desperdiçou a condição de
pole position para perder várias posições. Assim como ele, o mexicano Estebán
Gutiérrez transformou em brilharete o décimo lugar que conquistou no grid no
que pode ter sido seu melhor momento da temporada e o erro que selou seu futuro
na categoria. Ele pode ter sido importante para a equipe americana conquistar a
simpatia da Ferrari, mas suas atuações em nada têm ajudado a fundamentar sua
permanência na Haas para uma segunda temporada. Romain Grosjean, por seu lado,
marcou terreno ao pontuar em três das quatro primeiras corridas do ano e não
poupa declarações sugerindo que está garantido por mais um ano na equipe.
Pilotos em situação semelhante, Felipe Nasr e Jolyon
Palmer ainda no início da prova reeditaram suas disputas dos tempos da GP2 e
colidiram ao contornar a primeira chicane. Descontadas as limitações das
equipes de ambos — Renault e Sauber —, a permanência de ambos na categoria está
indefinida, particularmente para o inglês. Nasr pode substitui-lo ou
capitalizar a possível continuidade de patrocínios brasileiros na F-1, leia-se
Banco do Brasil e Petrobras, e os interesses da Rede Globo.
A anunciada aposentadoria de Jenson Button — que
continuará trabalhando com a McLaren na condição de conselheiro e
piloto-reserva —, que ao abrir espaço o belga Stoffel Vandoorne ser confirmado
como novo companheiro de Fernando Alonso, deixa em aberto vagas em equipes de
vários níveis. As mais cobiçadas são a Williams e a Force India, que seguem
brigando pelo quarto lugar no Campeonato de Construtores, com vantagem atual para
a primeira, e a Toro Rosso.
Na casa de Grove, Nasr tem no canadense Lance Stroll e no
mexicano Sérgio Pérez seus maiores adversários. Pérez é dado por alguns meios
de comunicação como confirmado no seu endereço atual, o que soa incompatível
com suas declarações recentes de que vai acontecer aquilo que ele quer. Se ele
não tivesse interesse em mudar de equipe não haveria motivo para tanto oba oba
em torno do seu futuro… O finlandês Valteri Bottas continua tão quieto nas
negociações que sua saída da Williams surpreenderia nesta altura dos
acontecimentos. No time júnior da Red Bull, que no ano que vem volta a usar
motores Renault, o espanhol Carlos Sainz está confirmado, mas a segunda vaga
está em aberto e Daniil Kvyat tem poucas chances de ser mantido. O francês
Pierre Gasly é a aposta.
Mais para trás no grid, Renault, Sauber e Manor são
opções para os “newcomers”ou aqueles com status de “between jobs”, eufemismo
que os ingleses utilizam para evitar assumir que estão desempregados. Esteban
Ocón tem a preferência de Fredéric Vasseur, o diretor da operação Renault na
F-1, o que aumenta a concorrência pela segunda vaga da equipe. Fala-se que o
sueco Marcus Ericsson tem ligações indiretas com o grupo de investidores que
comprou o controle acionário da Sauber, o que deve ajudar na sua permanência.
Já na Manor há rumores de novos investimentos por parte
da Mercedes, interessada em criar uma equipe de apoio para formar pilotos e
ajudar no desenvolvimento técnico, algo possível quando o faturamento na
operação principal gera lucros suficientes. De qualquer maneira, o nome de
Pascal Wehrlein é ventilado como possível nome na Force India e a segunda vaga
fica em aberto. A novata Haas, como dito acima, tem apenas uma vaga em aberto,
a de Gutiérrez.
Se os motores da Ferrari apareceram anabolizados para a
etapa de Monza, a médio prazo nenhum outro assunto trará maior impacto à
categoria que a propalada venda dos direitos comerciais. A pegada estritamente
financeira que a CVC Partners impôs à F-1 certamente gerou lucros: a operação
de venda para o grupo Liberty Media estaria precificada em torno dos US$ 8,5
bilhões. O poder e a expertise de comunicação da empresa são os elementos que
mais deverão gerar mudanças no futuro do esporte.
É provável que você nunca tenha ouvido falar dessa
holding, mas certamente já ouviu falar do time de beisebol Atlanta Braves, da
rádio satélite SiriusXM e da Viacom, alguns dos investimentos do grupo. No
Brasil a empresa tem 27% da Ideiasnet, empresa que controla a Officer,
distribuidora de produtos de informática. Mark Carleton, Christopher Shean e
Albert Rosenthaler são alguns altos executivos recentemente anunciados em novos
cargos na empresa e que deverão aparecer em breve em assuntos ligados ao futuro
financeiro da categoria, assim como John Malone, o todo-poderoso de grupo de
investimento. Este ano a Liberty gerou mais de US$ 444 milhões em oferta
pública de papéis ligados à sua participação minoritária junto à Time Warner. Interesses em
outros continentes incluem a Discovery, TLC e Eurosport.
O resultado completo do GP da Itália você encontra aqui.
Red Bull sai da Stock brasileira
A fabricante de energéticos Red Bull anunciou ontem que
deixará de patrocinar a equipe de Stock Car de Andreas Mattheis. Embora a
empresa tenha anunciado que continuará apoiando os pilotos Cacá Bueno, Daniel
Serra e Felipe Fraga, a perda de um patrocinador de sua magnitude é uma perda
considerável para a categoria. O anúncio confirma notícia publicada por esta
coluna em 19 de julho e que você pode conferir aqui. No próximo final de semana a
categoria disputa a Corrida do Milhão, em Interlagos.
Festa no México
Os brasileiros continuam se destacando na disputa do
Campeonato Mundial de Resistência, mais conhecido como WEC (World Endurance
Championship). A equipe formada por Bruno Senna, Filipe Albuquerque e Ricardo
Gonzalez (Ligier JS P2-Nissan) conseguiu a vitória na categoria P2, à frente do
Alpine A460-Nissan de Gustavo Menezes/Nicolas Lapierre/Stéphane Richelmi. Pipo
Derani (junto com Ryan Dalziel e Chris Cumming) e Bruno Junqueira (com Luiz
Dias e Roberto González) terminaram em terceiro e quinto lugares,
respectivamente. Na classificação geral a vitória foi do Porsche 919 Hybrid de
Mark Webber, Brendon Hartley e Timo Bernhard.
WG
WG
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