quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Fernando Calmon - Alta Roda - Conceitos em choque

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Fernando Calmon
Quando surgiu o Ford EcoSport em 2003, os concorrentes demoraram a reagir. A Renault só lançou o Duster em 2011. Depois o mercado de SUVs compactos não parou de crescer, ao avançar sobre outros produtos com certa afinidade como stations e monovolumes. Vieram Chevrolet Tracker, Honda HR-V, Jeep Renegade e Nissan Kicks. Começou, então, um fenômeno de migração, quando os pequenos utilitários avançaram também sobre os hatches médios-compactos. 


Em 2003 esses SUVs compactos representavam 2,6% do mercado total (incluídas picapes) e os hatches do degrau superior, 8,6%. Este ano o cenário se inverteu para 4,6% e 1,8%, respectivamente. Na semana passada, por coincidência surgiram novos protagonistas desses dois segmentos: Hyundai Creta e Chevrolet Cruze Sport6. Sem ser concorrentes diretos, até pelo aspecto e conceito de guiar, devem aprofundar a tendência dos últimos anos. 

O Creta surpreende pelo bom espaço interno, em especial para as pernas dos passageiros do banco traseiro. O fabricante sul-coreano elegeu a arquitetura do Elantra (sedã médio-compacto da marca). Se partisse do HB20 teria menos chances de enfrentar o HR-V, por exemplo, cuja distância entre eixos de 2,61 m é 2 cm maior que a do Creta. Estilo agradável, interior de desenho atraente, suspensões bem acertadas e bom porta-malas de 431 litros com estepe de uso temporário (alguns não gostam) deixam factível a meta de vender 3 mil unidades/mês. 

Oferece motores flex de 1,6 e 2 litros, de 130 cv e 166 cv (etanol). Câmbio manual está na versão de entrada, que parte de R$ 72.990, e a de topo, com o automático, também de seis marchas, vai a R$ 99.490. Esses preços o deixam algo mais competitivo diante do Renegade e do HR-V, que brigam pela liderança do segmento. Desempenho do Creta satisfaz mesmo com o motor de menor cilindrada. Acabamento tem plástico duro, acima do razoável para seu preço. Olhares exigentes descobrem parafusos e marcas de solda aparentes, além de pintura fosca onde não deveria. 

Quanto ao Cruze Sport6, o estilo e o motor turbo 1,4-litro e 153 cv (etanol) mudaram para (bem) melhor em relação ao anterior. O hatch médio-compacto da Chevrolet subiu de patamar de preço: mais itens de conforto, conveniência e conectividade. Curiosamente, está no mesmo nível do Cruze sedã: R$ 89.990 a 110.990. Segundo o fabricante, diferença de custos na linha de montagem entre hatch e sedã é bem pequena. Assim, valorizou para-choque dianteiro, ponteira de escapamento e defletor de teto. 

Disponível apenas com câmbio automático de seis marchas, que escapa do conceito comum de Sport, o acerto de carga ligeiramente superior do volante de direção e de molas traseiras demonstra a intenção do fabricante de agradar a quem valoriza a esportividade ao guiar. 

Não impede de oferecer recursos de assistência semiautônoma. Um deles permite manter a trajetória do carro dentro de faixas de tráfego bem pintadas, mesmo sem as mãos no volante. Porém, esse recurso é temporário – entre duas e três correções automáticas. O sistema, então, se desconecta e aparece uma mensagem no quadro de instrumentos (deveria haver também alarme sonoro). 

RODA VIVA 

NOVO Tucson, que passa a ser produzido em Anápolis (GO), conviverá com o atual ix35, mas reposicionado em preço: R$ 138.900 a 159.600. Nem a versão mais cara oferece luzes de rodagem diurna (DRL). Motor 1,6 turbo (só gasolina) de 177 cv, câmbio automatizado de duas embreagens (7 marchas), boa suspensão e direção eletroassistida são destaques do SUV médio-compacto.

NOVEMBRO mostrou recuperação nas vendas internas de veículos leves (em relação a outubro) com o retorno da produção da VW. Estoques totais de 35 dias estão perto da normalidade, indicando produção ajustada. Reação neste mês precisa ser algo mais robusta para as vendas acumuladas totais atingirem 2,08 milhões de unidades ou 19% menos que 2015. 

PREÇO competitivo por importação do México faz do Fusion Titanium um carro especial em termos de espaço interno (2,85 m de entre-eixos) e conforto de rodagem. Tração integral, motor 2 litros turbo (248 cv) e câmbio automático de 6 marchas comandado por botão giratório agradam. Apesar de mudanças feitas, raspa (um pouco menos agora) em quebra-molas e valetas. 

MERCADO de veículos usados e seminovos (até três anos de fabricação) continua a servir como amortecimento parcial à queda de comercialização de modelos zero-quilômetro. Relação histórica tem sido de três usados para cada novo, mas este ano a relação subiu para cinco. Dados são confirmados pela Fenabrave (concessionárias) e Fenauto (associação dos lojistas).

SECRETARIA americana que cuida da segurança veicular exigirá para 2019 novo teste de colisão. Uma barreira móvel deformável a 90 km/h atinge frontalmente no lado esquerdo um veículo imóvel, em ângulo de 15 graus e sobreposição de 35%. Considera-se esse tipo de acidente recorrente. A empresa alemã ZF já desenvolve airbags frontais e de cortina específicos. 


PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

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