Wagner Gonzalez |
F-1 EM ÉPOCA DE BRUXAS SOLTAS
Vettel e Wehrlein envolvidos em acidentes distintos
Equipes anunciam mudanças de pessoal técnico
Dallara critica novo regulamento.
Pascal Wehrlein e Sebastian Vettel machucados, McLaren
perdendo chefe de equipe, pessoal de fábrica trabalhando sob pressão.. a bruxa
parece andar solta. A duas semanas do início dos treinos de pré-temporada a F-1
vive momentos de tensão dos mais fortes.
Exceção aos acidentes que lesionaram
os dois pilotos alemães, nada de novo no front. Pelo menos por enquanto: os
carros que apresentarem defeitos nos primeiros treinos tem potencial para
provocar abalos sísmicos nas equipes que não conseguirem bons resultados nos
ensaios de Barcelona e nas primeiras provas da temporada. Todo início de
temporada é a famosa corrida contra o relógio para aprontar os carros para os
primeiros treinos livres; qualquer erro de projeto significa desembarcar na
Austrália em desvantagem. As equipes querem evitar chuvas e trovoadas às
vésperas da abertura da temporada.
Pascal Wehrlein e Sebastian Vettel saíram machucados em
situações semelhantes, mas o caso do primeiro é bem mais grave: Pascal foi
disputar a Corrida dos Campeões nos Estados Unidos e voltou para casa com o
pescoço lesionado após um acidente que envolveu Felipe Massa. Os desmentidos pouco
convincentes de Monisha Kaltenborn, a manda-chuva na equipe Sauber, não
garantem a presença do pupilo da Mercedes nos primeiros testes de Barcelona,
que acontecem por quatro dias a partir do dia 27 próximo. Difícil não pensar
que Felipe Nasr poderia substituir o alemão, caso necessário. Fácil concluir
que essa possibilidade é pequena, apesar do carisma arranhado do tedesco.
O acidente de Wehrlein reforça a sua já desgastada imagem
do piloto, que chegou à F-1 sob a proteção de Toto Wolff. mas que até agora não
correspondeu às expectativas associadas ao título de campeão da DTM em 2015.
Verdade que o equipamento que dispunha na Manor F1 não era dos mais
competitivos, porém ele não mostrou superioridade contundente sobre o indonésio
Rio Haryanto e acabou preterido na disputa pela vaga de Nico Hulkenberg na
Force India, preenchida por Estebán Ocón, substituo do piloto asiático na
segunda metade da temporada de 2016
O desfecho do episódio criado com a surpreendente decisão
de Nico Rosberg encerrar sua carreira após conquistar o título do ano passado
também não lhe foi positivo, mesmo que poucos acreditassem que ele seria uma
escolha melhor que o finlandês Valtteri Bottas. Em resumo, parece que a
carreira de Wehrlein sofre da falta de bons ventos e pode acabar ancorando em
portos menos badalados que os da F-1.
Ainda sobre a casa de Hinwill, endereço de Wehrlein para
2017, fala-se na possível troca de fornecedor de motor para a temporada
de…2018. Uma decisão deverá ser conhecida até o mês de abril e a marca que
poderia substituir a Ferrari é a Honda: no final deste ano vence seu contrato
de exclusividade com a McLaren. Há anos os carros suíços são equipados com o
trem de força dos italianos, mas a possível chegada da Alfa, como equipe B da
equipe modenense e a necessidade velada dos japoneses suprirem um segundo time,
a combinação nipo-suíça faz sentido.
No último fim de semana a Ferrari programou um teste em
sua pista de Fiorano, vilarejo colado a Maranello, e preparou um chassi de 2015
equipado com pneus de chuva de composto e medidas homologadas para esta
temporada. A agenda foi cumprida com um inesperado acidente, que você pode ver aqui. Sebastian Vettel sofreu escoriações
e deverá treinar normalmente em Barcelona; se isso não acontecer é provável que
alguns testes de durabilidade sejam confiados ao novo piloto reserva da
Scuderia, Antonio Giovinazzi, que também participará de algumas sessões de
treinos livres nas manhãs de sexta-feira durante a temporada.
Na Inglaterra seguem os movimentos do mercado de cabeças
pensantes, nicho onde a Williams parece liderar as contratações. Depois de
aliciar Paddy Lowe – que deixou a Mercedes -, agora é a vez de David Redding,
que trabalhava há 17 anos na McLaren, mais recentemente ocupando a posição de
chefe de equipe. O desligamento foi confirmado nos últimos dias e menos de uma
semana após a saída de Joest Capito, alemão que começou sua carreira na
organização da Porsche Cup nos anos 1990, e que no ano passado foi contratado
por Ron Dennis.
A partida de ambos confirma que todos os indícios que
remetam a Dennis recebem o tratamento extremo de extinção: a alegação para
dispensar Capito foi algo na linha do “seus métodos de trabalho não se
alinhavam com os valores da casa”; com relação a Redding sequer foi cobrado um
período de quarentena, como é comum para cargos estratégicos na categoria
Redding será substituído por Paul James, atual chefe de
mecânicos, que por sua vez terá seu posto assumido por Kari Lammenranta. Andrea
Stella assumirá o trabalho de gerência esportiva e relacionamento com a FIA. Na
Williams, Redding assumirá a gerência esportiva de pista, cargo que era ocupado
por Steve Nielsen, que a partir de agora terá atuação focada na fábrica e
viajará menos para os GPs.
Na Renault, que a exemplo da McLaren usará em seus carros
a dupla BP-Castrol para combustível e lubrificantes, respectivamente, foi
confirmado também que Cyril Abiteboul não assumirá o posto que Frédéric Vasseur
ocupou nos últimos anos. Os dois franceses já não conseguiam esconder suas
diferenças nos últimos tempos e a saída do último, então líder da Renault na
F-1, fez supor que o primeiro seria promovido.
EQUIPES APRESENTAM CARROS
Sauber (20, Barcelona), Renault (21, Londres), Force
India (22, Silverstone) Mercedes (23, Silverstone), McLaren (24, Woking),
Ferrari (Fiorano, 24) e Toro Rosso (26, Barcelona) já programaram a data de
apresentação de seus carros para a temporada 2017. Ainda por confirmar datas e
locais, Haas, Red Bull e Williams deverão aproveitar o início dos treinos de
Barcelona para essa cerimônia, possivelmente nos dias 25 e 26.
DALLARA QUESTIONA
Veterano construtor e líder da maior fabricante de carros
de corrida, o engenheiro italiano Gian Paolo Dallara criticou as últimas
modificações feitas no regulamento técnico da F-1. Falando ao jornalista
italiano Leo Turrini, Dallara foi claro e objetivo ao pontuar que “aumentar as
asas e os pneus vai na contramão do que a categoria precisa: mais
ultrapassagens“. Sua empresa é responsável pelo projeto e construção do chassi
usado pela equipe Haas, que usa trem de força da Ferrari.
WG
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