O que faz o consumidor de um veículo de entrada escolher
a opção de transmissão automática ou mesmo automatizada na escolha do seu novo
veículo? Será a facilidade na condução do veículo? Tempo de manutenção mais
longo? Economia e durabilidade do motor e dos componentes da transmissão?
São muitos os fatores que podem decidir a escolha do
consumidor, mas com certeza, o papel da transmissão do veículo e seu
comportamento estão definindo uma nova realidade no perfil do motorista
brasileiro. Nos Estados Unidos, menos de 20% dos modelos vendidos possuem
transmissão manual.
A venda de carros populares com câmbio automático no ano
passado mostra uma nova realidade. Modelos como Onix, Prisma, HB20, March,
Versa e Etios observaram aumento na venda das versões com essa facilidade,
(alguns casos ultrapassa os 300%) e que colabora muito com uma condução mais
confortável para o motorista.
Observamos que os mais novos motoristas não se sentem
seguro na hora de combinar embreagem e marcha corretas. Mesmo com a injeção
eletrônica controlando e buscando evitar que o veículo possa estancar, existe o
medo. As mulheres que focam mais na segurança da condução, ficam mais felizes
com os automáticos.
A maior demanda por modelos com câmbio automático fica
por conta da sua praticidade e comodidade em congestionamentos. Afinal, não
precisar acionar o pedal da embreagem no anda e para do trânsito é bem menos
estressante e garante uma condução até mesmo mais eficiente.
Existem diferentes tipos de transmissão que dispensam o
pedal da embreagem: há os automáticos convencionais, os CVT (continuamente
variável), os automatizados de dupla embreagem e os automatizados de embreagem
simples. Cada tipo tem as suas vantagens e desvantagens.
A partir de R$ 51 mil já é possível comprar um Toyota
Etios Hatch X 1.3 com transmissão automática convencional. Claro que o fator
preço deve ser considerado. A diferença de preço de um modelo modelo com
transmissão mecânica manual e automática pode chegar aos R$ 5 mil. Não é uma
decisão simples, mas o perfil do consumidor brasileiro realmente está mudando.
A transmissão automática funciona hidraulicamente, usando
um conversor de torque e um conjunto de diferentes engrenagens planetárias
engatadas entre si que permitem a troca de marchas, sem a interrupção da
transmissão de potência do motor.
O conjunto de engrenagens planetárias é o responsável por
estabelecer todas as relações de transmissão que o câmbio pode produzir.
Por sua vez, o conversor de torque constitui-se de uma
bomba (que lança o fluído hidráulico) permanentemente conectada ao motor, o
estator (parte fixa, responsável por direcionar o fluxo do fluído) e uma
turbina (que recebe o fluído) conectada à caixa de velocidades.
A bomba lança o fluído com uma determinada força e a
turbina recebe da bomba grande parte da força mecânica do mesmo, calculada em
torno de 90%. Este porcentual pode chegar a 100% se o conversor dispuser de uma
"embreagem de conversor" (ou hidromecânico).
De modo sintético, o câmbio automático é constituído
pelos seguintes conjuntos de componentes:
Conjunto de engrenagens planetárias (engrenagem solar,
engrenagem planetária e seu suporte, a engrenagem coroa).
Conjunto de cintas para travar algumas partes do conjunto
de engrenagens.
Conjunto de três embreagens, em banho de óleo para travar
outras partes do conjunto de engrenagens.
Bomba de engrenagem para circular o fluido hidráulico da
caixa.
Sistema hidráulico para controlar as marchas e as cintas.
O câmbio automático apresenta, de modo geral, as
seguintes opções:
P - Park: Para Estacionar. Bloqueia as rodas de tração. Recomendado
para dar a partida e desligar o motor do automóvel.
R - Reverse: Marcha Ré.
N - Neutral: Ponto Morto. Não bloqueia as rodas de
tração. Posição que pode ser usada ao dar a partida e desligar.
D - Drive: Para movimentar o veículo para frente, usado
na maior parte do tempo de direção.
4 - 3 - 2 - 1: Posições que permitem o bloqueio das
marchas 4, 3, 2 e 1. Alguns câmbios possuem uma numeração menor ou maior.
Uma dica importante: ao parar num farol, o melhor é
sempre deixar a alavanca no D (Drive), pois o câmbio automático tem um sistema
de lubrificação interna que depende da pressão do óleo. Enquanto a alavanca
está engatada no D, a condição da pressão está adequada e o sistema de
lubrificação, ativo.
Quando você seleciona o N (Neutro) essa pressão cai e a
lubrificação diminui, e isso, sim, pode acarretar um desgaste desnecessário do
conjunto. A maioria das caixas possuí o chamado neutral control, que joga
automaticamente o câmbio em neutro nessas situações, contendo o ímpeto do
automático de ir para a frente e, com isso, economizando combustível.
E vamos terminar falando dos automatizados e seus famosos
“soluços”. Para ter uma condução com menos transcos, basta aliviar o acelerador
na hora das passagens ou simplesmente sincronizar esses movimentos com o uso
das borboletas no volante.
Sistemas como o Easy-R dos Renault Sandero e Logan 1.6
pecam pelos trancos maiores, enquanto a Fiat conseguiu aperfeiçoar o Dualogic
Plus a um bom nível. Os aperfeiçoamentos se dão pela reprogramação da central
que rege as trocas através de atuadores. A principal vantagem do sistema ainda
está no preço, que chega a ser metade do cobrado em um automático convencional
ou de dupla embreagem.
A decisão como sempre, continua sua. Um forte abraço e
ótimo carnaval para todos nós. E como fevereiro não tem o dia 30, a coluna
retorna em 10 de março. Então já aproveito para parabenizar as mulheres pelo
seu dia.
PERFIL
Tarcisio Dias éprofissional e técnico em Mecânica,
além de Engenheiro Mecânico com habilitação em Mecatrônica e Radialista,
desenvolve o site Mecânica Online® (www.mecanicaonline.com.br) que apresenta o
único centro de treinamento online sobre mecânica na internet (www.cursosmecanicaonline.com.br), uma
oportunidade para entender como as novas tecnologias são úteis para os
automóveis cada vez mais eficientes.
Coluna Mecânica Online® - Aborda aspectos de manutenção,
tecnologias e inovações mecânicas nos transportes em geral. Menção honrosa na
categoria internet do 7º Prêmio SAE Brasil de Jornalismo, promovido pela
Sociedade de Engenheiros da Mobilidade. Distribuída gratuitamente todos os dias
10, 20 e 30 do mês.
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