Alta Roda nº 949/298 – 13 /06 /2017
Fernando Calmon |
Foi uma surpreendente recuperação do mercado
brasileiro, acima da esperada. Nos primeiros seis meses de 2017 as vendas
cresceram quase 4% em relação ao mesmo período de 2016. A média diária de
emplacamentos no mês passado superou 9.000 unidades pela primeira vez este ano.
Por enquanto os bons resultados concentraram-se nas vendas corporativas, mas o
segundo semestre historicamente costuma ser melhor que o primeiro.
Apesar de o consumidor tradicional do varejo, que sustenta o mercado saudável,
continuar retraído, o tombaço da inflação abriu espaço para algumas reduções de
preços nominais. Os preços reais (descontada a inflação) já estavam estáveis ou
em queda.
Outros fenômenos do primeiro semestre: modelos há mais tempo em produção com
motores de baixa eficiência energética estão definhando; stations, crossovers
puros e esportivos apresentaram encolhimento de até mais de 50% (curiosamente,
carros esporte de verdade aumentaram as vendas em 42% puxados pela Porsche);
SUVs médio-compactos deram um salto graças ao sucesso do Jeep Compass, que
inibiu até o desempenho do Renegade (conforme a Coluna previu).
Assumiram liderança no nosso ranking Fusion, Mercedes-Benz SLC, Porsche 911 e
Compass em relação a dezembro de 2016. Jaguar aparece duas vezes com o sedã XF
e o SUV F-Pace. Hyundai Creta também é outro destaque.
Classificação da Coluna soma hatches e sedãs da mesma família,
independentemente do nome do modelo. Sedãs com entre-eixos de significativa
diferença classificam-se à parte (Grand Siena, Logan, Etios e outros). Base é o
Registro Nacional de Veículos Automotores. Citados apenas os modelos mais
representativos e pela importância do segmento. Compilação de Paulo Garbossa,
da consultoria ADK.
Compacto: Onix/Prisma, 21%; HB20 hatch/sedã, 12%;
Ka hatch/sedã, 10,4%; Gol/Voyage, 9,9%; Sandero, 7%; Mobi, 4,6%; Fox, 3,8%;
Etios hatch, 3,75%; Uno, 3,7%; Up!, 3,3%; Etios sedã, 2,7%; Palio, 2,5%; Grand
Siena, 2,4%; Cobalt, 2,1%; Logan, 2%; Versa, 1,6%; Fiesta hatch/sedã, 1,54%;
March, 1,5%; City, 1,4%. Dupla líder continua a crescer.
Médio-compacto: Corolla, 38%; Civic, 19%; Cruze
hatch/sedã, 15%; Golf/Jetta, 7%; Focus hatch/sedã, 6%; Sentra, 2,8%; C4, 2,5%.
Corolla imbatível.
Médio-grande: Fusion, 30%; Mercedes Classe C, 28%;
BMW Séries 3/4, 25%. Fusion retoma liderança.
Grande: Mercedes Classe E/CLS, 45%; BMW Série 5/6,
27%; Jaguar XF, 10%. Mercedes segue sossegado.
Topo: Mercedes Classe S, 42%; BMW Série 7, 28%;
Chrysler 300 C, 12%. Líder tradicional.
Esportivo: Mercedes SLC, 30%; Subaru WRX, 29%;
Audi TT, 20%. Briga acirrada.
Esporte: 911, 43%; 718 Boxster/Cayman, 27%; BMW
Z4, 14%. Domínio Porsche.
Station: Weekend, 71%; Golf Variant, 13%;
SpaceFox, 9%. Resultado imutável.
SUV compacto: HR-V, 20%; Renegade, 15,6%; Creta,
15,2%. Honda aguentou o tranco.
SUV médio-compacto: Compass, 53%; ix35/Tucson,
16%; Audi Q3, 5%. Compass arrasou.
SUV médio-grande: SW4, 63%; XC60, 11%; Pajero
Full/Dakar, 9%. Toyota mais que tranquilo.
SUV grande: Trailblazer, 35%; Mercedes GLC, 9,6%;
Jaguar F-Pace, 10%. Avanço do líder.
Monovolume pequeno: Fit/WR-V, 54%; Spin, 32%; C3
Aircross, 12%. Ficou fácil.
Crossover: ASX, 53%; Range Rover Evoque, 36%;
Freemont/Journey, 9%. Sem mudanças.
Picape pequena: Strada, 43%; Saveiro, 36%;
Montana, 11%. Strada: menos fôlego.
Picape média: Toro, 34%; Hilux, 22%; S10, 20%.
Liderança se consolida.
RODA VIVA
ANFAVEA revisou para cima previsões para 2017. Em
relação ao ano passado, a entidade agora espera crescimento das exportações de
35,6% e da produção, 21,5%. Números realmente estimulantes para aliviar
capacidade ociosa na indústria. Quanto ao mercado interno, vai esperar mais um
mês para sentir a temperatura política em Brasília: manteve mais 4% sobre
2016.
NISSAN iniciou produção do Kicks nacional não
apenas com uma versão de entrada e câmbio manual por competitivos R$ 70.500. O
SUV compacto já havia surpreendido ao oferecer pacote tecnológico bem acima dos
concorrentes locais. Agora se superou com alerta de colisão e assistente
inteligente de frenagem. Desempenho é bom, apesar da potência limitada,
compensada pelo baixo peso. Câmbio CVT, porém, mostra limitações.
PRODUZIR 8 milhões de unidades de um único modelo
é marco de respeito em qualquer mercado. No Brasil o Gol conseguiu esse feito
desde 1980, quando foi lançado ainda com motor arrefecido a ar. Depois liderou
vendas no País por 27 anos consecutivos, feito inédito. Hoje voltou ao posto de
automóvel de entrada da Volkswagen, posicionado pouco abaixo do preço do
subcompacto Up!
PETROLÍFERA estatal da Argentina, a YPF, está de
olho grande no mercado brasileiro de óleos lubrificantes. Chegou a ter 3,5%,
baixou para 2% e pretende voltar a crescer. Segundo a empresa, duas décadas
atrás os lubrificantes tinham cerca de 5% em volume de aditivos. Hoje chegam a
25% na linha de topo, os sintéticos. A formulação é segredo de estado para
essas companhias.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
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