Alta Roda nº 951/301 – 27 /06 /2017
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Fernando Calmon |
O EcoSport teve fase de ouro desde seu lançamento em
2003. Os concorrentes ficaram anestesiados, vendo a banda passar, e só em 2011
surgiu o Duster. Em 2013, foi lançada a segunda geração do modelo que havia
inaugurado o mercado mundial de SUV compactos, segmento que só existia aqui.
Nesses últimos quatro anos a concorrência se acirrou e desta vez anestesiou
a Ford, que só agora reagiu.
A resposta acaba de chegar com o EcoSport 2018. O modelo de quarta geração,
segundo o fabricante, estreia aqui antes de outros mais de 140 países,
inclusive dos EUA. Externamente há poucas diferenças, concentradas na parte
frontal, como grade e luzes de uso diurno em LED (a partir da versão
intermediária Freestyle). Na traseira conservou o estepe externo, modismo
superado, mas o fabricante decidiu mantê-lo porque seu porta-malas tem volume
no limite do aceitável (362 litros). O sistema de rebatimento do banco traseiro
é engenhoso e o assoalho do porta-malas possui uma prancha para maior
flexibilidade na arrumação da bagagem.
Para compensar, a marca americana investiu pesado em segurança, mecânica e
interior. Por dentro, as mudanças são profundas com bancos novos, além de nível
de acabamento e materiais bastante superiores ao padrão franciscano anterior.
Painel é todo novo e inclui telas multimídia de 6,5 pol. (Freestyle) e 8 pol.
(Titanium), maiores que as dos concorrentes. O próprio quadro de instrumentos
agora enche os olhos. Ar-condicionado digital é de última geração. Pena que
perdeu o espaço sob o assento do banco do carona, antes existente.
Em termos de segurança tornou-se novo paradigma entre SUVs de menor porte. São
sete airbags e controle de trajetória (ESC) de série e, na versão de topo,
alerta de tráfego transversal, aviso de ponto cego no retrovisor esquerdo e
faróis de xenônio, entre outros.
Evolução marcante no trem de força começa pelo inteiramente novo motor de três
cilindros, 1,5 litro, 137 cv, 16,1 kgfm (etanol). Entrega a maior potência
específica entre motores de aspiração natural e trata-se do melhor motor flex
(sem turbo) disponível no País. Surpreende pelo baixo nível de vibração
conseguido por adoção de inédita (em motores de produção nacional) árvore
balanceadora contrarrotativa e outros recursos de engenharia. Recebeu também
nota A, em consumo de combustível do programa de etiquetagem veicular.
Ao avaliar o EcoSport nos arredores de Recife, o modelo da Ford demonstrou
nítida superioridade sobre o motor de 1,6 L. Muitos podem até pensar que se
trata de um quatro-cilindros. Já o motor de 2 litros recebeu injeção direta de
combustível e passou a 176 cv (etanol), tornando-se o mais potente do segmento.
Suas respostas são vigorosas a partir de 3.000 rpm. A caixa de câmbio
automática de seis marchas é nova (igual à do Fusion). Estreia em substituição
à automatizada de duas embreagens, conforme antecipado pela Coluna. Mudanças
nas suspensões dianteira e traseira melhoram as respostas ao volante e passam
sensação de maior robustez.
Grande trunfo deste SUV passa a ser o preço entre R$ 73.990 e R$ 93.990.
Praticamente o mesmo da versão anterior, mas com itens custando entre R$ 5.000
e R$ 10.000 incorporados sem repasse.
RODA VIVA
PRESIDENTE da VW, David Powels, admitiu a produção de
dois novos SUV, além do Tiguan Allspace (7 lugares) mexicano. Um é o T-Cross,
na mesma base do Polo para produção em São José dos Pinhais (PR). E o segundo?
A Coluna aposta no T-Roc, que divide arquitetura com o Golf. Poderá ser
produzido na Argentina para equilibrar comércio bilateral.
OPÇÃO por alguma forma de eletrificação, incluindo
obviamente modelos híbridos, não entrou à toa nos planos da Volvo. Decisão tem
a ver com sua exposição excessiva no uso de motores a diesel. A marca está
focada em modelos SUV, que são mais pesados. A Land Rover por igual motivo terá
de se mexer na mesma direção, incluindo a Jaguar: híbridos e elétricos.
FIAT Mobi GSR, que recebeu terceira atualização do
câmbio automatizado de uma embreagem, demonstra evolução. Trocas de marcha
estão mais suaves. Trancos também diminuíram, porém exige respeitar as
limitações normais deste recurso mais barato de automatização. Pelo preço
menor, uma opção válida. Motor de 1 litro tem potência abaixo dos
concorrentes.
PEPPER, linha de visual esportivo para up! e Saveiro
que começou no Fox em 2014, passa a dividir com o conceito Cross o alto de gama
da VW. Decoração é discreta e no up! há opção de teto pintado de preto. Preço,
com motor TSI: R$ 57.900. Interessante notar que 70% das vendas do subcompacto
concentram-se na versão turbo do motor tricilindro, algo surpreendente.
CHEVROLET S10, modelo 2018, ganhou aperfeiçoamento na
caixa de câmbio automática das versões com motor a diesel. Sistema pendular
absorve parte das vibrações, formando uma espécie de filtro mecânico para
diminuir vibrações transmitidas à cabine. Dá para sentir bem este efeito em
comparação ao modelo anterior. Preço: R$ 153.990 a 181.590.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter: www.twitter.com/fernandocalmo fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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