Wagner Gonzalez |
Freada de arrumação em
Barcelona
Equipes
de F1 começam hoje últimos testes antes do início do campeonato
A torcida maior para os
próximos quatro dias de testes da F-1 que começam hoje, na Espanha, não é para
nenhuma equipe ou piloto. O que todo mundo quer ver brilhar no circuito da
Catalunha é o sol, astro que não deu as caras na semana passada e até causou WO
na agenda de trabalho reservada para a quarta-feira, sinônimo de prejuízo
considerável no desenvolvimento dos carros para a temporada de 2018.
Entre
chuvas e muita neve, porém, táticas, artimanhas, progressos e outros detalhes
ficam claros ao analisar o balanço do que aconteceu na semana passada. Dentro
desse panorama, os próximos quatros dias serão uma verdadeira freada de
arrumação rumo ao início do campeonato deste ano.
Indiferente a tudo isso,
Lewis Hamilton chegou, viu e acelerou. Simples assim, o inglês treinou sério
apenas um dia e deixou claro que ele e a Mercedes formam a dupla mais forte
para o campeonato que começa dia 25, em Melbourne, na Austrália. Em apenas 69
voltas ele marcou o melhor tempo da semana, 1’19”333. Interprete da seguinte
forma: a média de voltas por piloto foi 106 e entre os 22 que entraram na pista
apenas seis andaram menos que o atual campeão mundial. Mais, essa marca foi
obtida com pneus médios e foi seis décimos melhor que a volta mais rápida do
seu companheiro de equipe, Valtteri Bottas, usando o mesmo equipamento. Pior
para a Ferrari, esse tempo equivale a cruzar a completar os 4.655 metros do
circuito catalão três décimos antes do que fez Sebastian Vettel com um Ferrari
SG71-H equipado com pneus macios, mais aderentes.
Falando em Ferrari, a tela
da escuderia já ganhou esboços de que o finlandês Kimi Räikkönen será
efetivamente um escudeiro: descontado os fatos de que foi o primeiro a acelerar
prá valer o SF71H e que andou apenas 60 voltas, o tempo de 1’20”506 usando
pneus macios, foi o oitavo melhor e pouco mais de oito décimos mais lento que
Vettel. Se a diferença entre ambos não for drasticamente reduzida ao fim das
quatro próximas jornadas, vai demorar muito pouco para a imprensa italiana
questionar, novamente, sua permanência na Scuderia e cobrar a promoção de
Charles Leclerc ou, até mesmo a promessa italiana da vez, Antonio Giovanazzi,
que sequer participou dos treinos.
Atual campeão da F-2,
Charles Leclerc ainda dá os primeiros passos na categoria, mas nem por isso
desperdiçou tempo algum para se impor frente ao companheiro de equipe Marcus
Ericsson e proporcionar uma injeção de ânimo na renovada Sauber-Alfa Romeo,
onde o sueco já é veterano. O atual campeão da F-2 marcou apenas o 20o tempo, mas foi praticamente
sete décimos mais rápido que Ericsson (1’23”408). A descobrir se o novo tempero
italiano que agora marca a equipe suíça vai satisfazer o apetite do jovem
monegasco e corresponder ao investimento da casa de Milão…
Dúvida por dúvida, os dois
espelhos mais consultados na semana passada foram os da McLaren e da Toro
Rosso. A primeira perguntava a todo instante se havia chassi com motor Honda
mais veloz que o MCL 33-Renault; a seguinte questionava se alguém é capaz de
construir um carro capaz de aproveitar melhor o potencial do motor Honda que o
STR13. O time inglês preocupou-se em andar rápido e foi o único a usar o novo
composto hipermacio, recurso que permitiu ao belga Stoffel Vandoorne marcar a
terceira melhor marca da semana (1’19”984). Fernando Alonso, com composto super
macio, fez o décimo tempo (1’20”929).
Considerando que do
primeiro para o segundo há um ganho de um segundo por volta em Barcelona, e
que, dessa versão para o pneu macio mais um segundo, o espelho da Toro Rosso
refletiu uma imagem mais promissora. Aos resultados de Pierre Gasly (1’21”318)
e Brendan Hartley (1’22”371), ambos com pneus macios, aplique-se o coeficiente
de aderência dos compostos mais aderentes usados pela McLaren e a imagem fica
nítida. O fato que ambos completaram 303 voltas (Gasly, 229 e Hartley 74),
contra o total de 161 computados por Vandoorne (110) e Alonso (51) melhora o
saldo do time júnior da Red Bull e marca ponto para a durabilidade
surpreendente do motor Honda. A tática do “precisamos mostrar que somos
rápidos” da McLaren mostrou que nem tudo que reluz é ouro, ou o brilhante
amarelo papaia que o time adotou para esta temporada.
Na outra arena de touros,
a Red Bull mostrou que deverá, novamente, ser a melhor equipe com motor
Renault: Daniel Ricciardo (5o tempo, 1’20”179, 62 voltas) e Max Verstappen (7o, 1’20”317, 102 voltas) andaram com
pneus de composto médio, considerado a melhor opção para descobrir as virtudes
e defeitos de um carro novo.
A Renault viu Nico
Hulkenberg (9o, 1’20”547, 122 voltas) e Carlos Sainz (11o, 1’20”940, 125 voltas), exibirem boa
durabilidade, mas o desempenho ainda precisa melhorar para se firmar como a
quarta equipe do grid. Espera-se boa melhora de Hulkenberg e Sainz nos próximos
dias.
Nesse mesmo período,
talvez nem tanto, o futuro da equipe Force India será conhecido. Em meio a um
processo de troca formal de nome e, possivelmente, de proprietário, a esquadra
que terminou 2017 em quarto lugar na classificação de construtores parece viver
dias turbulentos: o VJM 11 mostrado na semana passada parece mais um VJM 10
passado por uma sessão de make up, onde a colocação dos logotipos dos
patrocinadores é a novidade maior. Já se comentou que até mesmo o uniforme da
equipe será diferente em Melbourne. O próprio resultado dos dois pilotos foi
considerado por demais modesto: 16opara Estebán Ocón (1’21”841,
pneus macios, 79 voltas) e 17o para Sérgio Pérez
(1’21”973, pneus macios, 65) e ficou aquém das expectativas; o russo Nikita
Mazepin foi o responsável pelo suposto shake down do carro: na
segunda-feira ele completou 22 voltas, a mais rápida delas em 1’25”628, usando
pneus de composto médio.
Outra equipe que usou três
pilotos foi a Williams, que teve Lance Stroll (12o, 1’21”142, 54 voltas), Robert Kubica
(14o, 48 voltas, 1’41”495) e Sergey Sirotkin (15o, 1’21”822, 52 voltas), em ação,
todos eles andando com pneus de composto macio. A seguir com atenção o que se
passa com o time que ainda busca encontrar seu lugar na F-1 atual.
Situação semelhante vive a Haas: discrepância é o termo
que desponta quando se comparada os resultados dos seus dois pilotos, Kevin
Magnussen (6o, 1’20”317, 96 pneus supermacios, 96
voltas) e Romain Grosjean (19o, 1’22”578, pneus macios, 32 voltas).
Tal qual a Williams, a equipe merece ser acompanhada com atenção para que se
possa identificar suas verdadeiras chances para a temporada.
Os melhores tempos da semana passada:
1) Lewis Hamilton, Mercedes W09,
1’19”333, pneus médios;
2) Sebastian Vettel, Ferrari SF71-H,
1’19”673, terça, macios;
3) Stoffel Vandoorne, McLaren
MCL33-Renault, 1’19”854, quinta, hipermacios;
4) Valtteri Bottas, MercedesW09,
1’19”976, terça, médios;
5) Daniel Ricciardo, Red Bull RB14-Renault, 1’20”179s, segunda, médios;
6) Kevin Magnussen, Haas VF 18-Ferrari, 1’20”317, quinta, supermacios;
7) Max Verstappen, Red
Bull RB14-Renault, 1’20”326, terça, médios;
8) Kimi Raikkonen, Ferrari SF71-H, 1’20”506, segunda, médios;
9) Nico Hulkenberg, Renault RS18, 1’20”547, segunda, médios;
10) Fernando Alonso, McLaren MCL33-Renault, 1m20.929s, quinta, médios;
11) Carlos Sainz Jr, Renault RS18,
1’20”940, quinta, médios;
12) Lance Stroll, Williams FW41-Mercedes, 1’21”142, quinta, médios;
13) Pierre Gasly, Toro Rosso STR13-Honda 1’21”318, terça, médios;
14) Robert Kubica, Williams FW41-Mercedes, 1’21”495, terça, médios;
15) Sergey Sirotkin, Williams FW41-Mercedes, 1’21”822, terça, médios;
16) Estebán Ocon, Force India VJM11-Mercedes,
1’21”841, terça, médios;
17) Sérgio Perez, Force India VJM11-Mercedes, 1’21”973, quinta, médios
18) Brendon Hartley, Toro Rosso
STR13-Honda, 1’22”371, segunda, médios
19) Romain Grosjean, Haas VF
18-Ferrari, 1’22”578, segunda, médio;
20) Charles Leclerc, Sauber C41-Alfa
Romeo, 1’22”721, terça, macios;
21) Marcus Ericsson, Sauber C41-Alfa
Romeo, 1’23”408, segunda, macios;
22) Nikota Mazepin, Force India
VJM11-Mercedes, 1’25”628, segunda, médios.
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