Motor mais forte, versão GT no Sandero, a Renault se prepara
O mercado brasileiro não está fácil. Projeta crescimento lento de 5% para 2012, e a certeza que a capacidade industrial instalada do país crescerá aproximadamente 30% em 5 anos, projetando-se 4,5M de veículos. Novas marcas chegarão, novos conceitos, como os carros coreanos feitos aqui, novas referências serão criadas. Ou seja, quem acha que agora está difícil disputar o consumidor não considera os próximos anos. Aí sim, com a maior quantidade de marcas num só país, qualquer décimo de participação de vendas será muito disputado.
Pra cima, pra frente.
A Renault conseguiu reverter seus maus resultados e engatou um processo de crescimento, obtendo mais vendas e expansão que a média do mercado. Teve a coragem de assumir que o Brasil gosta de carros com pouco refinamento, e baseia seus produtos mais vendidos, Logan, Sandero e Duster sobre plataforma de resistência e reações a nível soviético – áspera, dura, resistente e avessa a quebras. Moral da história, recuperou a quinta posição nas vendas.
Para o futuro imediato a empresa dedicou-se, com apuro tardio, ao motor 1.6 e 8 válvulas, aplicando-lhe receita tradicional, de redução de peso nos pistões, e diminuição de atrito no funcionamento. Com pequenos acertos conseguiu aumentar a potência para 106 cv com etanol e 98 cv com gasálcool.
Na prática o motor dá mais docilidade aos três que o utilizarão, melhores respostas em baixas rotações, característica do uso brasileiro. Resultado, menos emissões e redução de consumo na ordem de 10% na cidade, 5% na estrada, bastantes para enquadrá-los na faixa de menor consumo no programa de etiquetagem – iniciativa do governo para mostrar ao consumidor dados verdadeiros de consumo e poluição. Operacionalmente permite aos veículos que o utilizam um andar de melhores reações urbanas e menor necessidade de troca de marchas.
Novidade na linha é a criação de versão GT para o Sandero, decorado por detalhes de pretensa esportividade, como para choques traseiro com extrator de ar, faróis máscara negra, rodas em aro 15”, adesivos e suspensão levemente endurecida. Para dar uma força na identificação esportiva – o comportamento de acelerar e fazer velocidade final sejam idênticos – cintos de segurança vermelhos, instrumentação com fundo branco.
Demais versões e no Logan, houve incorporação de itens antes opcionais para melhorar o conteúdo, melhorando a relação entre conteúdo e preço.
O motor 1.6 com 16 válvulas mantém-se em produção, porém de aplicação limitada aos carros dotados de transmissão automática. Na prática, a Renault fez um bom trabalho de atualização, aproximou o rendimento dos motores 8v ao fornecido pelos 1.6 com 16v, e manteve preços, economizando na redução de custos.
No lançamento, Olivier Murguet, presidente da empresa, cobrado pela defasagem entre os produtos brasileiros e europeus, usou a facilidade em se expressar, da vivência local como ex diretor de produto para o Mercosul, para explicar que a distância diminuirá, e que o exemplo do Sandero – aqui lançado antes da Europa – será repetido.
Próximas novidades da Renault serão o Clio, revisto esteticamente e no motor 1.0, também re acertado, e o Duster, com novos atrativos para manter-se competitivo ao oferecer mais espaço e custar R$ 5 mil menos que o Ford EcoSport.
Roda-a-Roda
Mais outra – A decisão da Volkswagen em produzir o picape Amarok na Alemanha, ligou o marketing da Mercedes. Porque não ter o produto ausente em seu portfolio ?
Fácil – A Mercedes tem conhecimento amplo na matéria ao dividir engenharia com sua ex-sócia Chrysler no desenvolvimento de produtos, como os ML, os Grand Cherokee, com a mesma base, e os picapes RAM.
Início – Para dar corpo à idéia e facilitar avaliações a fábrica alemã mandou técnicos à Argentina, reunindo os picapes feitos lá e exportados ao Brasil – Toyota, Ford e Amarok –, juntou-o aos aqui feitos, fez teste geral. Quer entender os produtos ambivalentes em trabalho e status na América do Sul.
Vem – Que a Mercedes entrará no segmento de picapes, não há dúvida. Mas, dizem experiências recentes, contas altas devem ser divididas e assim, apesar do saber e da estrutura mecânica pronta e disponível, procura sócia para fazer o produto. Coreana, de preferência. Quer aprender mais sobre qualidade.
Ecologia – A caça aos poluentes força as montadoras buscar motores menores. A Ford desenvolveu, reduzindo-os em tamanho e deslocamento cúbico, aplicando-lhes turbo alimentador, substituindo os de maior cilindrada, emissões, consumo. O Fusion, chegando em nova edição, totalmente mudado, terá versão com sua tecnologia dita EcoBoost.
Nasa – Seu turbo se diferencia dos aplicados no 2.0 EcoBoost do Edge e Explorer, em liga de cobalto e tungstênio, utilizada em viagens espaciais. Há que suportar trabalho duro: até 190 mil rpm e 1.050 graus de temperatura.
Festa – O dois de setembro é referencia para a indústria automobilística nacional: o mais antigo de seus produtos fará 55 anos. É a Kombi, já vista em 1,53 milhão de unidades. Imbatível entre o que pesa e o que transporta, solitária no mercado, é recordista como o mais longevo do mundo.
História – A linha de produção da Kombi é uma preciosidade. Mesmos métodos do imediatos ao pós guerra, intensa mão de oba, é a manufatura mais antiga do mundo ainda em prática.
Fim – A Kombi tem fim marcado: 2013, barrada pela exigência da aplicação de air bag por todos os veículos nacionais. Sua estrutura não suporta tais protetores.
Largou – A Citroën veicula filme de apresentação do novo C3. Feito na Turquia, balançando em guindastes portuários, chama a atenção pelo insólito, mas não exprime com clareza sua característica principal, o amplo para brisas dito teto Zenith. O tema, capitalizando a boa imagem do C3, vendedor de 240 mil unidades, diz “É muito mais C3”.
Fim de feira – Quatro produtos no mercado estão nas últimas unidades nos pátios dos revendedores, capazes de preços ainda menores para negociação. Há que se limpar pátios.
Pechinche - Chevrolet Omega – de fornecimento interrompido na Austrália e o modelo de origem será substituído; Renault Gran Tour, elegante station wagon, de produção encerrada porque tomava tempo e espaço na linha de montagem, mais interessada em Sanderos, Logans e Dusters; Ford Fusion, cuja nova versão, inteiramente mudada e com nova motorização chega em outubro; Citroën C3, já descontinuado, equipado e com preço a R$ 34.900.
Então – A fim ? Lembre-se, são bons automóveis, mas descontinuados. Assim, podem ser bom negócio desde que você consiga um bom desconto.
História - O livro "Fordlândia", de Greg Grandin, finalista do Prêmio Pulitzer, será filme. É desconhecido pedaço de nossa história, quando Henry Ford, quase autônomo nos insumos para fazer seus veículos, resolveu comprar quase 15.000 km2 para plantar seringueiras na Amazônia e produzir borracha. Mandão, sem orientação, mal feito onde estavam até um parente de Santos-Dumont, a iniciativa provocou implantação de duas cidade, o choque de cultura, e enorme prejuízo. A Fordlândia, hoje do governo federal, abandonada, em escombros, em rito de salvamento pelo Patrimônio Histórico.
Festa – Para festejar as 7 milhões de unidades do Gol, a diretoria da VW alemã veio ao Brasil e convocou o presidente da VW Argentina. É o modelo mais produzido, vendido e exportado da indústria automobilística brasileira.
Na medida – Com o bem acertado slogan – “Menos você não quer, mais você não precisa” a Volkswagen Caminhões e Ônibus, hoje MAN Latin America, começou a abrir o caminho de liderança no mercado nacional, criando uma categoria nova, colocando ar condicionado, e permitindo ao comprador personalizar o caminhão VW 18.310 a seu gosto e necessidade.
Argentinos – A Mercedes mudou os planos, alterará a linha de produção em Virrey del Pino, na fábrica argentina chamada Juan Manuel Fangio. Fará caminhões Atron 1624 e 1634, e o chassi de ônius LO 915. Até agora dividia operações: na Argentina faz Sprinter e o frontal 1720. Aqui, o restante da linha. A recente legislação de conteúdo nacional e o plano para renovação da frota de carga tem muito a ver com a decisão.
Fim – Diz a multi de peças Visteon ter vendido sua divisão de iluminação automobilística à indiana Varroc. Negócio pequeno para o setor, mas indica arrumação e de mudança de rumo. Em vez da multi comprar indústria em país em desenvolvimento, vende parte do seu negócio a empresa local: US$ 72M.
Tecnologia – Em vez de espelho retrovisor, câmera gerando imagens nítidas, grande contraste, sem reflexo de faróis. Tecnologia nova, utilizada pela Audi nas corridas de Le Mans. Da Samsung, equipará o topo do topo Audi A8 e.tron.
Prêmio – Brazil Trading, verdadeiro nome da Kia Motors do Brasil, foi indicada campeão no setor de Comércio Atacadista e Exterior, em prêmio da revista Exame, listando as 1.000 empresas de maior performance no país.
Mão de obra – Lucas Di Grassi, paulista, foi contratado pela Audi Brasil para conduzir um Audi R 18 Ultra nas “6 Horas de S Paulo”, prova integrando o FIA World Endurance Championship. Nesta temporada a prova emblemática é a 24 Horas de Le Mans. Lucas fará uma espécie de vestibular à permanência e às futuras provas. A Audi lidera o Mundial de Endurance.
História – Prolífico, o jovem escritor argentino Franco Cipolla tem novo livro especializado: LA INDUSTRIA AUTOMOTRIZ ARGENTINA, ESA DESCONOCIDA...
Esclarecedor trabalho sobre a história das variadas marcas, e as idas e vindas tecnológicas causadas pelos sucessivos governos. Custa 150 pesos (aproximados R$ 66) para entrega no Brasil. A fim ? fhc_ika@hotmail.com
Festa – Para comemorar 110 anos a Triumph Motorcycles monta evento mundial, o Triumph Live 2012, em Leicestershire, Inglaterra, entre 31 de agosto e 2 de setembro, esperando 15.000 pessoas. Brincadeiras, demonstrações, Track Day. Quer mostrar estar viva e disposta. Mais? www.triumph-live.com.
Se vira – Minha avó dizia, “a necessidade é que faz o sapo pular”. Sábia macróbia. O pessoal da fábrica de motos Dafra não teve a ventura de contratá-la como consultora de marketing, mas seguiu sua análise: pulou.
Solução - Aproveitou a queda do mercado de motos por incapacidade de aprovação dos financiamentos para moto boyse criou produto mais barato, capaz de driblar as exigências bancarias: bicicletas elétricas. Custam R$ 2 mil e 2,5 mil. Números motivaram a mudança. Preve-se, a médio prazo as e.bikes, como chamadas, superarão as motos e os scooters.
Ação da Fiat melhorou os óleos lubrificantes no Brasil
Informação de poucos conhecida e que dá referência ao distanciamento entre o Brasil e os grandes centros produtores e consumidores de veículos, há uns pouco anos, é a da classificação dos óleos lubrificantes para motores de veículos. Sua listagem é feita em ordem crescente no alfabeto, e cada letra corresponde a um degrau ascendente em qualidade e tecnologia, em função da viscuosidade, índice de viscuosidade e aditivação.
Curioso possa parecer, até a década de 80, a classificação ia apenas até a letra SD, indicando um lubrificante primário, de baixa aditivação e, naturalmente, pouca capacidade de fazer lubrificação, preservar os componentes ante trabalho duro. Era um reflexo da primeira geração dos motores trazidos ao Brasil, projeto com décadas, tempo em que as folgas e ajustagens internas eram muito generosas. Motores antigos, óleos de formulação primária.
Ao chegar ao Brasil com um motor de projeto novo, com as menores folgas de ajuste, percebeu que o óleo permitido pelo então Conselho Nacional de Petróleo não permitiria bem aproveitar as características, incluindo a longevidade, fundamental para a boa imagem da marca. A chegada de empresa então associada, a Tutela, produtora de lubrificantes, forçou a tomar iniciativa de tentar modificar o limite legal.
Contratou um advogado conhecido e com credibilidade na esfera governamental, e tanto a documentação técnica quanto a argumentação jurídica permitiram a conquista de três resultados até hoje válidos para o mercado e todos os usuários de veículos: liberou a tecnologia e assim, a classificação para os lubrificantes - hoje disparadamente melhores, e na classificação SJ; reconheceu e aprovou lubrificantes semi sintéticos, inaugurando nova era de convivência com os ganhos tecnológicos e redução de emissões; permitiu que os lubrificantes pudessem ter marca do fabricantes de veículos.