Alta Roda nº 743/92– 25/07/2013 |
Fernando Calmon |
Improvisação, em assuntos que merecem atenção do poder
público, infelizmente continua como regra.Demonstração desse descaso aconteceu
com a inspeção técnica ambiental (ITA) na cidade de São Paulo. Em nível
nacional existe um Plano de Controle de Poluição Veicular (PCPV) que obriga
governos estaduais a levantar um inventário de emissões e controlar via
inspeção de veículos o nível de poluentes.
Liminar concedida há meses ao Ministério Público paulista, pela 14ª Vara
da Fazenda Pública, determinou a ITA em 128 municípios e em toda a frota movida
a diesel no Estado. Nada aconteceu até agora. Em teoria outros Estados poderiam
ser acionados, pois o PCPV existe desde 1994. Na capital paulista, a inspeção começou
de forma totalmente deturpada há quatro anos.
Essa coluna sempre defendeu a fiscalização de segurança e ambiental integradas.
Mas o pior dos mundos aconteceu na maior cidade do país. Além da inspeção não
incluir itens de segurança, começou justamente pelos veículos novos,
subvertendo a mais comezinha das lógicas. Apenas depois de todo o desperdício
de tempo e dinheiro é que a nova administração da prefeitura decidiu implantar
o mesmo cronograma adotado em outros países e defendido nesse espaço por várias
vezes.
Já em 2014, a ITA atingirá apenas veículos a partir do quarto licenciamento
(mais de três anos de uso), a cada dois anos, até o décimo, quando passa a ser
anual. Movidos a diesel continuam com a regra antiga Só pagará a taxa de
serviço quem for reprovado. Aqueles licenciados em outros municípios, que
circulem por mais de 120 dias na capital, serão obrigados a fazer inspeção
(antes dispensados), mas deverão pagar a taxa. Esta exigência pretende trazer
de volta parcela da frota da capital licenciada em municípios vizinhos para
escapar da inspeção. Isso trazia prejuízo a São Paulo, que perdeu sua parte na
divisão do IPVA estadual.
Improvisação, no entanto, continua. A prefeitura vai abolir a ITA centralizada
pela empresa Controlar, que instalou 16 centros, 200 linhas de inspeção e, à
exceção de sua avidez por faturar, faz um bom trabalho. Experiências de
pulverizar o programa tentadas em outros países não deram certo pela
dificuldade de fiscalização. Também se questiona a gratuidade do serviço. Afinal,
quem não possui carro acabará por também pagar a conta.
Outro ponto importante, particularmente em uma cidade de elevado poder
aquisitivo, é o estímulo para a troca do veículo após três anos de uso, período
de dispensa da obrigação. Resultado aparecerá na forma de renovação mais
acelerada da frota, algo altamente benéfico para a qualidade do ar.
Vergonhosa mesmo foi a atitude de sindicatos de comerciantes de autopeças e de
donos de oficinas. Podiam ao menos ficar neutros, porém, ao contrário, divulgaram
protestos com argumento absurdo em favor de seus próprios negócios. Para eles,
a inspeção deveria continuar anual, para todos os veículos, a fim de
“conscientizar” os motoristas sobre a importância da manutenção. Ora, isso
permanece em pauta: frota-alvo a fiscalizar passará por vistoria. E, afinal,
carros novos têm sistemas antipoluição garantidos por cinco anos ou 80.000 km.
Chega de esperteza.
RODA VIVA
NOVO atraso
no início da produção do SUV médio-compacto ix35 na fábrica Hyundai-CAOA, de
Anápolis, GO. Plano inicial era começar a montagem no final de 2012. Além de
atrasos previsíveis, cronograma pode ter sido prejudicado pela falência do
banco BVA, em que o Grupo CAOA tinha aplicações de R$ 600 milhões. Segundo a
empresa, Tucson continuará em linha.
AUDI A3
Sportback impressiona por suas maiores dimensões (quase 6 cm a mais de
entre-eixos) e ainda ter perdido cerca de 90 kg de massa total por uso
extensivo de alumínio e aços leves. Destaque ao interior com ótimo acabamento,
tela multimídia de 7 pol e freio de estacionamento eletromecânico. Motor 1,8
l/180 cv turbo utiliza inédita injeção direta e indireta. Preço: R$ 124.300.
SEM nada
lembrar a geração anterior, novo Toyota RAV4 exibe estilo mais jovem e
dispensou estepe externo. Roda sobressalente fica sob o assoalho do
porta-malas, cuja tampa é ruidosa em piso irregular. Mas, suspensões são ótimas
em qualquer situação. Materiais internos equilibram partes rígidas e de toque
suave. Ótimo conjunto motor e câmbio CVT (7 marchas virtuais).
FOCADA no
mercado brasileiro, Fiat não economizou ao decidir desenvolver versão flexível
para o motor MultiAir do subcompacto descolado 500. Mesmo ao representar só 15%
das vendas, motor 1,4/16 v, de ação eletro-hidráulica das válvulas de admissão,
cobre essa lacuna e oferece dois cv extras de potência (107 cv) com etanol.
Diferença é pouco perceptível.
CORREÇÃO: potência do inédito motor V-6 a gasolina
do novo Ranger Rover Sport é de 340 cv (diesel 292 cv). No início do próximo
ano, a marca inglesa lançará versão diesel híbrida na Europa. Não há, porém,
previsão desta opção ser exportada para o Brasil em razão do preço elevado.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmon
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