Alta Roda nº 742/91– 19/07/2013 |
Fernando Calmon |
Parar no tempo é a pior situação na indústria
automobilística. Tal situação envolveu marcas puramente inglesas, em parte
pelos reflexos severos da II Guerra Mundial. Levou o governo britânico a
assumir o controle de empresas descapitalizadas e a um plano de fusões. Típico mau
gestor, acabou por aumentar os prejuízos e, finalmente, vender por qualquer
preço para concorrentes estrangeiros (BMW, Ford e VW).
Marcas
inglesas de maior peso estão hoje todas desnacionalizadas. Land Rover e Jaguar
formam um grupo cujo controle acionário, depois de experiências que não deram
certo com a Ford, passou para os indianos da Tata. Esta já fez tudo
corretamente: colocou dinheiro e só cobra resultados. Os ingleses não
decepcionaram. Suas fábricas sofrem, como todas da Europa, pelo recuo das
vendas por seis anos seguidos e aumento de capacidade ociosa. Mas sua situação
é um pouco menos dramática ao conseguir fechar algumas instalações e produzir
com grau de ocupação acima de 80% (na Itália, por exemplo, apenas 46%).
Novo
Ranger Rover Sport desponta nessa fase ascendente da marca principal, a Land
Rover. Lançado em 2005 como opção refinada do Discovery III, esse SUV grande
surge como produto inteiramente novo. Herdou a estrutura monobloco de alumínio
do Range Rover topo de linha, porém é mais baixo e um pouco mais longo. Ganhou
18 cm na distância entre-eixos em relação ao primeiro modelo e a possibilidade
de ter dois lugares extras restritos (5+2, de fato). Além de folga para três
pares de pernas no banco traseiro, o acompanhante do banco dianteiro também
dispõe de mais espaço.
Para
o motorista houve diminuição em cerca de metade do número de botões no painel e
um quadro de instrumentos eletrônico que simula ponteiros correndo por trás dos
números. Aproveitar toda a capacidade fora de estrada – improvável para quem
pode pagar cerca de R$ 400.000 pela versão de entrada – exige estudo do manual
ou instrutor paciente. Sensor colocado na carcaça dos retrovisores externos pode
avaliar e projetar no painel a profundidade de um rio ou riacho que se queira
cruzar (até 85 cm de profundidade). Segundo a empresa, recurso inédito.
Avaliar
o Ranger Rover Sport, ao longo de mais de 400 km em dois dias, em estradas
secundárias da Inglaterra e País de Gales, exigiu atenção redobrada. Afinal,
guiar na mão esquerda de direção e administrar um veículo de 2,07 m de largura (incluídos
espelhos) por faixas de rolagem entre as mais estreitas do mundo, é nada usual.
O carro “emagreceu” 420 kg e ficou mais à mão. Suspensão pneumática,
amortecedores e barras estabilizadoras adaptativas, rodas com aros de 21 pol e
pneus 275/45 formam um conjunto que não teme curvas. E, fora de estrada,
ressalta as tradições da marca por piores que sejam os obstáculos.
Autogerenciamento eletrônico de sete parâmetros se encarrega de (quase) tudo.
Para
o Brasil, motor V-6 diesel (3 L/258 cv) responderá por 70% das preferências.
Ganhou cerca de dois segundos na aceleração de 0 a 96 km/h (agora, 6,8 s) e
quase 18% em consumo. Estreará novo V-6 (3 L/292 cv) gasolina, com compressor.
Continua o V-8 (5 L/510 cv), também com compressor e sonoridade típica de
Jaguar que compartilha esse motor.
RODA
VIVA
COLUNA antecipa início de
produção de mais um modelo: novo Ford Ka, março de 2014, fábrica de Camaçari
(BA). Vendas só dois a três meses depois, em função de ajustes produtivos.
Trata-se do projeto B562 com lançamento simultâneo das versões hatch e sedã, a
exemplo do Etios. Menor que o New Fiesta, será subcompacto anabolizado, como VW
up!.
PRODUÇÃO do Golf VII está
prevista, na fábrica mexicana de Puebla, para primeiro trimestre do próximo ano.
Portanto, só chegaria ao Brasil em meados de 2014. Mas, versão GTI (230 cv) virá
antes, da Alemanha. Em 2015, Golf será fabricado em São José dos Pinhais (PR),
viabilizado pela produção conjunta do Audi A3 que usa mesma arquitetura MQB.
PRIMEIRAS unidades do SUV
médio compacto da JAC estarão em ruas e estradas nas próximas semanas, com
pouco disfarce. São S5 (aqui terão outro nome) chineses em testes. Lançamento em
2014 para concorrer na faixa de ix35, CRV e RAV4. Terá novo motor 2-litros
aspirado, mais barato que versão turbo, para mantê-lo entre R$ 70.000 e R$
80.000.
CONTRAN, cada vez mais, se
especializa em criar prazos inviáveis. Agora, a vez dos simuladores de direção
em autoescolas de todo o País. Prevista para o último dia 30 de junho, a
Resolução 412/2012 precisou ser adiada. Equipamento custa mais de R$ 35.000 e existe
apenas um fornecedor. Quem sabe passa a valer em 31 de dezembro próximo.
PESSOAL de marketing das
fábricas gosta de exagerar nas siglas em inglês de recursos eletrônicos. ESC e
TC, por exemplo, estão sempre associados: controles de estabilidade e de tração
funcionam de forma integrada. Da mesma forma, ABS e EBD: sistema de freios com
antibloqueio e distribuição da força de frenagem. Na realidade são duas peças e
quatro funções.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em
assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua
coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma
rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no
Brasil do site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmon
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