A série
“Chovendo no molhado” teve mais um capítulo neste final de semana com a
confirmação que a Ferrari e a Sauber renovaram o acordo de fornecimento de
motores iniciado em 2007 e interrompido entre 2006 e 2009 quando o time foi
controlado pela BMW. O anúncio valoriza o passe de Felipe Massa para ocupar um
dos cockpit do time suíço em 2014 em uma concorrência que inclui até mesmo
Rubens Barrichello. Em Paris a FIA informou que a possibilidade de usar seus
direitos para impor um único fornecedor de combustível para todos os
concorrentes da F1 foi incluída em um comunicado de maneira equivocada e não
está em seus planos adotar a medida.No mercado de
pilotos duas notícias movimentaram os boletins da Radio Paddock nos últimos
dias: a confirmação de Jules Bianchi na Marussia e uma declaração da executiva
principal da Sauber, Monisha Kaltenborn, sobre Rubens Barrichello:
“Há algumas opções no mercado e sabemos que ele tem experiência e quer voltar. Vamos ver, por quê não?”
Kalterborn não
revelou outros nomes sobre quem pode chegar e quem deve ir. Enquanto
isso, o russo Sergey Sirotkin está cada vez mais próximo de ser confirmado com
um de seus pilotos apesar de ter completado 18 anos no último 27 de agosto e
ter limitada experiência em competições. Apesar do impacto destes fatores ser
relativo – Räikkönen estreou na F1, também pela Sauber, vindo direto da
F-Renault 2.0 -, a grande vantagem do jovem russo é o aporte financeiro que ele
traz de entidades governamentais do seu país.
Assim como o
anúncio que Jules Bianchi também será mantido na Marussia tem a ver a com o
fato que o time russo-britânico usará trem de força Ferrari – Bianchi integra a
Academia de Pilotos de Maranello -, a renovação do acordo entre Sauber e
Ferrari – que vai fornecer o conjunto motor-câmbio e o sistema de recuperação
de energia (ERS na sigla em inglês) -, afeta o Brasil. Assim como Bianchi,
Massa tem fortes ligações com a marca italiana e tem sua carreira administrada
por Nicolas Todt, filho do presidente da FIA. Em um contexto onde experiência
será importante para acertar e desenvolver os novos carros e 2014 suas
passagens anteriores pela Sauber certamente contam muito. Barrichello também
passou pela Ferrari e também é experiente; seu retorno, pela Sauber, estaria
mais próximo?
“Vamos anunciar
nossos pilotos na hora certa”, foi o máximo que Kaltenborn concedeu além de
descartar a possibilidade de Barrichello disputar o GP do Brasil em um dos seus
carros.
Vale lembrar
que Mais uma vez Bernie Ecclestone declarou que Massa deve continuar na F1 e
que a Toro Rosso – segunda equipe da estrutura bancada pela Red Bull – é uma
boa opção. “Essa equipe precisa de um piloto experiente para crescer”, indicou
Ecclestone.
Gasolina única ainda não
A proposta de
estipular um fornecedor único para o Campeonato Mundial de F1 anunciada em
comunicado da FIA na semana passada derrubou mais que as árvores usadas para
produzir o papel onde o documento foi impresso e queimou mais carvão para
produzir energia elétrica que alimentasse os roteadores de internet. Ainda que
uma fonte da FIA tenha comentado, sob garantia de anonimato -, que o termo
“combustível” foi incluído por engano no texto, a idéia que ficou é que a
declaração foi um balão de ensaio.
Ainda estão na
memória de muitos os custos e consequências de combustíveis que marcaram época
na F1, como aquele que a Basf preparou para a BMW em 1983 e o que a Elf
entregava para a Williams; este último fez tremer todo o paddock de Barcelona
quando a transferência de um recipiente para outro acabou em explosão durante
um treino de início de temporada. A história que envolve o mecânico da McLaren,
então responsável pelo abastecimento morreu por causa do contato com a gasolina
preparada pela Shell, nunca foi confirmada, mas o cidadão nunca mais foi visto
no circo e, diem as más línguas, teria contraído uma doença decorrente do
contato com combustíveis especiais.
Para controlar
a criação de misturas mais do que simplesmente explosivas e que evitem o uso de
elementos de alta toxicidade a FIA estabeleceu que os combustíveis usados pelas
equipes sejam identificados por algo semelhante a uma impressão digital, algo
que deve ser reconhecido durante a temporada. Isto coíbe uma das práticas mais
comuns no esporte: o uso de fórmulas mágicas que ajudam a produzir mais
potência, ainda que em detrimento da durabilidade. Certa ocasião uma equipe que
disputava uma temporada de monopostos no Brasil ganhou uma quantidade de
combustível de um time de F1. Ao experimentar o mimo acabou ganhando um motor
danificado para sempre, consequência da destruição causada “gasolina”.
Ao tentar
estabelecer um fornecedor único para combustível certamente todas estas
possibilidades foram consideradas, além obviamente da chance de faturar algo
extra. Só deixaram de lado as implicações comerciais: subestimou o prejuízo
comercial aos concorrentes e superestimou seu próprio poder de fogo.
A
gente não quer só comida
Outra história
que revive nos dias atuais é a cruzada dos pilotos em busca de melhores
condições de trabalho, particularmente nas dimensões internas dos carros de F1.
Muita gente lembra que Nigel Mansell não se adaptou ao McLaren MP4/10 Mercedes
de 1995 por um problema de base: seu traseiro era gordo demais para encaixar no
assento do carro. Agora se fala que Nico Rosberg não foi para essa equipe, em
2012 por causa dos seus 74 quilos e Jenson Button declarou que antes das
corridas chega a jejuar:
“Afinal, cinco
quilos a mais significam dois décimos por volta, o suficiente para enterrar sua
carreira...”, declarou o compatriota de Mansell.
Mark Webber,
australiano cuja estatura lhe garante no Brasil o apelido de “varapau”, não
estará na F1 em 2014, mas comprou a briga, que deve ficar mais acirrada porque
no ano que vem os carros terão limite máximo de capacidade de combustível.
Autódromo do Rio mais longe
O Tribunal de
Justiça do Rio de Janeiro negou novamente o pedido de recurso da Confederação
Brasileira de Automobilismo (CBA) para suspender o licenciamento ambiental e
garantir o início das obras de construção do circuito que substitua o demolido
Autódromo de Jacarepaguá, informa a Agência Brasil. Dados sobre o processo
estão disponíveis no site desse tribunal e visualizados clicando aqui. Segundo o desembargador da 11ª
Câmara Cível do TJRJ, Desembargador Claudio de Mello Tavares, "inexiste
obrigatoriedade à menção de todos e quaisquer teses e dispositivos legais que a
embargante entende ser aplicáveis à espécie". Cada vez mais fica mais
distante a construção de uma nova pista no Rio e mais claro que a negociação
feita pela CBA com os envolvidos na desapropriação de Jacarepaguá não foi das
mais eficientes no que se refere aos interesses do esporte.
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