Wagner Gonzalez |
LEIST E FRAGA,
RESPECTIVAMENTE
CAMPEÃO E MILIONÁRIO
O fim de semana
foi bastante produtivo para Matheus Leist e Felipe Fraga, dois jovens pilotos
brasileiros que seguem caminhos diferentes e igualmente promissores. Leist, em
Donington e de olho na F-1, deu um passo importante ao vencer o Campeonato
Inglês de F-3, repetindo a conquista de nomes como Emerson Fittipaldi, Nélson
Piquet e Ayrton Senna e outros nove brasileiros.
Fraga, que desde 2014 se
mostra como o maior representante da renovação de pilotos da Stock Car
brasileira, venceu a oitava edição da Corrida do Milhão em Interlagos domingo
passado e aumentou sua vantagem na liderança do campeonato. Em poucas
palavras, desde domingo Leist e Fraga são respectivamente campeão e milionário.
Enquanto isso, Austin (EUA) e Cingapura preparam-se para receber, na ordem,
mais uma etapa dos Campeonatos Mundiais de Resistência e F-1.
A conquista do gaúcho Matheus Leist deve ser encarada com seriedade por
dois motivos: ela acontece num momento que mescla o renascimento da categoria
na Europa e o Brasil vive um momento delicado para renovar seus representantes
na F-1. Nunca é demais lembrar que entre os 12 brasileiros que conquistaram o
título atualmente em poder de Leist — 1969, Emerson Fittipaldi; 1970, José
Carlos Pace; 1978, Nálson Piquet; 1979, Chico Serra; 1983, Ayrton Senna;
1985, Maurício Gugelmin; 1991, Rubens Barrichello; 1992, Gil de Ferran; 1998,
Mário Haberfeld; 2000, Antônio Pizzonia; 2004, Nelsinho Piquet; 2011, Felipe
Nasr), apenas Ferran (que chegou a testar um Arrows) e Haberfeld não chegaram à
categoria superior. Importante lembrar que durante alguns anos a F-3 inglesa
teve dois campeonatos paralelos, mas a versão apoiada pelo BRDC (British Racing
Drivers Club), proprietário e administrador de Silverstone, foi perpetuada.
Isso justifica o otimismo de Leist ao comentar seus planos futuros:
“Vou estudar
com calma a sequência de minha carreira, mas tenho certeza que boas portas vão
se abrir depois desse título.”
A temporada de
Leist teve quatro vitórias e onze pódios em oito rodadas triplas. Ele chegou à
rodada final em segundo lugar na tabela de pontos, mas venceu a primeira
corrida e soube administrar as circunstâncias das duas provas seguintes para
aproveitar o desempenho errático do rival inglês Ricky Collard, que terminou
com 466 pontos contra 493 do novo campeão. Mais do que isso, a conquista do
brasileiro também mostra que após a equipe fundada por Kimi Räikkönen e Steve
Robertson ter passado às mãos de ‘Boyo’ Hieatt, a competitividade dela não
diminuiu.
“Foram
quatro vitórias e onze pódios em um ano inesquecível com a Double R Racing.
Agradeço todos do nosso boxe e agora quero comemorar muito essa conquista
histórica”, completou o gaúcho, que desembarcou ontem em Porto Alegre. Seus
próximos passos indicam a GP3 como aposta mais provável. Esta categoria usa
motores V-6 de 400 cv e tem calendário com várias etapas disputadas como
corridas preliminares da F-1, o que certamente ajudará no progresso de sua
carreira.
Felipe Fraga
vence Milhão
Felipe Fraga
estreou na Stock Car vencendo na abertura da temporada de 2014, a Corrida de
Duplas disputada em Interlagos, onde correu com Ricardo Sperafico. Foi um feito
e tanto em uma categoria onde pilotos veteranos dominam o grid e o pódio. Nesse
mesmo ano voltou a vencer em Goiânia e em 2015 (quando terminou o campeonato em
quinto, quatro posições acima de seu resultado no ano anterior), venceu
novamente em Campo Grande. Esse retrospecto de astro é consolidado por seu balanço
de 2016: o piloto nascido no Pará e radicado em Tocantins lidera a tabela de
pontos e tornou-se o sexto vencedor da Corrida do Milhão, a prova mais
importante da categoria.
A atuação de
Fraga no domingo foi impecável: largando da primeira fila ele assumiu a ponta
na sexta das 28 voltas da prova e controlou com maturidade de veterano o
pole-position Rubens Barrichello, que terminou em segundo. Fraga também se
aproveitou de dois momentos cruciais no início e no fim da competição. Logo
após a largada Ricardo Maurício e Marcos Gomes se chocaram, facilitando a
criação de dois pelotões bastante separados. Na última volta Cacá Bueno bateu
na saída da chicane da curva do Café, como mostra este vídeo.
Vale salientar que o rendimento do seu carro foi primordial para a
quarta vitória na carreira de Fraga: a equipe Cimed, comandada por William
Lube, tem sido a referência de melhor acerto para várias pistas. Esse padrão
ajudou a compensar o azar de não ter pontuado na prova de abertura e foi
fundamental para que Felipe se recuperasse rapidamente e assumisse a liderança
do campeonato na quarta etapa deste ano. Curiosamente isso não garantiu
sua manutenção na equipe para 2017.
Na semana
passada Cacá Bueno foi confirmado como novo companheiro de Marcos Gomes (atual
campeão da Stock Car), consequência indireta do adeus da Red Bull como
patrocinadora da equipe de Andreas Mattheis. Essa reviravolta foi publicada por
esta coluna na edição de 19 de julho.
Essas mudanças estão longe de serem as únicas para a temporada 2017: a Ipiranga
ainda não renovou o patrocínio da equipe RCM, onde correm Thiago Camilo e Galid
Osman; Cacá Bueno e William Lube parecem negociar a compra de uma equipe e
especula-se a possível volta do laboratório Pratt-Donaduzzi como patrocinador
de uma. Juntos há oito anos, Ricardo Maurício e Max Wilson seguem para nova
temporada junto a Rosiceni Campos na equipe Eurofarma.
Outro destaque
da programação foi a segunda largada da etapa do Campeonato Brasileiro de
Marcas,que você assiste aqui. Com os carros embolados,
a manobra de Felipe Tozzo para evitar bater no carro que ia à sua frente
desencadeou uma série de toques que praticamente eliminou metade do grid. Na
nova largada o catarinense Vicente Orige venceu e terminou o fim de semana com
148, dois pontos atrás do líder do Gustavo Martins, ambos pilotando Honda
Civic. Apesar da carroceria, esse modelo e os Chevrolet Cruze, Ford Focus,
Renault Mégane e Toyota Corolla usam o mesmo conjunto de motor 2,3 e câmbio
X-Trac de cinco marchas. Marcas em termos, portanto…
Quem esteve em
Interlagos durante o final de semana notou mais do que a presença maciça de
tapumes e vários outros itens necessários a obras de reforma e construção. O
espaço onde funcionou a sala de imprensa mostrou que a acústica prima pela
acústica (im)perfeita e o edifício tolheu ainda mais a visão das arquibancadas
e possível notar desnível entre alguns pisos. Quem sabe tais problemas serão
revistos na próxima fase da reforma, que parece interminável: já se fala que no
ano que vem a pista será reasfaltada…
No cenário
internacional as atenções desta semana focam no autódromo de Austin, no Texas,
e no circuito citadino de Cingapura, onde prosseguem, respectivamente, as
temporadas dos Campeonatos Mundiais de Resistência e Fórmula 1.
WG
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