Alta Roda nº 703/63 – 18/10/2012 |
Fernando Calmon |
Congressos e seminários técnicos que integram os calendários
anuais de eventos da indústria automobilística passam a desempenhar um novo papel.
O regime Inovar-Auto, criado pelo governo para o período 2013-2017, mas que
certamente irá além, estimula pesquisas no País. Aqueles fóruns deverão focar
também no que estiver ao alcance do bolso dos motoristas.
O Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva (Simea
2012) teve sua pauta estudada, como sempre, com antecedência a fim de atrair
trabalhos técnicos e palestrantes. O tema desse ano – transporte e trânsito
mais sustentáveis – centrou-se em problemas de infraestrutura com ênfase na
ampliação do transporte urbano sobre trilhos.
São Paulo, maior cidade do país, tem apenas 74 km de metrô, porém
dobrará sua extensão em quatro anos. Alternativa do monotrilho suspenso,
solução mais barata e rápida de construir, adicionará 64 km. Estudos indicam
que dois terços dos motoristas trocariam automóveis pelo transporte público
confiável, confortável e rápido.
Redução de acidentes também foi abordado no Simea 2012.
Fabricantes no exterior trabalham com o conceito de segurança integral: freios
inteligentes e sinalização de alerta capaz de detectar motociclistas e
ciclistas nos pontos cegos dos veículos.
O XXI Congresso da SAE Brasil, no início de outubro e uma
semana após o Simea, conseguiu adaptar algumas pautas ao iminente anúncio do
novo regime automobilístico. Economia de combustível, um dos pontos importantes
na evolução dos automóveis aqui fabricados, valoriza recursos como o sistema
desliga-liga o motor.
Há duas evoluções prontas no exterior: desligar o motor já abaixo
de 20 km/h, mais útil em cidades, e o desligamento do motor e da transmissão,
sob certas condições, em estrada. Mesmo na versão básica, o potencial de
economia pode chegar a 13% no trânsito urbano pesado. No entanto, consumo regulamentado
representa média ponderada cidade-estrada e a diminuição homologada fica em
torno de 4%, o que exigirá muito esforço ainda. Redução no peso do carro e do
motor é outra estratégia admitida.
Injeção direta de combustível, pelo custo difícil de diluir
nos modelos de menor preço, pode demorar. Falta o desenvolvimento para os
motores flex ao consumir 100% de etanol (E100), embora disponível nos países
que utilizam E85 (15% de gasolina). Turbocompressores também ajudarão na
redução de cilindrada/consumo, processo conhecido por downsizing. No passado foram usados até em motores de 1 litro.
Agora o foco passou da potência ao consumo.
Na exposição do Congresso SAE várias tecnologias foram
apresentadas. Entre elas as manobras de estacionamento automáticas em que o
motorista só precisa introduzir alguns comandos. E, em breve, a novidade: poderá
sair dele e, ao toque de um botão, o automóvel estacionará sem dificuldade,
mesmo em vagas transversais típicas das garagens e estacionamentos apertados.
Os abrangentes painéis de apresentações e debates deram
mostra, já nessa edição, que congressos e simpósios deverão se concentrar na discussão
de aplicações práticas, sem deixar de lado o aspecto de pesquisa pura ainda
pouco estruturada e valorizada no Brasil. De alguma forma, isso terá de
acontecer.
RODA VIVA
FUTURO Ford Ka, a produzir na unidade de Camaçari (BA), será
diferente do Ka europeu. Deverá ter um pouco mais de espaço, porém não se
afastará muito em estilo, dentro do conceito da marca de unificação mundial dos
projetos. Aqui, haverá uma versão sedã quatro-portas, logo depois do lançamento
do hatch, previsto para o primeiro trimestre de 2014.
RENAULT admite que houve mal-entendido em relação aos seus
motores Hi-Flex. Eles não dispõem de gerenciamento eletrônico específico para rodarem
nos países vizinhos, com zero de etanol na gasolina. Podem circular por lá, sem
problemas, mesmo em viagens longas, porém não de forma permanente. Motores
exportados para lá têm calibração específica.
CRISE de vendas na Europa e prejuízos acumulados devem levar
a PSA Peugeot Citroën e a subsidiária alemã da GM, a Opel, a ampliar acordos de
produção e até se fundir, como se especula. Em outro movimento, Volkswagen
estuda criar uma nova submarca, específica para países de menor poder
aquisitivo.
MUITOS desses países puxam, hoje, a demanda mundial de
automóveis. Estratégia da Renault e da GM, com produtos mais simples, bom
espaço interno e preços em conta, tem conquistado compradores. O Brasil está
dentro desse cenário, embora para vender aqui sejam necessários airbags e ABS
de série, a partir de 2014. O que não exatamente é um problema.
CERTAS pegadinhas (hoaxes) na internet fazem muitos
acreditarem em coisas absurdas. Lojistas orientam quem compra um extintor de
incêndio a retirar o plástico que o envolve, sob pena de multa. Não existe
penalização prevista para isso. Apenas para facilitar a leitura do manômetro do
extintor pode-se afastar ou rasgar o plástico em volta, sem obrigação de
fazê-lo.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmon
Nenhum comentário:
Postar um comentário