terça-feira, 1 de outubro de 2013

Conversa de Pista com Wagner Gonzalez

Em qualquer atividade humana a contusão que mais dói é aquela que afeta o bolso. E jamais será a F1 a contestar este fato consumado. Por isso mesmo soa como moeda de troca as últimas propostas de Jean Todt, atual presidente da Federação Internacional do Automóvel (FIA), para replicar na área de combustíveis o que já acontece com os pneus. Em outras aceleradas, estabelecer um fornecedor único para todas as equipes, medida que tem poder de alta octanagem para afetar as finanças já combalidas de várias equipes da categoria. Não é nada, não é nada, estima-se que as petroleiras que atualmente participam ativamente da categoria são responsáveis por um investimento que beira duas centenas de milhões de dólares no orçamento das equipes envolvidas.

Por essa e por outras fica difícil para um economista entender como a FIA quer acabar com uma fonte de rendimentos, como a FOM (Administração da Fórmula Um) apresenta um calendário de 2014 com 22 provas, as equipes reclamam que o dinheiro não está dando e... ninguém faz nada para diminuir custos. Como a F1 é uma categoria visceralmente britânica - até as fábricas de chassi e motores da Mercedes ficam na Inglaterra -, vale lembrar Jack, The Ripper, sujeito que, para melhor apreciar apreciava o que encontrava pela frente em suas andanças por Whitechapel lá pelos idos de 1880/1890, analisava tudo por partes.

Alguém pode dizer que aumentando o número de corridas aumenta-se o faturamento das equipes em função da maior arrecadação. Resta saber como as equipes do pelotão do INPS – aquelas que andam lá atrás -, vão bancar os gastos de viagem. Anular o faturamento com as companhias de petróleo sem oferecer algo em troca também não se sustenta. Sem falar que quem marcar presença nos grids de 2014 terá que construir um carro praticamente do zero, afinal sempre se pode reutilizar um par de molas ou um jogo de amortecedores deste ano... Enfim, se a FIA quer aumentar seu faturamento na marra porque precisa de mais recursos, imagina como anda a classe média do mundo dos Grandes Prêmios...

O calendário de 2014
As 22 provas anunciadas para a temporada de 14 poderão ser reduzidas a 20: Coréia (27/4) e muito provavelmente o GP da América, marcado para acontecer em um circuito de rua de New Jersey, com a cidade de New York ao fundo. Eis a lista:
16/03 - GP da Austrália
23/03  - GP da Malásia
06/04  - GP do Bahrein
20/04  - GP da China
27/04  - GP da Coreia
11/05  - GP da Espanha
25/05  - GP de Mônaco
01/06  - GP da América
08/06  - GP do Canadá
22/06  - GP da Áustria
06/07  - GP da Inglaterra
20/07  - GP da Alemanha
27/07  - GP da Hungria
24/08  - GP da Bélgica
07/09  - GP da Itália
21/09  - GP de Cingapura
05/10  - GP da Rússia
12/10  - GP do Japão
26/10  - GP de Abu Dhabi
09/11  - GP dos EUA
16/11  - GP do México
30/11  - GP do Brasil

Rádio Paddock

Guardo infinitas boas lembranças dos meus tempos de correspondente na F1, época que durou de 1984 até meados de 2000 e me permitiu passar férias em locais tão paradisíacos como a ilha de Boracay, nas Filipinas, ou esquisitos como Yangon, a capital de Myanmar, o antigo reino da Birmânia. Apesar da possibilidade de conhecer lugares tão peculiares o que mais botava pilha na galera era uma emissora de rádio que antes mesmo da massificação da internet já se destacava por difundir o conceito virtual. Falo da Rádio Paddock, emissora que transmitia em frequências variadas, inclusive cardíacas: bastava alguém notar uma palpitação ou sudorese fora de hora para se criar um boato que muitos davam como fato consumado.

Uma das notícias que mais rendeu manchetes na Rádio Paddock foi o contrato de Ayrton Senna com a Ferrari, assunto para uma coluna inteira e que em breve relatarei por aqui. Nos últimos dias outro brasileiro ocupou o horário nobre da emissora, ironicamente disputando vaga com um compatriota. A diferença entre ambos é que um deles ainda está na ativa e outro ainda quer voltar à ativa. Eu falo de Felipe Massa e Rubens Barrichello e de um cockpit na equipe Sauber, onde algumas pessoas falam de Rubinho disputaria a temporada de 2014, ou pelo menos o GP do Brasil, pelo time suíço.

Possível de acontecer, isso é, mas as chances é que não parecem assim tããão altas. O que facilitaria uma possível participação de Rubinho no GP do Brasil, o último da temporada, seria o alemão Nico Hulkenberg assinar contrato com a Lotus ou alguma outra equipe e deixar vago o cockpit. Com seu caixa em baixa a Sauber certamente vai tirar proveito de liberar Hulkenberg antes da hora, o que pode render bons trocados. Quanto a assinar com o brasileiro que mais largadas deu na F1, aí a história complica um pouco.


Ocorre que embora o alemão seja o mais cotado para dividir o time com Romain Grosjean a Lotus parece ter um problema mais importante para resolver antes de contratar um substituto para Kimi Räikkönen: a Renault ainda não garantiu que vai fornecer motores para a equipe no ano que vem. Será que Hulkenberg aceitaria assinar correndo o risco de encarar um chassi ideal para o Fred Flintstone ou Barney Ruble? Apesar da chance real de Barrichello disputar o GP do Brasil pela Sauber, ainda acredito que o herdeiro da vaga de Hulkenberg para 2014 será Felipe Massa. Cheiro de acordo com a Ferrari no ar.

Será que agora vai?
O governo goiano anunciou recentemente uma ampla reforma no autódromo da capital desse Estado, um dos mais bonitos que existem no Brasil e em lamentável estado de conservação. As reformas vão alterar radicalmente o pit lane - que passará de 9 para 17 metros de largura -, e os novos boxes terão capacidade para dois carros, o dobro da capacidade atual. A reforma vai consumir R$ 27,3 milhões e será iniciada hoje (1/10), com conclusão prevista para o primeiro trimestre de 2014, incluindo a construção de um teatro de arena, academia ao ar livre pistas de ciclismo e caminhada e outras benfeitorias par ao público local.  

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