quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Roberto Nasser - De carro por aí


edita@rnasser.com.br - 61.3225.5511 Coluna 4113  09.10.2013


1913, o sucesso do automóvel começa aqui.
Se há marcos importantes na história de transformar o automóvel no principal ícone da história do Século 20, um deles é o desenvolvimento do conceito da linha de produção. O processo supera dividir o processo em estações de trabalho, com operários, maquinário e as peças dispostos ao lado de um caminho onde as partes são agregadas e se transformam em veículos.Antes, com esforços, movimento e tempos desperdiçados, com trabalhadores andando para buscar peças e fixá-las, um Ford levava 12 horas para ficar pronto. Com o novo conceito, inspirado na sequencia de atividades de um matadouro bovino para separar carnes e ossos, o tempo reduziu-se – inicialmente a 90 minutos. Ao final da produção do Modelo T, com uma fábrica central e montadoras pelo mundo, reduziu o tempo a 24 segundos !  
                    
Mais
O ganho de produtividade permitiu a Henry Ford, capitão da implantação dos procedimentos, aumentar o salário dos funcionários, reduzir o preço do Modelo T, de 800 para 295 dólares, e deflagrar os conceitos de qualidade das peças, tempo, produtividade, logística, liderar a produção, expandir-se mundialmente. Uma curiosa consequência de varejo, para aprimoramento de qualidade, a Ford treinou seus operários para usar paquímetros – uma espécie de régua enfeitada e de grande precisão, capaz de aferir medidas de peças. E passou a produzi-los vendendo-os preços baixos para melhorar a qualidade dos serviços de manutenção.Parece conceito antigo, mas hoje a Ford se volta a ele e à produtividade. Unifica, em todo o mundo, produtos e processos. Muito reduziu a variedade de plataformas, hoje 15 para todos os seus veículos em todo o mundo. Até 2017 quer apenas 9 e nisto pretende ganhar 30% em produtividade.

Novo Troller muda tudo: processo, carroceria, motor, mercado ....
“- Vamos dar um salto: teremos as melhores carrocerias em fibra do mundo.”  
A frase, de entusiasmado executivo da Ford, refere-se aos trabalhos com o jipe Troller, marca assumida há cinco anos, para mudar de regime de incentivos, deixando endereço na Bahia, onde tem sua maior fábrica, para o Ceará, terra do Troller. Pensava-se, a produção se extinguiria a produção junto com o encerrar dos atrativos pró industrialização. Mas os planos em andamento, com mudança de nova fase e produto a ocorrer em janeiro de 2014, exibem mudança de planejamento.A Ford resolveu bancar a exceção mundial: ampliou a fábrica; mudará o fazer adotando a injeção de fibra de vidro – aplicado na moldagem da carroceria do Chevrolet Corvette -; ampliará a capacidade industrial de 140 para 500 unidades/mês. O produto muda. A Ford pediu a João Marcos Ramos, seu designer chefe, estudo conceitual para medir interesse no Salão do Automóvel 2012. As respostas foram positivas e o jipe-conceito sofreu poucas mudanças para ir à produção, incluindo a curiosidade de criar espécie de DNA visual, ponte entre o produto herdado e o novo de sua criação. Mantém-se a grade com barramento horizontal e, em evidência, o emblema frontal.

Mecânica muda tudo. Abandona o chassi original e o motor diesel MWM, adotando a estrutura mecânica do picape Ranger, reduzindo a distância entre eixos, motor diesel 3.2 litros, 20 válvulas, 5 cilindros, 200 cv e aproximados 45 kgmf de torque, caixa de transmissão Aisin. Para compatibilizar a usina de força com o pequeno peso do Troller, destacou um de seus engenheiros com maior conhecimento e sensibilidade, Jorge Abdalla, acertador do Focus geração 2, para deixá-lo ágil sem beirar o perigo.A mudança do processo industrial melhora excepcionalmente a qualidade das partes em fibra de vidro, padroniza-as em medidas e peso, acabando com as variáveis comuns ao processo semi artesanal da fibra de vidro com mantas e aplicação de gel. O uso da mecânica Ranger abre o leque comercial, permitindo exportar o veículo para a América Latina, mercado inicial do picape feito na Argentina, pois de fácil manutenção pelo existir revendedores, peças e mão de obra.

Roda-a-Roda

Melou  – Juiz da Suprema Corte de Nova Yorque condenou o contrato de exclusividade com a Nissan para o fornecimento de carros elétricos pelos próximos 10 anos, revogando postura municipal que determinava que a renovação da frota deveria ser feita exclusivamente por Nissans NV200.

Efeito – O negócio tinha dois focos: para a Nissan lucro e divulgação institucional como exemplo para outras cidades. Para NY, boa imagem às pretensões políticas de seu prefeito Michael Bloomberg. Não é elétrico ou híbrido e custa quase US$ 30 mil, uns R$ 66 mil.

Periférico – Revendedores GM já vendem o Tracker, pequeno utilitário esportivo da GM do México. Dizem concorrente do líder do segmento, o Ford EcoSport. Não é com menor espaço interno, menor porta malas, preço maior. Modelo anterior, argentino, motor 2.0, tração nas 4 rodas, custava R$ 60 mil.

Para Trás - Não há competição entre os motores, 1.6 Sigma para o Eco e 1.8 para o Tracker. O do Ford é moderníssimo, todo em alumínio, e o GM tem base na geração do Monza 2, circa 1982, com bloco em ferro.

Transmissões - Iguais em números, diferem em formulação. Automática de 6 velocidades no GM e mesma quantidade no Ford, de sistema mecânico, duas embreagens. Consome menos energia, gasta menos. Tracker sai de R$ 72.000.

NegócioA fim de um bom automóvel por preço idem? Últimas unidades do modelo atual do Renault Logan. Terá pequeno retoque estético.

Descobertura – Agrale de tratores sem revendedor em Brasília, praça importante por insuspeitada atividade agrícola e óbvio relevo institucional como Capital Federal. Interessado em comprar trator ou peças deve ir a Goiânia, Go.

Pedágio – Uma das empresas concessionárias de estradas paulistas, a OHL não cumpriu ¾ dos investimentos contratuais, fez enorme distribuição de lucros, e foi-se. A ANTT, agência de transportes terrestres considerou-a adimplente, permitindo a distribuição de lucros.

E ? – Descumprimento tem punição interessante – redução de dois centavos num dos pedágios mais caros do país.

Caminho – Petrobrás faz 60 anos; não explicou a mágica besta de receber aplicações do Fundo de Garantia aos que nela acreditaram, comprando ações caras que viraram mico; recebe nota desclassificatória em avaliação mundial, mas gasta fortuna em publicidade, enfatizando a coragem histórica de sua fundação. Sobre as gestões catastróficas que a desmoralizam aqui e fora, nada.

Praticidade – Tintas Wanda, agora multi AkzoNobel, criou linha prática para reparadores. Em vez das tintas preparadas por máquinas misturadoras, voltou a oferece-las prontas. Poucas opções. Além da praticidade da compra, permite diluição com até 30% de thinner PU, diz Sandro Lemos, executivo da empresa.

Foco – São as quatro cores mais populares no mercado: Brancos Geada, Banchisa e 9004 e Preto Cadillac. Coisa rápida para aplicação rápida e serviço rápido para demandas de pouca exigência.

Nicho – Para preencher o espaço nas cilindradas entre 400 e 600 cm3, Honda fará em Manaus a série CB500, em três versões: F, naked – pelada; R, esportiva; e X, tipo On/Off Road. Quer vender 20 mil unidades em 2014.
E, ... – Dois cilindros, 471 cm3 de deslocamento, 50 cv, seis marchas, ABS nos freios a disco. É a linha divisória entre as motos de meninos e as de homem. F neste mês, R em novembro, X, abril. F a R$ 22.000. ABS mais R$ 1.500.

Goiânia – Único autódromo goiano ganhou projeto da Confederação Brasileira de Automobilismo, a CBA: refazimento da pista em asfalto adequado, nova torre de controle, estacionamentos, 22 novos boxes. Previsão, R$ 27,3 milhões pelo governo do estado. Decisão soterra proposta de transformá-lo em condomínio residencial, desejo de alguns iluminados espíritos públicos.

Coerente – Asfalto antigo – recapagem feita sem técnica há alguns anos e que durou meses – será removido no bom circuito de 3.820 m. Há pressa eleitoral e querem reinaugurá-lo em abril de 2014 – e aproveitar a confusão em torno do Autódromo de Brasília, absorvendo as provas.

Mão de obraA fim de melhorar sua condução, esportiva ou como motorista superior ? A Mitsubishi Racing Experience oferece curso de pilotagem intensiva em Lancer Evo R, coordenado pelo multi campeão Ingo Hoffman, no circuito privado Velo Citá, em Mogi das Cruzes, SP. Aprovados podem requerer carteira de piloto – ou apenas dirigir bem. Mais ? racingschool@mmcb.com.br

Data – Dia 4, 43º. aniversário  da primeira vitória de Emerson Fittipaldi na Fórmula 1. Referencial, deu o campeonato póstumo a Jochen Rindt, seu companheiro na equipe Lotus. Mais, arrombou a porta da categoria, com 8 campeonatos mundiais por brasileiros: 2 Emerson; 3 Piquet e 3 Ayrton.

Resgate – Comemorando 40 anos do “Raid de Integração Nacional”, périplo ligando todas as capitais com três automóveis – Corcel, Belina e Maverick – o Museu de Caçapava, inicia o projeto de restaurar este último, hoje em seu acervo. Quase novo quando doado ao Museu Roberto Lee, foi vilipendiado e teve peças e acabamentos removidos, ficando em petição de miséria.
Começo – Foi pelo furto que o Museu Nacional do Automóvel denunciou o fato ao Delegado de Polícia de Caçapava e requereu auditoria de conteúdo à Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. Não efetivada porque a herdeira do Museu resolveu sua responsabilidade doando o resíduo do acervo, tombado pela Secretaria, à Prefeitura de Caçapava.

ProjetoQuer ajudar doando peças, partes ou serviços para recuperar o Maverick 6 cilindros ? Fale com o Marcelo Belatto, à frente do Museu: www.museurobertolee.com.br.

Antes do Amarok, o Trakkbayan
Quem acha que a experiência da Volkswagen no fazer picapes com motor dianteiro, suspensão traseira com eixo rígido e feixes de molas na longitudinal começou com o bem sucedido Amarok, não olhou a história. Há quatro décadas a empresa desenvolveu um conceito o VW Transporter, o Typ, tipo, 200.
Tinha esta morfologia e era carro para trabalho duro em mercados com pouca tecnologia. Assim, chassis em aço, longarinas e travessas, suspensão traseira para trabalho, dianteira por triângulos e barras longitudinais de torção. Motor dianteiro, 1.500 cm3, boxer, transmissão frontal.
A carroceria não era estampada, mas em chapa dobrada por simplórias máquinas, emendadas por solda elétrica. Em resumo, fácil de fazer.
Construiu quatro protótipos, testou-os mundo afora. Pelo Brasil dois, enfrentando os desafios da época, a Belém-Brasília sem pavimentação e a Transamazônica em abertura. Restaram duas unidades. Uma, em restrito museu da Volkswagen em Wolsburg, Alemanha. Outra, no Museu Nacional do Automóvel, Brasília.

Melhorados, foram à produção. Nas Filipinas, foi chamado Trakkbayan, mais ou menos Carro do Campo, e produção local pelo representante DMG.
Foi base para a única evolução, o Hormiga, imagem de trabalhador incansável, construído pela VW de México, bem melhorado, cabine avançada, motor sob o banco dianteiro. Tanto nas Filipinas como no México tiveram produção restrita.

Visto o Amarok, definitivamente o passar do tempo muito melhorou o conceito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário