Alta Roda nº793/143 – 17/07/2014 |
Fernando Calmon |
Em cenário de comercialização em recuo, marcado pelo fim
de produção de modelos como Gol G4 e Uno Mille e chegada do up! e do novo
March, os tradicionais dominadores de vendas sofreram abalos. Hatches e sedãs
são somados na segmentação da coluna, mas é interessante ver mudanças em curso,
quando se analisam os números apenas dos hatches, que são a maioria nas vendas
entre os compactos, principal produto do mercado brasileiro.
Antigo Gol G4 representava de 20% a 25% do total do Gol e
agora uma liderança de 27 anos está ameaçada. Antes eram dois (G4 mais G5)
contra dois (Uno mais Mille) e agora é um (Gol G5) contra dois (Palio mais
Fire). No primeiro semestre, Gol já perdeu dois meses isolados de liderança,
mas no acumulado a manteve. Já o Mille representava de 40% a 45% do Uno e o
abalo foi maior. Da tradicional segunda colocação despencou até seis posições,
quando o estoque da antiga versão se esgotou em abril. Uno 2015, em setembro,
deve melhorar seu posicionamento.
A coluna também substituiu as peruas (apenas dois modelos
de pouco peso) pelo novo segmento de crossovers, liderado pelo Mitsubishi ASX.
Grand Siena passou a fazer parte dos sedãs compactos “desgarrados”, a exemplo
de Cobalt e City. Chrysler 300 C (passou para o segmento topo por suas
dimensões avantajadas), Classe E/CLS e Fit são os novos líderes. Os demais
mantiveram-se na ponta.
Classificação a seguir segmenta a oferta por distância
entre eixos, largura e, secundariamente, preço. A base é o percentual de
emplacamentos nacionais pelo Renavam. Apenas modelos mais representativos são
citados em razão da importância no mercado. Paulo Garbossa, da ADK, compilou os
dados de acordo com os critérios da coluna.
Compactos: Gol/Voyage, 14%; Onix/Prisma,
11%; Palio/Fire/Siena, 10%; HB20/X/S, 8,5%; Fiesta hatch/sedã, 8,2%;
Logan/Sandero, 7%; Uno/Mille, 6%; Fox/CrossFox, 5%; Grand Siena, 4%; Etios
hatch/sedã, 3%, Celta, 2,6%; up!, 2,4%; Classic, 2,3%; Cobalt, 2,1%;
Punto/Linea, 1,8%; C3/DS3, 1,7%; 207/208, 1,6%; March/Versa, 1,5%; City, 1,2%.
Gol/Voyage ameaçados, em especial Gol por Palio/Fire.
Médios-compactos: Civic, 19%;
Corolla, 18%; Cruze hatch/sedã, 14%; Focus hatch/sedã, 11%; Golf/Jetta, 9%;
Sentra, 4,9%; C4/Pallas/DS4, 4,5%; Peugeot 308/408, 3,8%; i30/Elantra, 3,3%;
Fluence, 2,6%; Bravo, 2%. Civic não está firme.
Médios-grandes: Fusion, 41%; BMW 3,
23%; Mercedes C, 12%; Azera, 6%. Fusion continua avançado.
Grandes: Mercedes E/CLS, 32%; BMW
5/6, 26%; Jaguar XF,18%. Classe E/CLS, novo líder.
Topo: Chrysler 300 C, 43%; Equus,
15%; Panamera, 13%. Realocado, 300 C lidera.
Crossover: ASX, 48%, Freemont/Journey, 25%; Ranger Rover
Evoque, 24%. ASX tranquilo.
Monovolumes pequenos: Fit, 36%; Spin,
30%; Idea, 17%. Fit reagiu.
Monovolumes médios: C4 Picasso, 36%;
J6, 26%; Carnival, 18%. Líder consolidado.
Picapes pequenas: Strada, 59%;
Saveiro, 27%; Montana, 14%. Strada ampliou margem.
Picapes médias: S10, 31%; Hilux,
24%; Ranger, 14%. Sem ser ameaçada, S10.
Utilitários esporte compactos:
EcoSport, 39%; Duster, 33%; Tracker, 13%. Com menos folga, EcoSport.
Utilitários esporte médios-compactos:
Tucson/ix35, 40%; Sportage, 13%; RAV4, 10%. Firmeza dos líderes.
Utilitários esporte médios-grandes:
Hilux SW4, 43%; Santa Fe, 14%; Trailblazer, 9%. Livre de incômodos.
Utilitários esporte grandes: Pajero
Full/Dakar, 41%; Edge, 19%; Discovery, 11%. Posição inabalada.
Esporte: BMW Z4, 43%;
Boxster/Cayman, 24%; 911, 10%. Z4 bem confortável.
RODA VIVA
ARGENTINA
ganhou investimento da GM para motores a partir do final de 2016. As unidades
de 1,4 litro com injeção direta e turbocompressor (flex para Brasil; gasolina
para mercado local e exportação) equiparão o novo Cruze, cuja produção será
transferida de São Caetano (SP) para Rosário, na Argentina. Motores de três cilindros
estão reservados para Joinville(SC), antecipa a coluna.
NOVO March
mostra que a Nissan está decidida a avançar em participação no mercado
brasileiro. Na versão de um litro de cilindrada ainda utiliza motor Renault
anterior, mas como sua massa total é baixa mostra relativa agilidade. Direção
eletroassistida de série e menor diâmetro de giro entre todos os compactos
facilitam qualquer manobra. Equipado com motor de 1,6 litro (origem Nissan)
apresenta desempenho marcante e equipamentos incomuns nos compactos, entre eles
câmera de ré. Incômodo é o excessivo ruído de engrenagens na primeira marcha,
observado apenas no motor de maior potência e, portanto, mais caro.
DEBATE
promovido pela Liberty Seguros sobre mobilidade urbana em São Paulo mostrou que
ativistas querem dar sua contribuição importante, mas sem ao menos perguntar a
quem paga a conta pesada de impostos – os automobilistas – se têm algo a dizer.
Na Inglaterra, por exemplo, Associação Britânica de Motoristas representa voz
ativa na resolução dos problemas das cidades. Já era tempo de se fundar uma
associação semelhante no Brasil que certamente contribuiria para cidades
melhores sem arroubos anticarro.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em
assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua
coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma
rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no
Brasil do site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmon
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