Wagner Gonzalez |
Que faaase!
Felipe
continua comendo o carro que o asfalto amassou, enquanto Valteri outra vez põe
suas botas no pódio em que Nico ocupou o lugar mais alto; veteranos da F-1
apóiam Massa e dizem que fase ruim sempre acaba. Batidas, toques e
arquibancadas pouco ocupadas marcaram GP da Alemanha
Tal como o PIB brasileiro, que continua
sendo reajustado para baixo a cada semana, Felipe Massa vê sua cota de azar
subir a cada largada. Menos mal que o número de alemães que testemunhou,
domingo, mais um abandono logo na primeira curva da primeira volta foi bem
menor que nas últimas edições desse GP (veja mais abaixo).
Já no Brasil o
impacto de mais um acidente logo após a largada continuou causando críticas e
anedotas típicas da liberdade que a internet possibilita e promove. Poucos, no
entanto, conseguem analisar essa fase com a frieza e a experiência de quem já
passou por ela.
Dois nomes que entram nesta categoria
são os de Alex Ribeiro e Chico Serra, brasileiros que chegaram à F-1 em tempos
mais poéticos e, a exemplo de vários outros pilotos, viveram calvários
similares vividos por muitos. Com a palavra, Ribeiro, que hoje dedica-se a
pregar e divulgar a palavra da Igreja Batista e escrever livros:
“Na vida, olhando pela lei das
probabilidades, tudo é na base do 50/50 e, na média a gente vai levando
adiante. Considero o Massa um grande piloto, mas está atravessando um momento
muito difícil…”
Ribeiro lembra que Massa foi campeão
mundial por “15 segundos” e que a fase atual dele não tem uma explicação
lógica. Segundo este brasiliense que passou por fases similares em sua última
temporada de F-3 e na sua passagem pela F-1, essa fase complicada (ele evita a
todo custo mencionar a palavra “azar”) não é exclusividade do atual piloto da
Williams e lembra de alguém que já defendeu essa equipe:
“Veja o caso do Carlos Reutemann: em
1976 ele estava na Brabham e a Ferrari era o carro do momento; mexeu os
pauzinhos e foi para Maranello em 77. Quando chegou lá quem ganhava tudo era a
Lotus, e para lá foi o argentino. Foi nesse ano que a Williams iniciava sua
primeira grande fase, em meados de 1979. Em 1980 Lole muda novamente de
endereço, logicamente para a equipe do Frank, e perde o campeonato de 81 para
Nelson Piquet na última corrida — quando ainda era líder do campeonato. NA
temporada seguinte disputa duas corridas e após o Grande Prêmio do Brasil
encerra sua carreira. De quebra, no final do ano Keke Rosberg vence o
campeonato com um…Williams.”
Contemporâneo de Nélson Piquet e
consagrado como um dos melhores pilotos brasileiros de sua geração — muitos o
incluem entre os melhores que já surgiram nas pistas nacionais — Chico
Serra também não contou com a sorte em sua carreira internacional, que inclui
18 GPs pelas equipes Fittipaldi e Arrows. O paulistano que se tornou um dos
maiores nomes da Stock Car nacional diz ter uma boa noção da situação que Massa
atravessa:
“Eu sei muito bem o que ele está
passando. O lado bom disso é que um dia essa fase acaba. O lado ruim é que
nesses casos a cobrança maior é do próprio piloto, que acaba se punindo com
esses problemas.”
Chico levanta outros pontos que passam
desapercebidos por muita gente:
“Você já notou que na Red Bull todos os
problemas acontecem com o Vettel, que é o atual tetracampeão mundial? Com o
carro do Ricciardo praticamente não há problemas. Na própria Williams, os
problemas também só acontecem com o Felipe enquanto tudo dá certo para o
Bottas…”
O que Chico e Alex citaram são fatos,
retratos que contam a história de um esporte que já foi o segundo mais popular
do Brasil e que apesar de tudo, ainda tem um forte apelo para quem encara o
automóvel como algo mais que um meio de locomoção. O que liga estes dois pontos
é uma estrada repleta de atrações turísticas que poucos países podem exibir:
oito títulos mundiais na F-1, outras tantas conquistas na F-Indy e na categoria
Protótipos.
Ocorre que a exemplo de muitas coisas
no Brasil, essas atrações não receberam a manutenção necessária, foram usadas
sem parcimônia e graças ao uso excessivo de manchetes apregoando uma ilusória
superioridade perene encurtaram a vida de uma atividade que poderia gerar mais
empregos, riquezas e educação. Um final infeliz que a maioria da população
começa a tomar consciência graças ao 7 x 1 imposto pelos atuais campeões
mundiais dos gramados. Os mesmos que, nas pistas, já contam com sete títulos de
Schumacher e quatro de Vettel…
Novato
e veterano não podem ocupar o mesmo espaço
Depois de Kamui Kobayashi (Austrália),
Sérgio Pérez (Canadá) e Kimi Räikkonen (Inglaterra), o mais recente carrasco de
Felipe Massa é o dinamarquês Kevin Magnussen. Egresso da GP2, o novato já
marcou seu território na F-1 ao fazer sombra para seu companheiro de equipe — o
campeão mundial Jenson Button— e mostrar um estilo aguerrido ao volante do
McLaren MP4-29, um carro reconhecidamente menos competitivo do que o se pode
esperar dessa equipe.
Entre as premissas de Ayrton Senna para
determinar sua estratégia de largada, uma delas era analisar o comportamento
dos concorrentes que alinhavam ao seu redor. Em Hockenheim certamente Massa não
levou em consideração as largadas estilo F-3 que Magnussen emprega com maestria
quase perfeita e que também ocupa algumas boas páginas no currículo do próprio
Felipe. Certamente a pressão de ocupar o terceiro lugar no grid, atrás de seu
companheiro de equipe, ocupou o espaço reservado à dose de cautela necessária
para dividir uma curva com um novato rápido e promissor, mas ainda imaturo.
Mais ou menos o que Chico Serra comentou…
Freios
param Hamilton na luta pelo título
Um acidente provocado pela quebra de um
disco de freio durante a prova de classificação prejudicou o inglês Lewis
Hamilton em sua disputa particular contra Nico Rosberg pelo título desta
temporada. Companheiros de equipe, o inglês escolheu usar discos fabricados
pela Brembo italiana enquanto o alemão preferiu os da Carbon Industries
francesa; a opção de Hamilton não agüentou o tranco e o disco de freio
dianteiro esquerdo estourou e interrompeu sua participação na tomada de tempos.
Para Lewis, largar em 15º implicou em um ritmo de corrida muito mais agressivo
que o normal; no último terço de prova ele questionou seu engenheiro sobre a
necessidade de poupar combustível para evitar uma pane seca. Ante a resposta
que não havia necessidade dessa economia ficou patente que os carros da
Mercedes ainda tem vantagens que a concorrência desconhece…
No balanço geral, sorte de Rosberg, que
vive dias de êxtase: viu seu país ganhar a Copa do Mundo, casou, renovou seu
contrato com a equipe com significativo aumento de salário, venceu o GP em sua
casa e aumentou a vantagem sobre seu maior rival. Melhor que isso só daqui a
algumas corridas, quando poderá conquistar o título, algo que já se dá por
consumado em muitas cabeças.
Nem
tudo são flores
Para os administradores de Hockenheim,
porém, tudo indica que a cerveja vendida no famoso “motodrome” de
Baden-Württemberg, próximo da bela Heildelberg estava aguada e as salsichas
eram feitas com carne de soja. O público presente podia escolher onde queria
sentar sem qualquer problema, tantos eram os lugares disponíveis e tão poucos
os que foram assistir ao GP. Quem foi ver se o cardápio era realmente esse se
deu bem: viu uma prova disputada, um festival de disputas, freadas e toques, as
melhores envolvendo Hamilton, que deixou pelo caminho parte do bico do seu
carro.
Georg Seiler, administrador do
autódromo, alegou que por causa da Copa do Mundo “os alemães ficaram sem
dinheiro para ver o GP”. Pode ser, mas quando se nota que uma corrida de
caminhões realizada no mesmo dia, em Nürburgring, teve o dobro de espectadores o
argumento cai por terra… O que tudo indica é que a F-1 precisa se reinventar e
aumentar as cenas de emoção e suspense em suas peças.
O resultado completo do GP da Alemanha
e a situação do campeonato você encontra aqui.
A temporada prossegue domingo com a disputa do GP da Hungria, em Hungaroring
(região metropolitana de Budapeste), e em seguida entra em recesso de um mês.
São as férias de verão no hemisfério norte.
WG
FM acabou, ou nem começou...
ResponderExcluirNão sei mas depois do acidente com a tal mola ele ficou mais lento e agora veio uma maré de azar muito grande. Tomara que passe!
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