Alta Roda nº804/154 – 02/10/2014
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Fernando Calmon |
Ford
e Mercedes-Benz ultrapassam barreiras com Mustang e AMG GT
Nessas
últimas semanas as pouquíssimas fronteiras automobilísticas que, teoricamente,
ainda existiam para separar mercados e mesmo marcas foram fortemente abaladas.
E isso aconteceu dos dois lados do norte do Oceano Atlântico. Os protagonistas
foram Ford eMercedes-Benz e os
carros o novo Mustang (vendas começam agora nos EUA) e o completamente
repensado Mercedes-AMG GT (disponível na Europa no primeiro trimestre de 2015).
Ambos estarão no Salão do Automóvel de São Paulo e serão comercializados aqui
dentro de até um ano e meio.
Começando pelo Mustang que ganhou passaporte para ser vendido em qualquer parte
do mundo por rede própria do fabricante. Antes o modelo responsável há 50 anos
pela criação da classe de carros americanos “musculosos” ficava restrito às
fronteiras nacionais ou importações por clientes individuais. Quando se
apresentou à imprensa em dezembro de 2013, o conceito de fato tinha evoluído,
sem rompimento drástico com os traços originais de 1964. E para incrementar o
potencial de vendas, na Europa em especial, oferece um motor turbo de quatro
cilindros 2,3 L/310 cv.
Ao guiar o carro, semana passada em Los Angeles (EUA), o primeiro contato foi
justamente com este motor. É ruidoso, como esperado, mas o desempenho está
coerente com a proposta de gastar menos combustível. O comportamento dinâmico
evoluiu bastante graças à suspensão traseira independente (pela primeira vez) e
a direção eletroassistida que surpreende pela precisão de resposta. Há ainda um
motor V-6/3,7 l/304 cv. Manteve a tradição de 2+2 lugares, ou seja, atrás só
espaço para crianças.
Mustang, no entanto, é sinônimo de V-8 e, claro, a versão para o Brasil terá
câmbio automático de seis marchas. Cerca de 100 kg a mais de peso ficam
evidentes já ao volante, mas o ronco provocante do motor e sua elasticidade
fidelizam fãs. De um 5-litros aspirado obter 441 cv demonstra superioridade
sobre rivais como o Camaro (6,2 L/406 cv), além de se poder escolher entre três
modos de desempenho/dirigibilidade. Se importado hoje, estaria na faixa de R$
240 mil.
A Mercedes-Benz também pulou fronteiras com o AMG-GT até ao retirar o nome Benz
de seu novo superesporte. Se a referência de prestígio e sucesso é o Porsche
911 por que não se inspirar nas suas linhas traseiras, por exemplo? O carro é,
de fato, superlativo, mas ainda sem preço definido. Estima-se que a versão GTS
– motor V-8 biturbo/4L/510 cv – custaria 10% menos que os US$ 150 mil do 911
Turbo nos EUA.
Não se trata de substituição do descontinuado SLS AMG, que era ainda mais caro,
mas o Mercedes AMG-GT se destaca por soluções técnicas refinadas e nada usuais
no portfólio da marca. Tudo é novo, a começar pelo chassi em alumínio, tampa do
porta-malas em aço e teto em compósito de fibra de carbono. Motor dianteiro
entre-eixos e transeixo (câmbio e diferencial juntos) traseiro levaram a uma
distribuição de peso de 47% na frente e 53% atrás. A fábrica garante que será
referência em dirigibilidade entre os melhores carros esporte, mas por ora
houve apenas apresentação estática. O carro tem interior aconchegante,
ergonomia excelente, além de quatro saídas de ar centrais e mais duas nas
extremidades. Porta-malas é bem amplo para um 2-lugares: 350 litros.
RODA VIVA
DEMOROU só nove meses para VW confirmar acordo com
sindicato de metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP) e repor 900 empregos
que se foram com a Kombi. Novo Jetta será produzido no segundo trimestre de
2015, em operações um pouco além de montar kits importados e motor/câmbio
nacionais. Baseado no Golf 6, não precisava ficar no Paraná, de onde sairá Golf
7.
CHEVROLET S10 entrou na era do motor flex e injeção
direta etanol/gasolina. Embora por razão de preço mais baixo o anterior
2,4-L/147 cv (etanol) de injeção indireta permaneça, a nova unidade ganhou
bastante em potência específica. Agora são ótimos 206 cv/27,3 kgfm (etanol)
para 2,5 L. Preços: R$ 86.400 a R$ 103.700 (4x4). Mais em que conta versões
Diesel.
FALTA pouco para Jaguar Land Rover confirmar produtos
da sua nova fábrica de Itatiaia (RJ). Escolha natural é o sucessor do
Freelander, Discovery Sport, que estreia essa semana no Salão do Automóvel de
Paris. Nos planos também o Jaguar XE, novo rival do Série 3 e do Classe C.
Falta decisão sobre o Evoque, Land Rover mais vendido no País.
PRESSIONADA por cota de apenas 3.000 veículos
importados por ano, Volvo e sua proprietária chinesa Geely estudam ter fábrica
no Brasil. Ambas negam, mas talvez não haja alternativa para concorrer em um
mercado que, apesar de queda recente, estará entre os quatro ou cinco maiores
do mundo no fim desta década.
CÂMBIO automatizado de uma embreagem, pelo preço mais
baixo, tende a se firmar. No VW Up! já representa em torno de 20% das versões
em que a opção é oferecida. No pesado trânsito urbano, com pequena adaptação no
modo de dirigir, o Up! automatizado passa marchas sem grandes incômodos. Mas
não tem conforto de automático, claro.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmon
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