Wagner Gonzalez |
Aparências que não enganam
F-1
2015 chegou finalmente à Europa e, mais perto de casa, voltou a demonstrar que
vive longe da realidade. Em meio a motorhomes imponentes circulavam rumores que
Lewis Hamilton pode renovar com a Mercedes-Benz por US$ 200 milhões por três
anos de contrato. Em três dias Nico Rosberg ressurgiu das mágoas e voltou a
vencer, empanando a tese que já era carta fora do baralho.
Por
mais que se queira ser maleável e aceitar pacificamente as mudanças que o tempo
impõe, é difícil não lembrar que aos 18 carros (quem leva a Manor a sério
levanta a mão…) e arquibancadas cada vez menos cheias já existiu um período de
pré-classificação e sorteio para ver quem poderia comprar ingresso para um GP
do Japão. Mesmo assim, quando se lembra, mais uma vez, que a distribuição de
renda da categoria está longe de ser um exercício social, é difícil ficar imune
ao que se viu e ouviu no paddock de Barcelona, ou Montmeló, para os puristas de
plantão.
Na pista, há muito
não se via um Nico Rosberg tão motivado, calculista e rápido a ponto de não dar
chance ao seu maior rival. No momento em que Lewis Hamilton discute os
pormenores de seu novo contrato, Rosberg mostrou que pode derrotar o inglês.
Fala-se que o ex-menino de ouro da McLaren colocará sua assinatura em um novo
contrato trienal (2016/2018) quando a Mercedes aceitar lhe dar os troféus de
cada prova e o carro de possíveis novos títulos. Além, é claro, de uma
remuneração em torno de R$ 200 milhões anuais, se considerado o câmbio atual em
relação à moeda americana.
Rosberg
ganha bem menos que isso, é alemão, já venceu corridas e disputou título pela
Mercedes, mas não tem o carisma de Hamilton. Mesmo assim, renasceu dos cacos de
quatro corridas onde andou atrás do companheiro de equipe e reacendeu a briga
pelo título, não só pelos resultados mas também pela maneira como se portou na
pista durante 66 voltas e 1h41 de corrida. Quando ficou atrás do inglês entre
as voltas 46 e 50 não se abalou e manteve o ritmo, sabedor que era da terceira
parada que o rival tinha que fazer. Enfim, mandou muito bem.
Hamilton bem que
tentou, mas preferiu jogar seguro e não dar moral a Nico. Se mantivesse o ritmo
que manteve entre as voltas 52 e 61, quando baixou a diferença de 20”6 para
12”8, talvez pudesse chegar mais perto e até provocar um erro do líder, mas
como o fim de semana parecia sob medida para o alemão, preferiu garantir o
segundo lugar e amenizar a derrota: se forçasse a barra e não vencesse fortaleceria
seu maior rival na disputa ao título de 2015.
Ajudou
aí fato de Sebastian Vettel não acompanhar o ritmo dos Mercedes. A longa reta
de Barcelona (1,31 km) exacerbou a maior potência do V-6 anglo-saxônico sobre o
similar italiano, fato que as ruas estreitas e curvas fechadas de Mônaco,
próxima parada da F-1, vão amenizar. As peculiaridades de Monte Carlo sempre
geram manchetes de que a pole position equivale a meia-vitória, mas lá também
ocorreram zebras antológicas, como Jarno Trulli, Olivier Panis e Juan Pablo
Montoya…
Já
que falei da Ferrari vale lembrar que os rumores de que a Ferrari terá Valteri
Bottas em 2016 crescem a cada volta que o finlandês mais jovem do grid completa
à frente de um carro de Maranello. Na Catalunha Valteri defendeu com segurança
os ataques do compadre Kimi Räikkönen, que tinha pneus mais novos e segue sem
definir o que vai fazer da vida no ano que vem. Com atuações como a de domingo
Bottas valoriza seu passe e, por tabela, força uma decisão mais rápida dos
italianos. Afinal, a cada corrida que ele supera um rosso, mais cara fica sua contratação…
Outras decisões
contratuais que ocuparam bocas e ouvidos estavam relacionadas com a Red Bull e
a ainda inédita equipe Haas. Os austríacos há muito desenvolveram uma forte
ligação com a Audi e agora apostam numa associação que garanta os motores de
Ingolstadt para seus carros em questão de duas ou três temporadas. As recentes
mudanças no comando do grupo VW (que inclui também marcas como a Bentley,
Bugatti, Lamborghini, Porsche, Seat e Škoda, além da Ducati, MAN e Scania),
ressuscitaram os rumores que esse conglomerado finalmente desembarcará na F-1.
Como a história nasceu faz tempo, aqui bem cabe um “quem viver verá”…
No que diz respeito
aos americanos, Gunther Steiner, diretor da equipe, confirmou que pretende anunciar
o nome de pelo menos um piloto em setembro. O mexicano Esteban Gutiérrez
desponta como favorito: o mercado dos Estados Unidos é interessante ao seu
patrocinador — o bilionário Carlos Slim —, ele é um dos pilotos de teste da
Ferrari e os carros da Haas serão equipados com o trem de força de Maranello.
Entre notícias
positivas, os espanhóis anunciaram a renovação do contrato com a FOM por mais
quatro anos, garantindo assim um evento importante para a maior fonte de renda
do país ibérico, o turismo. Os italianos comentaram que o acordo foi em bases
bem mais realistas que os 35 milhões de euros pedidos para garantir a
permanência de Monza no calendário a partir de 2017…
McLaren tenta tudo e mais um pouco
A julgar pelo
desempenho de Fernando Alonso e Jenson Button na corrida de domingo, tudo
indica que a McLaren está trabalhando com duas receitas diferentes na esperança
de apressar o desenvolvimento do programa associado à Honda. O espanhol parou
com problemas nos freios e alegou-se como causa o fato de uma sobre-viseira ter
bloqueado uma tomada de ar de arrefecimento desse item.
Levando em
consideração o histórico da equipe e a sagacidade dos engenheiros da categoria
em descobrir falhas no regulamento não é exagerado supor que os freios tenham
trabalhado superaquecidos para gerar calor e, consequentemente, potência.
Trata-se de algo ilegal: a fonte de geração de energia térmica (o MGU-H ) é um
dispositivo que gera potência com o calor do turbocompressor. A justificar a
teoria de duas receitas deve-se notar as queixas de Jenson Button:
“Vivi as 30 voltas
mais temerárias da minha carreira: no início da corrida bastava eu acelerar
para o carro perder a traseira, como se ela não tivesse conectada ao resto do
carro.”
Para um carro que
não é dos mais rápidos da atualidade isso diz muita coisa.Os resultados
completos do GP da Espanha você encontra aqui.
Testes em Barcelona
Hoje e amanhã as
equipes de F-1, com exceção da Manor, testam no circuito catalão. A grande
novidade é um grupo de oito pilotos novatos escalados para andar, sendo que
três deles — o alemão Pascal Weherlein, o francês Pierre Gasly e o italiano
Raffaele Marciello — vão andar dois dias e em dois carros diferentes, sinal
claro que no ano que vem deverão disputar a temporada inteira. Veja abaixo a
escalação anunciada pelas equipes para hoje e amanhã:
Mercedes: Nico Rosberg (terça) e Pascal Wehrlein (quarta)
Red Bull: Daniil Kvyat e Pierre Gasly
Williams: Felipe Massa e Alex Lynn
Ferrari: Raffaele Marciello e Esteban Gutierrez
McLaren: Jenson Button e Oliver Turvey
Force India: Pascal Wehrlein e Nick Yelloly
Toro Rosso: Pierre Gasly e Carlos Sainz Jr
Lotus: Pastor Maldonado e Jolyon Palmer
Sauber: Marcus Ericsson e Raffaele Marciello
Em Mônaco, Di Grassi mantém liderança
Com o segundo lugar
obtido nas ruas de Monte Carlo o brasileiro Lucas Di Grassi manteve a liderança
do primeiro campeonato da F-E, categoria aberta a carros movidos por motores
elétricos. O vencedor da prova foi Sebastien Buemi e Nélson Piquet Jr ficou em
terceiro, o que lhe manteve na vice-liderança do torneio, que prossegue nas ruas
de Berlim.
WG
Nenhum comentário:
Postar um comentário