Wagner Gonzalez |
Após uma etapa em que a vitória foi decidida em torno de um
acidente e uma parada no boxe discutível, o circo do tio Bernie chega a
Montreal, cidade famosa por suas festas animadas e muros nada amistosos. Longe
de casa, a comunidade deve encarar etapa como fim de semana descontraído e
conversar sobre as propostas para 2016.
As curvas fechadas do circuito Gilles Villeneuve mexem com o ego
dos pilotos de uma forma diferente das estreitas vias de Mônaco. Neste o que
vale é a festança; naquele, curtir o carro sambando sobre zebras e descendo a
longa reta ao lado de um raia olímpica com o pé embaixo e o desfrutar o trecho
sinuoso ao longo do rio Saint Laurent, um belo mix para demonstrações de arrojo
impossíveis no principado. Neste cenário nenhum ambiente é mais propício a
frustrações e consagrações que a chicana da entrada dos boxes, trecho que
ninguém descreveu melhor que o australiano Daniel Ricciardo, que conseguiu em
Montreal, no ano passado, sua primeira vitória na F-1:“Quanto mais perto do muro,
melhor o seu tempo. Beije o muro de leve e tudo bem, mas beije com força e está
tudo acabado.”
Esse paredãozinho de metro e meio de altura (se
tanto) e que alguns chamam de “Muro dos Campeões”, não perdoa, por estar
próximo da linha de chegada acaba sendo mais lembrado por frustrações que por
paixões, algumas delas exacerbadas pelo fato do piso local permitir o uso de
pneus de compostos macios e extra-macios. Como é na aproximação para essa
seqüência direita-esquerda tomada que a maioria das ultrapassagens acontece, as
chances de grandes emoções são maiores. Contribui para isso o fato do trecho ao
lado do rio praticamente não permitir ultrapassagens, o que aumenta a adrenalina
de quem vai atrás e acredita piamente que deveria estar na frente.
Se isto abriu a pasta “GP de Mônaco 2015/decisão/frustração” da
sua memória, sinta-se em meio a uma multidão: os 1.064 metros da reta clamam
por potência pura e colocam os dois carros da Mercedes novamente num planeta à
parte, acirrando a disputa entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg. Se o inglês não
confirmar o que todos os chefes de equipe acreditam — recentemente eles o
escolheram como o melhor piloto da atualidade — e o alemão se aproximar mais na
tabela de pontos, estará lançada a pedra fundamental do caos na briga pelo
título da temporada. Na linha de frente do show, Vettel segue como o
oportunista de plantão.
Normalmente, nem toda a
caravana de técnicos e imprensa prestigia essa corrida, condição que afeta o
desenrolar de acordos e negociações para a temporada de 2016. Ideias como
escapamento duplo para aumentar o ruído dos motores e o recente anúncio da
concorrência para preencher a décima-segunda vaga de equipe para o ano que vem,
deverão liderar a bolsa de mexericos por motivos opostos.
A primeira proposta tem toda a
cara daquelas soluções milagrosas para reverter a queda de popularidade da
categoria…coisa do tipo “não-vai-dar-em-nada”; a segunda tem toda a cara de
script de novela, muito pelo fato de envolver um triunvirato formado por Ron
Dennis, Jean Todt e seu filho Nicolas Todt. Ron sabe que é importante ter uma
segunda equipe para desenvolver seus futuros pilotos e apressar o
desenvolvimento da Honda; Jean precisa dar mostras de que faz algo de concreto
pela e para a F-1 e Nicolas é o bam-bam-bam da equipe ART, DeeNeAmente ligada à McLaren e biologicamente ao presidente da FIA, seu
pai. Egocêntrico de carteirinha, promover a equipe de Todt Jr. à
categoria principal é a solução mais pratica para Dennis aliviar suas
dificuldades atuais.
Outra mudança que continua sendo discutida é a mudança das
especificações dos pneus. Entre as possibilidades consideradas está a adoção de
pneus de perfil mais baixo e aro maior e o aumento da largura dos pneus
traseiros para 420 mm, 60 mm a mais que atualmente A primeira hipótese tem
poucas chances de ser implementada a curto prazo, ao contrário da segunda
enquanto o possível retorno da Michelin, que mantém boas relações com a família
Todt e Ron Dennis, aumenta a chance de alterações nessa área.
De Villota vive
A família da espanhola Maria De
Villota admitiu esta semana que pretende estudar o resultado da investigação
sobre o acidente que vitimou a piloto de testes da equipe Marussia (atual
Manor), para decidir se abrirá um processo contra a escuderia e seus
sucessores. A análise do acidente feita por entidades oficiais do governo
inglês concluiu não haver motivo para tomar alguma atitude contra a equipe,
para a qual De VIllota fazia um teste no aeroporto de Duxford, sede do Museu
Imperial de Guerra e situado no entorno de Cambridge. Segundo testemunhas, no
dia 3 de junho de 2012 a piloto se dirigia lentamente para a área onde estava o
pessoal de apoio quando o carro repentinamente ganhou velocidade e chocou-se contra
a plataforma do elevador de um caminhão. Após uma série de cirurgias e ter
perdido a vista direita, De Villota tentou levar uma vida normal mas faleceu no
dia 11 de outubro de 2013 em um quarto de hotel. A família alega que poderá
demandar compensação civil para garantir que acidentes desse tipo não voltem a
ocorrer “tal qual era o desejo expresso pela própria Maria”.
Júlio Campos é o novo líder na Stock Car
O paranaense Júlio Campos viveu um fim de semana memorável durante
a disputa da quinta etapa da temporada de Stock Car: a vitória na Corrida 2 da
rodada realizada domingo em Curitiba marcou a primeira vitória de um piloto
local no autódromo de Pinhais (PR), região da Grande Curitiba, e a liderança na
tabela de pontos. A vitória na Corrida 1, marcada por um espetacular acidente
na largada, foi para Daniel Serra, que se obteve seu quarto triunfo nesse
circuito e o segundo nesta temporada, fato inédito.
O programa incluiu provas do
Campeonato Brasileiro de Marcas, com vitórias de Gabriel Casagrande (Renault) e
Thiago Marques (Toyota), Turismo, que viu dois triunfos de Márcio Campos, e
Mercedes-Benz Challenge, onde triunfaram Fernando Júnior (CLA AMG) e
Betinho Sartório (C 250).
WG
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