Wagner Gonzalez |
A LIBERDADE DE ESCOLHA DE UM CAMPEÃO
A decisão de Nico Rosberg em anunciar sua precoce
aposentadoria três dias após conquistar o título deste ano deixou no ar a
questão sobre a liberdade de escolha de um campeão.
Na história da F-1 apenas os ingleses Mike Hawthorn, em
1958, e Nigel Mansell, em 1992 tiveram ousadia semelhante à praticada pelo
alemão Nico Rosberg, ambos apresentando motivos diferentes mas nenhum deles
impactantes o suficiente como o visto este ano. A decisão do alemão já suscitou
até mesmo possíveis ligações com a prática do budismo, algo considerado a
julgar pela decoração do capacete e até mesmo o nome de sua filha, Alläia. A
verdade, porém, permanece por hora tão desconhecida quanto a identidade de quem
vai sucedê-lo.
Morte quase súbita
Mike Hawthorn e seu compatriota Peter Collins, e o
italiano Luigi Musso, eram os três principais pilotos da Ferrari para a
temporada de 1958, ano dominado pela equipe britânica Vanwall, que venceu sete
das onze provas do campeonato, em que os ingleses Stirling Moss (4) e Tony
Brooks (3) dominaram. O francês Maurice Trintignant (Cooper Climax) venceu uma
vez (Mônaco), assim como Hawthorn (França) e Collins (Grã-Bretanha). Musso, que
era ignorado pelos dois ingleses, foi uma das muitas perdas do esporte na
temporada: ao perder o controle do seu carro na curva 1 de Reims, na França,
foi jogado para fora do habitáculo do seu Dino 246 (um monoposto baseado na
Lancia de F-2) e faleceu no hospital.
Esta temporada foi a que se criou o título de
Construtores, que foi para a Vanwall. Uma das etapas do campeonato era a 500
Milhas de Indianápolis, vencida pelo americano Jimmy Bryan com um
Epperly-Offenhauser de motor dianteiro.
Apesar das quatro vitórias de Moss, a decisão do título
foi no GP do Marrocos de 1958, num circuito de 7.618 metros nas ruas de
Casablanca: o piloto da Vanwall venceu e o da Ferrari chegou em segundo,
suficiente para garantir o título por um ponto. Marcado pela morte do amigo
Peter Collins no GP da Alemanha e problemas de saúde que já haviam paralisado
as funções de um rim, Hawthorn anunciou sua aposentadoria no final do ano.
Ironicamente, veio a falecer em consequência de um acidente de trânsito
dirigindo um Jaguar, supostamente quando disputava um racha com Rob Walker no trecho
da rodovia A3 em Guildford.
Firme como uma rocha
A temporada de 1992 foi marcada pelo domínio da equipe
Williams e Nigel Mansell, consequência do desempenho superior do Williams
FW-14B-Renault equipado com suspensão ativa. A diferença para os demais carros
era tamanha que Mansell garantiu o título na décima-primeira das 16 etapas da
temporada, o GP da Hungria, recorde que persiste até hoje. Ocorre que a relação
entre o piloto e a equipe deteriorou-se a cada volta desde o GP do México
(segunda etapa da temporada), quando ele descobriu que Alain Prost seria seu
companheiro de equipe em 1993.
Nas entrevistas após as corridas as primeiras palavras de
Mansell eram, invariavelmente com a declaração que se tornou seu bordão: “My
team did a fantastic job” (“Minha equipe fez um trabalho fantástico”). A
exceção a esse trabalho fantástico foi descoberta durante uma coletiva em
Monza, quando prestes a anunciar que iria disputar a F-Cart em 1993, Sheridan
Thynne invadiu a sala de imprensa e cochichou uma última oferta para dissuadir
o inglês dessa ideia. A manobra não funcionou e Thynne igualmente abandonou a
F-1 ao final de 1992.
Rosberg e o budismo
Até a semana passada ninguém, ou praticamente ninguém,
havia escrito uma linha sequer sobre o que até agora era apenas “um desenho” na
parte frontal do seu capacete. Estou falando do que o budistas chamam de “nó
infinito”, que ao configurar uma linha contínua e entrecruzada representa a
inter-relação entre tudo que envolve a existência humana. Ou, como dita uma definição
mais clássica, “representa a origem dependente e a inter-relação de todos os
fenômenos. Significa também causa e efeito da união de compaixão e sabedoria.
Outro detalhe que pode ser invocado é que o nome da filha
de Nico e Vivian, Alläia, deriva da palavra que define a primeira das oito
consciências budistas,Ãlayavijña. O trema no primeiro “a” pode ser uma alusão
às origens do pai de Nico, Keke, nascido na Suécia mas filho de finlandeses e
criado nesse país. Na interpretação budista, ?layavijñ?na leva ao
renascimento.
Um número ligeiramente maior de pessoas, no entanto,
conseguiu enxergar na atitude de Nico Rosberg a coragem de assumir uma atitude
que ele garante ser sua vontade, seu desejo. O que pode parecer uma pá de cal
no conceito que pilotos de F-1 são super-heróis pode muito bem ser o início de
uma era onde fica claro que existe vida fora da categoria mais badalada do
automobilismo mundial. Se Rosberg vai voltar atrás em sua decisão, se o destino
lhe reserva algo semelhante ao que aconteceu com Mike Hawthorn ou Nigel
Mansell, isso não importa. O filho de Keke já deixou claro que conquistou algo
que sonhava desde quando tinha seis anos de idade e agora, aos 31, espera o
tempo mostrar qual será o próximo passo de sua vida.
Paul Ricard de volta
Enquanto no Brasil a Confederação Brasileira de
Automobilismo (CBA) ainda sequer divulgou um esboço de calendário para a
temporada de 2017, organizadores franceses já anunciaram a volta do GP da
França para o Campeonato Mundial de F-1 de… 2018. A competição será no circuito
de Paul Ricard, em Le Castellet, local situado a meio caminho entre as cidades
de Marselha e Nice.
Stock Car define campeão 2017
O Campeão Brasileiro da Stock Car desta temporada será
conhecido domingo em Interlagos (SP), prova que terá pontuação dobrada. O líder
do campeonato é o jovem tocantinense Felipe Fraga, que soma 282 pontos, contra
245 do segundo colocado, Rubens Barrichello. O internauta cadastrado na página
oficial da categoria no Facebook pode eleger seu piloto preferido entre
os cerca de 30 que disputaram a temporada. Os critérios de escolha são baseados
em vários quesitos, como simpatia, pilotagem, interação com os fãs, entre
outros fatores.
Christian vai de Cadillac em 2017
Christian Fittipaldi vai disputar a temporada 2017 com um
novo carro, o Cadillac DPI-V.R., um chassi biposto construído pela Dallara e
equipado com motor 6,2 V-8 capaz de produzir mais de 600 Cv. A sigla DPI vem de
Daytona Prototype International, categoria da IMSA que permite maior liberdade
de criação na carroceria para facilitar a identificação dos carros de corrida
com modelos fabricados em série.
No caso do protótipo que será usado pelas equipes Action
Express e Wayner Taylor Racing, isso é notado pelo formato dos faróis duplos
nos para-lamas dianteiros. A última aparição da marca premium da GM em
competições foi na 24 Horas de Le Mans de 2002; a estreia dos novos carros está
marcada para a 24 Horas de Daytona, que será disputadas nesse circuito nos dias
28 e 29 de janeiro de 2017.
WG
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