Wagner Gonzalez |
Acenderam a luz no fim do túnel
Felipe Drugovich, campeão do MRF Challenge, na Índia
(Hindusthan Times)
Jovens Collet e Drugovich vencem no Exterior no fim de
semana
A renovação de pilotos brasileiros nas pistas
internacionais ganhou um bom impulso no último fim de semana com as vitórias de
Caio Collet e Felipe Drugovich, respectivamente em Abu Dhabi e na Índia.
Com 16
e 17, respectivamente, os dois optaram por fazer carreira no Exterior e têm
conseguido resultados que os colocam em boa posição para conquistar espaço
importante nas categorias de fórmula do automobilismo europeu. Tais resultados
consolidam um início de ano de sucesso para os brasileiros que competem no Exterior:
na semana passada Christian Fittipaldi venceu as 24 Horas de Daytona pela
terceira vez (2004/2014/2018) e, em janeiro, a dupla Reinaldo Varela/Maurício
Gugelmin venceu o Rally Dakar na classificação Geral dos UTVs.
Caio e Felipe são ambos oriundos do kartismo nacional,
onde conseguiram inúmeros títulos, sendo que Drugovich vem de uma família
paranaense há tempos ligada ao esporte. Ele optou por passar do kart brasileiro
para as categorias de base na Europa; no ano passado terminou em terceiro lugar
e foi um dos destaques no Campeonato Alemão da F-4, categoria que é considerada
a antessala à cada vez mais cara e sofisticada F-3, que por tais motivos vive
um período de reformulação na esperança de voltar a ser uma fonte de novos
valores.
Como a temporada 2018 só inicia no fim de semana de 15 de
março, Drugovich tirou proveito das temporadas asiáticas, que acontecem no
inverno europeu e disputou as quatro etapas do MRF Challenge, que teve rodadas
de quatro etapas cada uma em Bahrain, Dubai, Abu Dhabi e Madras.
Os
organizadores fornecem o pacote completo – chassi Dallara Formulino, com
desempenho inferior a um F-3, porém com custos muitos mais acessíveis. Seus
carros usam motores Renault F4R 832, de 210 hp e são equipados com pneus
indianos fabricados pela MRF, uma das principais apoiadoras da categoria que,
não era totalmente estranha a Drugovich. Ele participou da temporada 2016 junto
com outros dois brasileiros: Pedro Cardoso e Bruna Tomaselli. A
consequência disso foi a conquista do título de forma incontestável: o
brasileiro venceu 10 das 16 etapas da temporada 2017/2018 e somou 333 pontos,
contra 254 do indonésio Presley Martono e 247 do holandês Rinus van Kalmthout.
Em 2018 o paranaense de Maringá vai disputar a temporada
da Euroformula Open, que usa o chassi Dallara de F-3 equipado com o motor
Toyota 3S-GE-SXE 10, alugados pela GT Sport (administrada pelo ex-piloto Jesus
Pareja e promotora e proprietária da categoria) e mantidos pela Piedrafita
Sport. Essa combinação garante praticamente o mesmo desempenho que a F-3 FIA,
mas com custos bem mais reduzidos.
O Torneio de Inverno, espécie de
pré-temporada da categoria, começa neste fim de semana em Portugal,
prossegue dias 2 e 3 de março em Paul Ricard (França) e termina no fim de
semana do dia 23 de março, possivelmente em Jerez de la Frontera (Espanha): o
local ainda carece de confirmação oficial. O campeonato propriamente dito terá
etapas em Portugal (Estoril, 14 e 15 de abril), França (Paul Ricard, 5 e 6 de
maio), Bélgica (Spa, 9 e 10 de junho), Hungria (Hungaroring, 7 e 8 de julho),
Inglaterra (Silverstone, 1 e 2 de setembro), Itália (Monza, 22 e 23 de
setembro) e duas provas finais em outubro, na Espanha (Jerez, 6 e 7; Barcelona,
20 e 21)
Collet já é quinto, mesmo competindo em apenas 50% da
temporada (F-4 UAE)
Um ano mais jovem que Drugovich, Caio Collet segue uma
carreira planejada, até então focada no kartismo europeu e que tem como mentor
ninguém menos que Nicolas Todt, filho do presidente da Federação Internacional
do Automóvel (FIA). O rebento de Jean Todt parece seguir os passos do pai de
forma mais intensa: tem equipes em várias categorias e administra a carreira de
muitos pilotos. Criterioso, o fato de ter incluído Caio Collet dá uma boa
dimensão do potencial do jovem paulistano, que no seu dia-a-dia conta com o
apoio do ex-kartista Gastão Fráguas.
O retrospecto de Caio no kart é bastante respeitável: não
importa a categoria que participe e a marca que defenda, com raras exceções
termina sempre entre os primeiros. No automobilismo, porém, sua carreira trilhará
caminhos mais sedimentados: este ano está inscrito na série francesa da F-4 ,
onde terá como companheiro o Arthur Leclerc, irmão de Charles, um dos pilotos
da equipe Sauber/Alfa Romeo de F-1. É possível que ele também dispute a
temporada alemã, uma das mais fortes da especialidade, mas o tema carece de
amplas negociações.
Sua estreia na categoria de monopostos aconteceu na
terceira rodada do Campeonato de F-4 da Arábia Saudita, série onde David
Schumacher, filho de Ralph e sobrinho de Michael, é uma das grandes apostas da
temporada e vice-líder do torneio árabe. Na sua segunda participação – a quarta
rodada, disputada no fim de semana, o jovem brasileiro conseguiu uma vitória,
três segundos lugares, duas voltas mais rápidas em corrida e largou duas vezes
na pole position. O balanço desse desempenho é que ele já ocupa o quinto lugar
na tabela de pontos, com 124 pontos. Outros vencedores do fim de semana foram
Charles Weerts (Corrida 1) e David Schumacher (Corridas 2 e 4). As próximas
etapas, ambas com quatro provas cada uma, acontecem dias 23 e 24 deste mês em
Yas Marina, e 2 e 3 de março em Dubai. Por enquanto o líder da temporada é o
belga Weerts, que tem 210 pontos, contra 195 do alemão.
Moças dão lugar às crianças
A eliminação das grid girls, uma das decisões mais
contestadas já tomadas pela Liberty Media, a atual administradora e
proprietária da F-1, ganhou contornos ainda mais curiosos no final da tarde de
ontem quando a empresa anunciou que a partir deste ano os pilotos formarão o
grid na companhia de meninos e meninas selecionados por seus resultados em
competições de kart nos país de cada GP. Em outras palavras, um gesto já por
demais conhecido nas partidas de futebol.
Até o momento foram raras as vozes que defenderam a
extinção das meninas do grid; a maioria dos que expressaram opinião a respeito
declarou-se contrária à medida, incluindo-se muitas mulheres. Em época do
politicamente correto e em meio a uma avalanche de movimentos de empoderamento
feminino, a Liberty Media ergueu um muro de moralismo ao justificar que a
sociedade atual não permite mais que moças bonitas apareçam segurando placas
com o nome dos pilotos. Não parece nada mais que uma atitude exacerbada e
desproporcional de quem procura se garantir de processos e acusações cada vez
mais bizarras em nome do politicamente correto.
Bate-rust
Prova mais tradicional do calendário automobilístico da
Austrália, as 12 horas de Bathrust deste ano acabou cerca de 20 minutos antes
do previsto e foi marcada por uma série de acidentes ao logo do Circuito do
Monte Panorama, circuito de 6,2 km e em meio a estradas locais consideradas
estreitas para os padrões atuais de pistas de corrida. Na competição do fim de
semana uma série de acidentes implicou no uso do Safety-car e na última hora um
choque envolvendo quatro carros acabou antecipando a exibição da bandeira
quadriculada.
Sobreviventes vitoriosos: Vanthoor (E), Stuart e Frijns,
os vencedores de Bathrust (Audi)
A vitória foi do Audi tripulado por Robin Frijns
(Holanda)/Stuart Leonard (Grã-Bretanha)/Dries Vanthoor (Bélgica).
A prova foi
válida como etapa de abertura do Intercontinental GT Challenger. Augusto Farfus
Jr participou da prova mas foi obrigado a desistir quando o alemão Marco
Wittmann se envolveu em um acidente na manhã de domingo quando o BMW M6 GT3
ocupava a quarta colocação. Você encontra o resultado completo da prova
clicando neste link.
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